Uma paixão que nunca morre

Uma paixão que nunca morre


Alimentados pelo espírito da competição, os grandes construtores estão envolvidos nas corridas desde os primórdios do automóvel. Há 130 anos que os motores estão no redline.


As corridas em pista ou em estrada são tão antigas quanto o aparecimento do automóvel. A primeira corrida realizou-se em 1894 entre Paris e Rouen, num trajeto de 126 km, onde participaram 21 pilotos, e que foi chamada de “Les Voitures sans Chevaux”, literalmente as carruagens sem cavalos. O primeiro a chegar foi Jules-Albert, conde de Dion, que alinhou com um De Dion-Bouton e fez o percurso em 6 horas e 48 minutos a uma média inferior a 20 km/h. Desde então, homens e máquinas têm procurado a glória nas mais exigentes e perigosas corridas.

As marcas investem largos milhões no desporto automóvel com o objetivo de ganhar notoriedade – veja-se o caso da Aston Martin e da Ferrari, que criaram a sua imagem graças aos sucessos desportivos a partir dos anos 40 –, mas também porque a competição serve de laboratório para desenvolver novas tecnologias e é “gasolina” para alimentar o marketing, que muitas vezes aproveita as vitórias para criar séries especiais limitadas para melhorar a sua imagem de marca. Sem as corridas, a inovação no setor automóvel nunca teria atingido o nível que atingiu e o automóvel teria avançado mais lentamente.

Nasceu para vencer

Nesta odisseia com mais de um século há marcas que ficam na história pelo seu palmarés desportivo na Fórmula 1, do mundial de ralis e da resistência, onde aparecem as 24 Horas de Le Mans, que valem mais do que um campeonato. Sem surpresa, a Ferrari é a número um. Foi a divisão desportiva designada por Scuderia Ferrari que tornou a marca famosa. É o único fabricante que participou em todas as temporadas de Fórmula 1 desde 1953. Durante estes 71 anos, a marca do Cavallino Rampante ganhou 16 campeonatos de construtores e 15 de pilotos e venceu 246 grandes prémios. Teve várias épocas de ouro, a mais impactante foi com Michael Schumacher entre 2000 e 2004, quando venceu cinco títulos mundiais consecutivos. A Ferrari dominou também o campeonato de resistência nas décadas de 1950 e 1960 e venceu as 24 Horas de Le Mans 11 vezes.

A Mercedes ficou conhecida no desporto automóvel pelo apelido de Silver Arrows. A história tem por base o Mercedes W25, que venceu a corrida de Nürburgring em 1934. A pintura branca fazia com que o carro ficasse mais pesado um quilo, foi então que a equipa decidiu remover a tinta para tirar peso e a carroçaria ficou com a cor prateada do alumínio. A Mercedes dominou a Fórmula 1 com Juan Manuel Fangio e Sir Stirling Moss nos anos 50. Outro triunfo memorável foi a vitória no exigente Paris-Dakar em 1993 com o Mercedes-Benz 280 GE.

Depois de um longo interregno, regressou à competição em 1989 para vencer as 24 Horas de Le Mans e conquistar vários títulos de construtores na resistência. A aposta na Fórmula 1 em 2010 foi claramente vencedora, pois conquistou oito títulos de construtores e sete de pilotos com Lewis Hamilton.

A Porsche é outro construtor com uma forte presença na competição, sendo recordista de vitórias nas míticas 24 Horas de Le Mans, com 19 triunfos. É também a marca com mais vitórias nas competições de GT, onde as várias gerações do 911 fazem deste modelo o mais vitorioso no mundo. Podemos obviamente referir outras marcas, como a Toyota, que tem uma polivalência verdadeiramente impressionante, ganhando em (quase) tudo em que entra… só falhou na Fórmula 1. A marca japonesa tem sete títulos mundiais de ralis e cinco nas corridas de Endurance, e venceu por diversas vezes tão específicas como as 24 Horas de Le Mans e o Dakar.