A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, recusou-se a comentar a situação do INEM, apesar das recentes controvérsias em torno de falhas no serviço de emergência médica. “Eu compreendo que queiram falar sobre o INEM, mas eu não vou falar sobre o INEM”, afirmou, à entrada para uma sessão do roteiro “Orçamento do Estado 2025 – Portugal no Bom Caminho”, em Braga.
A polémica aumentou com declarações do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que sugeriu uma possível privatização do INEM, após a ministra mencionar que gostaria que o INEM fosse “apenas um coordenador e não prestador” de serviços. Para Pedro Nuno Santos, esta afirmação indica que a ministra está “a desistir do INEM” e que, aparentemente, a solução seria “privatizar a prestação da emergência médica em Portugal”.
Em resposta a essas declarações, Ana Paula Martins manteve a posição de não comentar o tema.
O Ministério Público (MP) abriu sete inquéritos sobre mortes que possam estar relacionadas com falhas no socorro do INEM. Além disso, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) iniciou um inquérito para investigar os atrasos no atendimento durante a greve dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) que, entre 4 e 8 de novembro, coincidiu com a greve da função pública.
Pedro Nuno Santos também criticou a gestão do Governo em relação à greve dos TEPH, afirmando que, embora os problemas do INEM não sejam novos, o Governo deveria ter tomado mais precauções, especialmente após o pré-aviso de greve. “Se o Governo achava que há problemas estruturais no INEM, isso significa que, perante um pré-aviso de greve, o cuidado e o alarme do Governo devia ser maior. O que nós tivemos? Negligência, desvalorização”, disse o líder do PS, enfatizando que a greve resultou em uma situação que, “geradora de mortes”, poderia ter sido evitada.
Em relação à ministra, Pedro Nuno Santos foi questionado sobre se a dirigente tem condições para permanecer no cargo após os acontecimentos no INEM. Respondeu que essa é uma decisão que “a própria e o primeiro-ministro têm de fazer”, acrescentando que o PS não concentra a sua atuação em pedir demissões.
Além disso, Pedro Nuno Santos criticou o governo pela gestão da saúde, mencionando problemas como o fecho de urgências de obstetrícia e o insucesso do concurso de médicos. “A gestão da emergência médica é assustadora com graves consequências para os portugueses”, afirmou, referindo ainda que a perspectiva de saúde do atual Governo é “profundamente errada”.
Na terça-feira, Ana Paula Martins já havia expressado a esperança de que a Inspeção-Geral da Saúde realizasse uma “avaliação profunda” sobre os serviços mínimos cumpridos durante a greve do INEM, afirmando que “foi feito tudo o que era possível”.