Uma semana depois da comunidade de Valência ter sido atingida por fortes chuvas e inundações, associadas à Depressão Isolada em Níveis Altos, conhecida por DANA, as autorides continuam à procura de centenas de desaparecidos e o número de mortes não pára de aumentar. Entre ruas bloqueadas, tentativas de resgate, locais sem eletricidade, água corrente ou linha telefónica estável, a indignação da população aumenta pela falta de resposta.
O grito de revolta dos moradores das zonas afetadas de Valência fez-se ouvir no passado domingo, aquando da visita do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e dos reis de Espanha a Paiporta, uma das áreas mais atingidas pelas inundações. Entre arremessos de lama e objetos, insultos e queixas de falta de apoio, o chefe do Governo acabou por abandonar o local mais cedo. Na causa da indignação está a demora exagerada na reação e o aviso tardio à população, mas o Governo espanhol acredita que também existiram pessoas organizadas ligadas à extrema-direita.
As responsabilidades ainda estão por apurar, mas os ataques e contraataques entre o Governo central e regional continuam. De um lado, Carlos Mazón, presidente da Comunidade Valenciana, que atribui a responsabilidade pela gestão imediata da crise da DANA ao governo central e aos comandos militares. Segundo Mazón, a Confederação Hidrográfica de Júcar (CHJ) é culpada pelo envio tardio do alerta para os telemóveis. No entanto, dados da Confederação Hidrográfica desmentem estas afirmações.
Da parte da Unidade Militar de Emergências (UME), o chefe-general Javier Marcos garantiu ao El País que “desde o primeiro momento, todas as capacidades das Forças Armadas foram postas ao serviço da comunidade valenciana” e atira: “Posso ter 1.000 soldados na porta de emergência, mas não posso entrar legalmente até que o diretor da emergência me autorize”.
O líder da oposição espanhola Alberto Núñez Feijóo (PP), pediu esta segunda-feira uma declaração de emergência nacional devido à catástrofe DANA, sugerindo que o Governo central assuma o controlo em vez da Generalitat, liderada por Carlos Mazón.
Enquanto Valência tenta reerguer-se e regressar à normalidade, o risco de chuva e inundações em Espanha continua. Em Barcelona, as autoridades emitiram um alerta vermelho para o “perigo extremo” devido às chuvas torrenciais, que já causaram inundações no Aeroporto El Prat, autoestradas encerradas e a suspensão de circulação de comboios suburbanos.