Alice Walton. Quem é a mulher mais rica do mundo?


Alice Walton foi considerada pela Forbes, a mulher mais rica do mundo. Nasceu já herdeira. No entanto, não se encostou aos negócios de família. Apesar de ter estudado Economia, a sua paixão sempre foi a arte. Já disse que nunca fez nada que soubesse, talvez seja por isso que acredita estar sempre a aprender


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Aos 75 anos, Alice Walton, a única filha do fundador do Walmart, Sam Walton, ultrapassou a francesa Françoise Bettencourt Meyers e reconquistou, em setembro, o lugar de mulher mais rica do mundo com uma fortuna avaliada em 89,1 mil milhões de dólares. Lembre-se que a empresária conquistou este «pódio» pela primeira vez em 2022. A herdeira da L’Oréal tem atualmente um património avaliado em cerca de 88,4 mil milhões de dólares.
No ranking geral, segundo a Forbes, Walton é agora a 18ª pessoa mais rica do mundo, ficando um lugar atrás do seu irmão Rob Walton. É importante salientar que as ações da Walmart subiram 47% até à data, enquanto a L’Oréal desceu 13% durante o mesmo período.
A Forbes recorda ainda que apesar de terem vendido mais de 22 mil milhões de dólares em ações da Walmart, durante a última década, e de terem doado mais de 11 mil milhões de dólares em ações do retalhista, os herdeiros de Sam Walton ainda detêm quase 46% da empresa fundada pelo pai, «devido a significativas recompras de ações que impediram que a participação da família fosse diluída».
Além disso, a revista americana de negócios e economia calcula que três quartos das ações do clã estão divididos equitativamente entre Alice Walton e os seus irmãos Jim e Rob Walton, que valem 95,9 mil milhões de dólares e 94,2 mil milhões de dólares, respetivamente. «A maior parte do restante capital pertence aos herdeiros do seu irmão John Walton (falecido em 2005): a viúva Christy Walton e o filho Lukas Walton, que valem 16,4 mil milhões de dólares e 33,9 mil milhões de dólares, respetivamente», detalha.

Da economia às artes
Mas afinal, quem é Alice Walton e qual o seu percurso? Nascida no estado do Arkansas, nos EUA, a empresária foi criada juntamente com os seus três irmãos. Desde jovem que mostrou interesse em várias áreas além dos negócios da família. O seu amor pelas artes surgiu aos 10 anos. Com a sua mãe, pintava aguarelas nas viagens de acampamento que faziam em família. A primeira obra de arte que comprou, ainda jovem, foi uma impressão do Blue Nude de Picasso. Custou-lhe cinco semanas de mesada.
Walton formou-se em Economia e Finanças na Trinity University, em San Antonio, Texas, em 1971. Depois, trabalhou durante algum tempo no Walmart na área de compras de roupas infantis, mas não foi preciso muito para se focar noutras paixões antigas, como arte e filantropia.
Alice casou-se em 1974 com um banqueiro de investimentos do Louisiana e morou em Nova Orleans. Após o divórcio em 1977, retornou a Bentonville. Nessa altura, o seu pai havia comprado alguns bancos pequenos na zona, e a filha tornou-se gerente dos portefólios de investimento desses mesmos bancos que foram posteriormente fundidos para formar o Arvest Bank. Acabou por se casar novamente, mas mais uma vez sem sucesso. O casamento durou pouco. Walton comprou então algumas terras e desenvolveu um rancho onde criou cavalos de exposição competitivos. Era uma ávida amante de cavalos e tinha olho para determinar quais filhotes de dois meses se tornariam campeões nas corridas. Em 2015 acabou por vender a fazenda.

