Ver e ler nas costas dos outros a nossa própria condição


A invocação do livro «Inês e a Alegria» de Almudena Grandes e a da série televisiva denominada Kleo, da Netflix, e, bem assim, dos problemas que, para os espanhóis e alemães, resultaram da mudança de vida que, em momentos diferentes, em ambos os países se deu, pode – com as devidas diferenças – explicar melhor…


1. Vivemos, na Europa, dias confusos e desanimados.

Dias em que as pessoas andam desorientadas, temerosas, desconfiadas.

Dias de desesperança e que, para a grande maioria, só podem ser navegados à vista.

Dias que dependem dos ciclos eleitorais e dos óbolos que os que estão no poder oferecem para o manterem.

Dias em que que muitos que estão na oposição e querem chegar ao poder prometem mais e mais generosos auxílios do que aqueles que governam ofertaram já.

Dias em que tanta generosidade inusitada não se verte em direitos nem assegura que estes se enraízem e cresçam, como resultado de uma governação politicamente pensada e direcionada à sua concretização perene.

Dias, enfim, em que o que acontece hoje de «piedoso» pode não se repetir amanhã e em que o amanhã é tão incerto que mais vale viver cada dia independentemente dele.

Dias em que o bom senso e a justiça admitem, porém, ser possível criar condições para que, através dos direitos reconhecidos na lei fundamental de cada país, nas cartas internacionais de direitos e no programa que elas sugerem, garantir a todos uma vida com sentido, que logo comece a ser vivida e que se anteveja sempre melhor num futuro próximo.

2. li, recentemente, um romance da grande escritora espanhola Almudena Grandes que nos revela momentos históricos de desorientação da vida da sociedade espanhola, pós-guerra civil.

Sobre esse período escreveu ela outros belos romances.

O romance a que ora me refiro chama-se «Inês e a Alegria».

Neste, ele aborda a aventura e as circunstâncias da incursão, em 1944, no Valle d´Arán, de um pequeno corpo de exército de quatro mil republicanos espanhóis reunido, em nome da União Nacional Espanhola e do PCE, entre os combatentes dessa nacionalidade que integraram a resistência francesa e as forças regulares do general De Gaulle que ajudaram a libertar a França do jugo nazi.

Para além do relato desse episódio de resistência e que, entre outros objetivos, pretendia congregar o apoio dos exércitos aliados no derrube do franquismo – o que não veio a acontecer – o que mais interessante se descreve em tal livro é, porém, o ambiente de medo, desorientação e desânimo que, após a vitória de Franco e a repressão cruel e generalizada que se lhe seguiu, se vivia em Espanha entre os derrotados da guerra civil.

Foi esse clima tenebroso que levou a que, muitos que antes combateram com bravura pela República espanhola e que, seguidamente, sofreram, durante anos, a massiva e impiedosa repressão franquista a não aderirem àquela ação militar concretizada por muitos e experimentados combatentes espanhóis.

A descrição do terror e do retrocesso civilizacional e moral que tal repressão provocou na sociedade espanhola é, talvez, a parte mais impressionante do livro.

Recordemos que Espanha é o país europeu em que, por causa dessa guerra e, ainda mais, por causa da repressão que se lhe seguiu, mais valas comuns existem.

Almudena Grandes explica bem o desencontro entre as ideias professadas por muitos espanhóis e que os levaram, antes, a combater heroicamente pela República e o desalento e medo que, depois de milhares e milhares de fuzilamentos, torturas e maus-tratos às mãos dos franquistas, os mesmos ex-combatentes interiorizaram.

Relata-se, a certa altura, em tal livro, o discurso revoltado de uma militante antifascista que, tendo sofrido tudo isso, se indignou quando um dos militares e resistente republicano e organizador de tal expedição no Valle d’Arán verberou a cobardia de um conjunto de presos republicanos que, libertados pelos invasores das mãos dos fascistas espanhóis, em vez de alinharem com quem lhes deu a liberdade, fugiram desordenadamente e apavorados.

