André Freire, politólogo e professor de Ciência Política do Iscte-IUL, morreu na quarta-feira, 30 de outubro, aos 63 anos. O comentador da RTP que se situava à esquerda, tendo-se candidatado a deputado pelo Livre/Tempo de Avançar para as legislativas de 2015, perdeu a vida durante uma intervenção cirúrgica a um ombro no Hospital da Luz, em Lisboa. A cirurgia fora programada após infeção numa prótese, mas havia sido adiada pelo próprio devido ao lançamento de um livro. No pós-operatório, de acordo com o hospital, Freire sofreu uma paragem cardiorrespiratória e foi transferido para os cuidados intensivos do Hospital São Francisco Xavier, onde acabou por morrer.
Diretor do Observatório da Democracia e da Representação Política do ISCTE, tinha acabado de dar à estampa o livro Eleições, Partidos e Representação Política, com selo da Gradiva, que apresentara na Biblioteca Municipal de Alcântara, no dia 28 de outubro. Deixa ainda uma série de estudos publicados sobre as atitudes e comportamentos dos eleitores, as instituições políticas e a representação política. Sobre estes assuntos publicou abundantemente, tanto nacional como internacionalmente, em livros e revistas académicas. Foi colunista regular do jornal Público, de 2006 até janeiro de 2016, e do Jornal de Letras, de maio de 2017 a abril de 2022, além de várias outras colaborações ocasionais na imprensa, rádio e TV. Foi ainda perito e consultor convidado de várias instituições nacionais (FCT, A3ES, DGAI-MAI, AR, etc.) e internacionais (COST, Comissão Europeia, Conselho da Europa – Programa Co-Acte, etc.) para os assuntos ligados ao ensino superior e à investigação em Ciências Políticas.
Nascido 25 de abril de 1961, licenciou-se em Sociologia no Iscte-IUL em 1995. Foi pioneiro na criação dos estudos eleitorais em Portugal com base em inquéritos de opinião pós-eleitorais, em 2002 e 2005. Em 2004, concluiu o doutoramento em Ciências Sociais na Universidade de Lisboa. Numa nota de pesar, o CIES-Iscte destaca o «legado de excelência e inspiração para todos os que tiveram o privilégio de trabalhar» ao lado de André Freire, que «foi mentor de várias gerações de estudantes e investigadores, partilhando generosamente o seu vasto conhecimento e fomentando o pensamento crítico e rigor académico».
