As eleições gerais em Moçambique, realizadas na quarta-feira, elegeram o novo Presidente da República, que vai tomar o lugar de Filipe Nyusi, e escolheram os 250 deputados da Assembleia Nacional e os 794 representantes das assembleias e governadores provinciais. Estavam recenseados 17.163.686 eleitores, incluindo 333.839 em sete países africamos e dois europeus (Portugal e Alemanha). A legislação eleitoral diz que a publicação dos resultados finais pela Comissão Nacional de Eleições pode demorar até 15 dias.
Os moçambicanos esperam que estas eleições tragam verdadeiras mudanças a nível económico – 60% da população vive numa situação de pobreza – e aumentem a segurança perante a ameaça jihadista na província de Cabo Delgado. A contagem de votos começou com alguma desconfiança por parte do principal partido da oposição. Com base nos resultados das atas e editais da votação nas grandes cidades há uma tendência de voto para dois candidatos: Daniel Chapo, nome escolhido pelo Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido que está no poder desde a independência em 1975, e Venâncio Mondlane, candidato independente apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) e Revolução Democrática (RD). Os resultados são, naturalmente, provisórios, até porque faltam as zonas rurais. Apesar disso, um observatório dito independente, mas que foi criado por apoiantes da Frelimo, passou ontem a informação de que o partido saiu vencedor. Mas não foi o único. «Temos uma tendência de voto de 65% para Venâncio Mondlane e 60% para o partido Podemos. Eu sou a preferência para a presidência da república e o Podemos é o partido com maioria parlamentar. Isto é um ponto assente», afirmou Venâncio Mondlane. Os outros candidatos à presidência são Ossufo Momade, que representa a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o maior partido da oposição, e Lutero Simango candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Concorreram às eleições para a Assembleia Nacional 37 partidos políticos ou coligações, com destaque para a Frelimo, Renamo e MDM, que tinham assento parlamentar na anterior legislatura.
O processo eleitoral ficou também marcado por alguns incidentes e denúncias de irregularidades por parte da Renamo, nomeadamente o uso de urnas sem tampas e a exclusão de membros de mesas de voto, mas a Comissão Nacional de Eleições garantiu que não houve irregularidades. Já as missões de Observadores falaram da normalidade em que decorreu o ato eleitoral, referindo alguns atrasos na abertura das mesas e situações em que a contagem de votos decorreu quase às escuras por insuficiência de luz elétrica. Segundo dados oficiais, foram credenciados para acompanhar as eleições 11.516 observadores moçambicanos e 412 observadores internacionais.