A sociedade com que os invasores depararam, fruto da violência extrema e da desesperança criada e sofrida pelos vencidos, era, com efeito, já bem diferente daquela que os soldados republicanos vindos de França se recordavam e imaginaram.

O que tal repressão violenta tinha de pior era a capacidade de, pelo terror e chantagem pessoal e familiar, converter muitos valentes ex-combatentes em seres perdedores e sem pinta de dignidade humana e possibilidade de regeneração.

Já sem um ideal em que apoiar o heroísmo e uma visão de um futuro alcançável a curto e a médio prazo, os derrotados da guerra, passados e triturados pela violenta máquina de submissão e chantagem franquistas, apenas desejavam sobreviver cada um por si.

3. Na Netflix, vem sendo exibida a segunda temporada de uma série denominada «Kleo», uma produção alemã que pretende retratar, em traços caricaturais, próprios das historietas dos super-heróis americanos, a desorientação que aflige uma eficiente agente da Stasi – a polícia política da RDA – no período que decorre entre a queda do muro de Berlim e a «unificação» dos dois estados alemães: a RFA e a RDA.

Ao fazê-lo da maneira como o faz, tal série, mais do que ir contando as façanhas destemidas de Kleo, a heroína da série, vai, simultaneamente, rememorando o desalento dos habitantes daquele último país que, tendo pretendido uma mudança no regime que os governava, se depararam, porém, com uma anexação forçada pela RFA que, a partir daí e durante anos, os tratou como cidadãos de segunda e, em geral, como «culpados» de conivência com o regime político da RDA.

Calhou-me ter assistido, numa conferência internacional ocorrida em Berlim já depois da queda do muro, à maneira sobranceira como os juízes da RFA – mesmo os mais progressistas – trataram os seus colegas de leste, que haviam convidado, o que motivou, aliás, a intervenção indignada de um juiz francês, presidente da nossa associação europeia de magistrados.

Retornando à tal série: mesmo que em estilo cómico e caricatural, aí emerge e se explica a frustração de um povo que se vê confrontado com uma mudança de vida radical, em que o individualismo se sobrepõe à cultura de viver juntos com a ideia comum da construção de uma vida melhor para todos.

Muito crítica do regime que vigorava na RDA, cujos traços policiais evidencia constantemente, tal série enumera e faz, porém, um balanço igualmente negativo do processo de reunificação da Alemanha e salienta, ainda, o desalento que o povo daquele país sofreu quando confrontado com a imposição de uma completa mudança de vida, mudança que não era exatamente o que ele esperava da reunificação.

Processo que, de resto, mais se assemelhou a uma anexação por uma potência vencedora de um conflito entre dois países diferentes.

O que de melhor tal série nos mostra é, no entanto, o retrato assumidamente caricatural do confronto entre diferentes modos de vida e de a pensar: na RDA uma vida simples, mas vivida em comunidade e projetada à ideia da construção de uma vida melhor para todos e um outro estilo de vida, a da RFA, em que cada cidadão vivia para si próprio e os seus, mesmo que, do ponto de vista material, vivesse melhor e com menos preocupações.

Descreve, ainda e além disso, o compadrio corruptivo que, já antes, nas vésperas da «unificação», se havia estabelecido entre alguns burocratas e dirigentes de um lado e os burocratas e empresários do outro.  

É nesse confronto e nas contradições que ele gera que nascem, aliás, os melhores gags que a dita série imagina e sugere.

4. A invocação destas duas obras e dos problemas que, para aqueles dois povos, resultaram da mudança de vida que em ambos se deu, pode – com as devidas diferenças – explicar melhor o que, numa outra dimensão, se passa, agora, em muitos países europeus: por exemplo, o nosso.

Acrescendo o facto de Portugal ser um dos estados mais antigos da Europa e de, por isso, o seu povo encarar sempre com algum ceticismo qualquer mudança que bula com o seu estilo de vida, a verdade é que, por outro lado, no pós – 25 de Abril, a rutura político-social e cultural ocorrida chegou a projetar uma nova maneira de estar em sociedade e a fazer nascer a ideia da responsabilidade conjunta pela criação de um futuro melhor para todos.

