A extrema-esquerda portuguesa, à semelhança da mundial, convive muito mal com a democracia, não se distinguindo da extrema-direita. São farinha do mesmo saco, mas a extrema-esquerda goza de uma simpatia incompreensível de boa parte da comunicação social.
Os exemplos são muitos, mas quando há manifestações dos dois grupos extremistas a isenção jornalística, muitas vezes, é deitada às malvas. Não é segredo nenhum que o PCP tentou ‘sequestrar’ as comemorações do 25 de Abril, como se a data lhe pertencesse, reagindo mal à presença de qualquer pessoa que estivesse à direita do PS. As coisas mudaram um pouco e até a Iniciativa liberal já tem o seu desfile, mas não foi fácil.
Nos últimos dias, numa manifestação organizada por algum coletivo, a nova palavra/capa do PCP e, principalmente, do BE, a vereadora da Habitação da autarquia de Lisboa foi informada de que a sua presença não era vista, já que estava ali por “puro oportunismo político”. Filipa Roseta teria acabado de dar conta dos números da Câmara no que diz respeito à habitação, explicando que o atual executivo camarário já fez muito mais do que os anteriores.
“Não é bem-vinda”, disse André Escoval do movimento Porta a Porta. O mesmo dirigente que nada disse sobre a presença de Mariana Mortágua, do BE, Paulo Raimundo, do PCP, e Isabel Mendes Lopes, do Livre. Esta rapaziada acha-se dona das causas e mesmo que se prove que são eles os culpados de promoverem o miserabilismo, assobiam para o lado e sentem-se os donos do jogo. O descaramento é tanto que a líder do BE teve a distinta lata de atacar Carlos Moedas por este ter dito que grupos de extrema-esquerda se aproveitam das comunidades de sem-abrigo. Bastava a Mariana Mortágua se mascarar e ir até ao largo da Igreja dos Anjos para perceber que são os coletivos, que tão bem conhece, que impedem os migrantes sem-abrigo de serem reencaminhados para lugares com alguma dignidade, seja um antigo quartel ou um antigo armazém transformados em lugares de abrigo temporário. Há uns meses uma jornalista do i ligava-me quase em pânico porque estava a fazer uma reportagem no local e foi impedida de falar, por coletivos, com migrantes que desejavam contar a sua situação. São esses arruaceiros que compram tendas para mostrar ao mundo que Lisboa está uma desgraça, pois vivem da desgraça dos outros para terem votos, quando são eles próprios que promovem a desgraça. Quem tiver dúvidas que fale com associações independentes que trabalham com sem-abrigo e eles explicam tudo.