A divulgação dos resultados das eleições de 9 de outubro deixou Moçambique em estado de sítio, ficando marcada por acusações de fraude e pelo assassínio de apoiantes da oposição. A Comissão Nacional de Eleições deu a vitória ao candidato da Frelimo, Daniel Chapo, com 70,6% dos votos, o candidato independente Venâncio Mondlane obteve 20,3% dos votos e o candidato da Renamo, Ossufo Momade, foi terceiro com 5,8%. A Frelimo conquistou também 195 dos 250 mandatos para o parlamento. Após o anúncio dos resultados, os moçambicanos saíram à rua em várias cidades em protesto contra aquilo que consideram ser uma fraude da Frelimo, partido que está no poder desde 1975. A plataforma eleitoral Decide, uma ONG moçambicana, disse que 47 pessoas foram baleadas durante as manifestações, 11 acabaram por morrer, e foram feitas 464 detenções. O partido Podemos apresentou no Conselho Constitucional um recurso contra os resultados das eleições, e deu a conhecer uma contagem paralela em que Venâncio Mondlane obteve 53,3% dos votos em 70% das atas e editais. Também o líder da Renamo e candidato presidencial Ossufo Momade afirmou que não reconhece os resultados das eleições: «Exigimos a anulação destas fraudulentas eleições em nome da democracia e da vontade do povo», disse. Não são só os partidos da oposição que falam em fraude eleitoral. A União Europeia (UE) pediu à Comissão Nacional de Eleições (CNE) a publicação das atas eleitorais para melhorar a transparência do ato eleitoral. «Incentivamos a CNE a publicar os resultados desagregados por mesa de moto na sua página oficial da internet de modo a melhorar a transparência do processo eleitoral e salvaguardar a integridade dos resultados» afirmou uma porta-voz da Comissão Europeia. A missão de observação da UE tinha referido que detetou irregularidades durante a contagem dos votos e a alteração injustificada dos resultados eleitorais nas mesas de voto.
Moçambique. Oposição e UE pedem transparencia
A Frelimo venceu as eleições gerais em Moçambique, mas a oposição fala em fraude e a União Europeia coloca em causa a transparência do sufrágio.