Interessada e generosa
«Quero criar oportunidades que ajudem pessoas e comunidades a realizar os seus sonhos. É a alegria da minha vida, é um privilégio poder fazer isso», lê-se no site oficial da sua fundação. Alice Walton está comprometida em «aumentar o acesso às artes, melhorar a educação, melhorar a saúde e promover oportunidades económicas para todos». Aliás, em todo o seu trabalho filantrópico, dedica-se a promover a diversidade e o acesso equitativo.
Em 2005, fundou o Museu de Arte Americana Crystal Bridges da família, na cidade natal de Bentonville, Arkansas. A empresária, doou a sua coleção de arte particular (avaliada em 500 milhões de dólares) para formar a base da coleção Crystal Bridges, e a família Walton doou 120 acres de terra no centro de Bentonville, Arkansas, como o local para o museu. Projetado pelo renomado arquiteto Moshe Safdie, o museu foi aberto ao público em 11 de novembro de 2011. Em 2021, passou as rédeas do museu à mulher do seu sobrinho Tom Walton, Olivia Walton. A coleção de arte do museu abrange cinco séculos de obras-primas americanas, do início da América até à atualidade, e é enriquecida por exposições temporárias. Em 2020, a Crystal Bridges abriu um local satélite, o Momentary, com foco em artes visuais e cénicas contemporâneas.
Com base no sucesso da Crystal Bridges na partilha de obras de arte americanas, em 2017, Alice Walton criou a Art Bridges Foundation «para expandir o acesso à arte americana em todo o país, especialmente em comunidades rurais e de pequeno e médio porte, onde os museus geralmente enfrentam dificuldades». O objetivo é «tirar a arte dos cofres e colocá-la diante das pessoas em todo o país». Também em 2017, fundou a Alice L. Walton Foundation, uma organização filantrópica sem fins lucrativos comprometida em aumentar o acesso às artes, melhorar a educação, melhorar a saúde e promover oportunidades económicas para todos.
Além disso, a empresária é membro da Walton Family Foundation, que trabalha em três áreas: melhorar a educação do ensino fundamental e médio, proteger rios e oceanos e as comunidades que eles apoiam, e investir na sua região natal.

A pensar no futuro
Segundo o site oficial da sua fundação, em 2019, Alice fundou o Heartland Whole Health Institute, «uma organização sem fins lucrativos focada em melhorar a saúde e o bem-estar para todos». O Instituto esforça-se para «criar mudanças fundamentais na maneira como comunidades, empregadores e sistemas de saúde trabalham juntos para ajudar os indivíduos a assumir o controlo da sua saúde e vivê-la de uma forma mais plena e significativa». Além do instituto, foi anunciada recentemente a formação de uma nova organização sem fins lucrativos, a Escola de Medicina Alice L. Walton, que «dará suporte à visão mais ampla de Alice sobre como o poder das artes, da natureza, de espaços bem projetados e de uma abordagem de saúde integral podem afetar o bem-estar».
A milionária terá investido 5,7 mil milhões de dólares em cinco fundações familiares de beneficência que distribuíram mais de 1,1 mil milhões de dólares dos fundos. «Uma iniciativa que inclui mais de 377 milhões de dólares que a Fundação Art Bridges gastou na aquisição e empréstimo de obras de arte americana a mais de 230 museus em todo o país desde a sua fundação em 2016. Entretanto, a sua nova Escola de Medicina Alice L. Walton prevê receber a primeira turma em Bentonville em 2025», escreve a Forbes.
A visão e a liderança filantrópica de Alice Walton levaram a vários elogios: recebeu a Medalha dos Arquivos de Arte Americana da Smithsonian Institution; a Medalha John Cotton Dana por Liderança Visionária em Museus; o Prémio Leonore e Walter Annenberg por Diplomacia por meio das Artes; e a Medalha Getty por contribuições às Artes e Humanidades. Foi também reconhecida pela revista TIME em 2012 como «uma das pessoas mais influentes do mundo» e foi introduzida no Hall da Fama do Fórum Internacional de Mulheres, em 2018.

O ponto fraco de Alice
Mas, como sabemos, toda a gente falha e Alice não é apenas conhecida pelo seu amor pelas artes e pela sua generosidade. A milionária é também conhecida pelos acidentes de viatura que já teve… Que não foram poucos. De acordo com a Encyclopedia of Arkansas, em 1983, enquanto estava de férias no México, destruiu o seu Jeep alugado e partiu as pernas. Na manhã de 4 de abril de 1989, estava a conduzir o seu Porsche, em Fayetteville, Washington, quando atropelou e matou uma pedestre, Oleta Hardin, de 50 anos. Embora Walton estivesse, segundo alguns relatos, em alta velocidade (e teria sido multada por excesso de velocidade no ano anterior), o incidente foi registado como «um acidente sem culpa». Em 1998 foi multada por conduzir embriagada após um acidente de carro que destruiu seu SUV. Pagou uma multa de 925 dólares e, em 2011, chegou a ser presa no Texas por conduzir sob influência de álcool. No entanto, segundo os meios de comunicação internacionais, o polícia que a prendeu acabou por ser suspenso e o promotor distrital «permitiu que o prazo de prescrição das acusações expirasse».