AR quer gays, ciganos e migrantes na PSP

AR quer gays, ciganos e migrantes na PSP


O Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia considera que a recomendação da Assembleia da República é inconstitucional.


A história está a agitar os bastidores das forças de segurança, bem como do partido mais à direita no Parlamento, o Chega. No passado dia 27 de setembro, a Assembleia da República aprovou uma recomendação ao Governo, que pede que o Executivo de Luís Montenegro «desenvolva campanhas de recrutamento para as forças de segurança» dirigidas às comunidades LGBT+, migrantes, afrodescendentes ou ciganos. A AD absteve-se, o Chega votou contra e os restantes partidos votaram a favor.

Vamos então ao que pensam os polícias. Bruno Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia (SNOP), não é nada meigo com a recomendação: «O SNOP considera a recomendação algo escabrosa e, pese embora a ausência de normatividade, como ferida de flagrante inconstitucionalidade ao querer discriminar positivamente pessoas em função da sua cor, das suas origens ou das suas opções de vida. O Estado não deve olhar a isso quando recruta para a Polícia ou para qualquer outra organização pública. Na Polícia queremos apenas cidadãos que, cumprindo os critérios legais e habilitações de acesso, queiram verdadeiramente abraçar esta nobre carreira que luta pela proteção e segurança dos nossos cidadãos. Tudo o mais é espúrio e serve apenas para alimentar uma conversa sem objeto ou um qualquer zeitgeist sem sentido».

Todos, todos, todos

Já Pedro Clemente, antigo diretor-nacional adjunto e ex-inspetor-geral da PSP, e atual professor universitário, considera que a recomendação merece uma leitura mais compreensiva. «Se a homossexualidade fosse proibida nas forças de segurança não havia casais casados do mesmo sexo. Ninguém é excluído nem prejudicado na carreira por esse facto. Há uma cultura organizacional interna tolerante».

Para Clemente, «ninguém pode ser impedido de entrar, mas também não pode ser beneficiado por ser de uma comunidade específica. O importante é o bom desempenho profissional».

«Sempre que a PSP abre um concurso de admissão, deve transmitir isso às comunidades étnicas para saber se há interessados. Mas há uma questão muito importante no que diz respeito a migrantes dentro da PSP e GNR. A admissão é exclusiva, e bem, a quem tem nacionalidade portuguesa. Estas histórias têm de ser vistas no seu todo. Sempre defendi que a PSP deve ser o rosto da sociedade. As forças de segurança devem ter coesão, mas tem de haver uma unidade na diversidade. E isso é cultivado na PSP. Não quer isto dizer que se possa ignorar a cultura organizacional, não podemos permitir que quem vem de fora queira mudar a cultura dominante». Clemente termina citando o Papa: «As forças de segurança devem ser de todos, todos, todos».