Musk, o Super Presidente


Elon, leitor compulsivo das histórias dos super-heróis da Marvel, comprou, com 100 milhões de dólares doados à campanha de Trump, um lugar no Inner Circle da corte de Mar-a-Lago, a casa de Branca de Inverno, onde é tecida a história do futuro dos EUA e dos arredores, o mundo.


Musk participa nos telefonemas dos obrigados e agradecidos, começando pelos chefes de Estado e de Governo. Nos primeiros da fila está Zelensky. Musk qualificou, publicamente, a propósito do plano para a vitória, o Presidente ucraniano como tendo “um maravilhoso sentido de humor”. Musk promove, em sucessivas publicações no X, candidaturas de amigos e conhecidos a lugares na Administração Trump e intriga contra os candidatos propostos pela equipa de transição dos Republicanos. Musk, que está nomeado para chefiar um órgão da Administração que ainda não existe (Department of Government Efficiency, DOGE), anuncia o corte de empregos na Administração federal (75%) e a redução do orçamento federal (diminuição de 2 triliões de dólares no actual total de 7, um trilião correspondendo, nos EUA, a 1 milhão de milhões, para referência: o PIB português atingiu, em 2023, 287 mil milhões de dólares). Musk anuncia ofertas de emprego no DOGE para sobre-dotados que queiram trabalhar mais de 80 horas por semana. Musk mostra a Trump modelos de naves espaciais e leva-o a ver a partida de um foguetão. Musk auto-intitula-se “First best Friend”. Num país que já deu à Casa Branca um First Dog, aguardo com expectativa, a denúncia da usurpação do título, entre nós cunhado, de “melhor amigo do Primeiro Ministro.”

A agenda mediática pós 5 de Novembro está dominada pela palavra e pelos feitos de Musk. Trump surge nas fotografias como o tipo grandalhão e apático, ao lado de um Musk “a fazer coisas”. As comparações são inevitáveis: de um lado Trump, do outro um super herói dos tempos modernos, o homem mais rico do mundo, o colonizador de Marte, o génio que fundirá as tecnologias da informação com o cérebro humano, um implante de cada vez. Em qualquer parâmetro que seja objecto de comparação, Trump é Clark Kent sem acesso a uma cabine telefónica e Musk é o Super Presidente, o super herói da vida real com quem todos se querem identificar (se não todos, certamente muitos mais do que os eleitores de Trump).

Os dois indigitados líderes do DOGE, Musk e Ramaswamy (um milionário no sector da biotecnologia) beneficiaram e beneficiam de subvenções, financiamentos, apoios e projectos pagos com verbas da Administração federal. Se passarem a integrar essa mesma Administração passarão a estar legalmente impedidos de tomar decisões que os possam beneficiar directa ou indirectamente. A título de exemplo ficarão sob suspeita propostas ou decisões de maior alocação de verbas públicas a departamentos da Administração que financiem (com empréstimos, verbas a fundo perdido, compras, créditos à exportação, apoios à criação e manutenção de emprego qualificado) ou apoiem (por via de benefícios ou créditos fiscais) a Tesla, a SpaceX, X e outras empresas detidas ou controladas por Musk ou por Ramaswamy. Actualmente Musk tem contratos com a Administração Federal no valor de vários milhares de milhões de dólares e tem atribuídos benefícios fiscais e créditos regulatórios para veículos eléctricos no valor de muitas centenas de milhões de dólares.

Musk não será um First best Friend forever. Mais cedo do que tarde, Trump, narcisicamente movido pelo monstro verde da inveja, retomará o controlo do palco mediático e afastará o protagonista Musk. Nessa altura Elon será o candidato melhor colocado para ganhar as eleições presidenciais em 2028. Já faltou mais.

Musk, o Super Presidente


Elon, leitor compulsivo das histórias dos super-heróis da Marvel, comprou, com 100 milhões de dólares doados à campanha de Trump, um lugar no Inner Circle da corte de Mar-a-Lago, a casa de Branca de Inverno, onde é tecida a história do futuro dos EUA e dos arredores, o mundo.


Musk participa nos telefonemas dos obrigados e agradecidos, começando pelos chefes de Estado e de Governo. Nos primeiros da fila está Zelensky. Musk qualificou, publicamente, a propósito do plano para a vitória, o Presidente ucraniano como tendo “um maravilhoso sentido de humor”. Musk promove, em sucessivas publicações no X, candidaturas de amigos e conhecidos a lugares na Administração Trump e intriga contra os candidatos propostos pela equipa de transição dos Republicanos. Musk, que está nomeado para chefiar um órgão da Administração que ainda não existe (Department of Government Efficiency, DOGE), anuncia o corte de empregos na Administração federal (75%) e a redução do orçamento federal (diminuição de 2 triliões de dólares no actual total de 7, um trilião correspondendo, nos EUA, a 1 milhão de milhões, para referência: o PIB português atingiu, em 2023, 287 mil milhões de dólares). Musk anuncia ofertas de emprego no DOGE para sobre-dotados que queiram trabalhar mais de 80 horas por semana. Musk mostra a Trump modelos de naves espaciais e leva-o a ver a partida de um foguetão. Musk auto-intitula-se “First best Friend”. Num país que já deu à Casa Branca um First Dog, aguardo com expectativa, a denúncia da usurpação do título, entre nós cunhado, de “melhor amigo do Primeiro Ministro.”

A agenda mediática pós 5 de Novembro está dominada pela palavra e pelos feitos de Musk. Trump surge nas fotografias como o tipo grandalhão e apático, ao lado de um Musk “a fazer coisas”. As comparações são inevitáveis: de um lado Trump, do outro um super herói dos tempos modernos, o homem mais rico do mundo, o colonizador de Marte, o génio que fundirá as tecnologias da informação com o cérebro humano, um implante de cada vez. Em qualquer parâmetro que seja objecto de comparação, Trump é Clark Kent sem acesso a uma cabine telefónica e Musk é o Super Presidente, o super herói da vida real com quem todos se querem identificar (se não todos, certamente muitos mais do que os eleitores de Trump).

Os dois indigitados líderes do DOGE, Musk e Ramaswamy (um milionário no sector da biotecnologia) beneficiaram e beneficiam de subvenções, financiamentos, apoios e projectos pagos com verbas da Administração federal. Se passarem a integrar essa mesma Administração passarão a estar legalmente impedidos de tomar decisões que os possam beneficiar directa ou indirectamente. A título de exemplo ficarão sob suspeita propostas ou decisões de maior alocação de verbas públicas a departamentos da Administração que financiem (com empréstimos, verbas a fundo perdido, compras, créditos à exportação, apoios à criação e manutenção de emprego qualificado) ou apoiem (por via de benefícios ou créditos fiscais) a Tesla, a SpaceX, X e outras empresas detidas ou controladas por Musk ou por Ramaswamy. Actualmente Musk tem contratos com a Administração Federal no valor de vários milhares de milhões de dólares e tem atribuídos benefícios fiscais e créditos regulatórios para veículos eléctricos no valor de muitas centenas de milhões de dólares.

Musk não será um First best Friend forever. Mais cedo do que tarde, Trump, narcisicamente movido pelo monstro verde da inveja, retomará o controlo do palco mediático e afastará o protagonista Musk. Nessa altura Elon será o candidato melhor colocado para ganhar as eleições presidenciais em 2028. Já faltou mais.