Hoje, porém, isolados e esmagados pela desvalorização crescente dos salários e dos direitos laborais, muitos portugueses olham para as concessões de bónus extraordinários, que, por vezes lhes dão, como pequenas tábuas de salvação que apenas lhes permitem continuar a viver, dia-a-dia, à tona de água.

 No fundo, todos sabem que a concessão de tal bónus procura, tão somente, esconder a desconsideração de que estão a ser vítimas enquanto cidadãos e trabalhadores com direitos.

Tais bónus extraordinários buscam, com efeito, mais do que resolver uma situação estrutural de carência material, subordinar a vontade política de um povo e fazê-lo esquecer a importância de voltar, em conjunto, a projetar futuro para si e suas famílias.

Como os media não acolhem nem fomentam discussões sérias sobre esta prática política, reduzindo tudo à discussão da sua dimensão financeira e orçamental, a maioria dos cidadãos acaba por acatar tão demagógico e insuficiente exercício de minorar – quando o rei faz anos – as suas carências reais.

Em vez de reforçarem a sua consciência de cidadãos com direitos, muitos portugueses vivem hoje da ilusão criada pelas esmolas que, por vezes, vão caindo, sobretudo nas vésperas de ciclos eleitorais.

Tal prática, porém, não fomenta a esperança nem projeta futuro e a sobrevivência de um país enquanto entidade política diferenciada e ente soberano, que depende hoje, mais do que de outros requisitos, disso mesmo: depende da consciência que os cidadãos têm do seu particular estatuto cívico e constitucional e da sua capacidade de os manter unidos como portugueses, mesmo para além das diferenças que a sociedade consente.  

Ver e ler nas costas dos outros a nossa própria condição


A invocação do livro «Inês e a Alegria» de Almudena Grandes e a da série televisiva denominada Kleo, da Netflix, e, bem assim, dos problemas que, para os espanhóis e alemães, resultaram da mudança de vida que, em momentos diferentes, em ambos os países se deu, pode - com as devidas diferenças - explicar melhor…


1. Vivemos, na Europa, dias confusos e desanimados.

Dias em que as pessoas andam desorientadas, temerosas, desconfiadas.

Dias de desesperança e que, para a grande maioria, só podem ser navegados à vista.

Dias que dependem dos ciclos eleitorais e dos óbolos que os que estão no poder oferecem para o manterem.

Dias em que que muitos que estão na oposição e querem chegar ao poder prometem mais e mais generosos auxílios do que aqueles que governam ofertaram já.

Dias em que tanta generosidade inusitada não se verte em direitos nem assegura que estes se enraízem e cresçam, como resultado de uma governação politicamente pensada e direcionada à sua concretização perene.

Dias, enfim, em que o que acontece hoje de «piedoso» pode não se repetir amanhã e em que o amanhã é tão incerto que mais vale viver cada dia independentemente dele.

Dias em que o bom senso e a justiça admitem, porém, ser possível criar condições para que, através dos direitos reconhecidos na lei fundamental de cada país, nas cartas internacionais de direitos e no programa que elas sugerem, garantir a todos uma vida com sentido, que logo comece a ser vivida e que se anteveja sempre melhor num futuro próximo.

2. li, recentemente, um romance da grande escritora espanhola Almudena Grandes que nos revela momentos históricos de desorientação da vida da sociedade espanhola, pós-guerra civil.

Sobre esse período escreveu ela outros belos romances.

O romance a que ora me refiro chama-se «Inês e a Alegria».

Neste, ele aborda a aventura e as circunstâncias da incursão, em 1944, no Valle d´Arán, de um pequeno corpo de exército de quatro mil republicanos espanhóis reunido, em nome da União Nacional Espanhola e do PCE, entre os combatentes dessa nacionalidade que integraram a resistência francesa e as forças regulares do general De Gaulle que ajudaram a libertar a França do jugo nazi.

Para além do relato desse episódio de resistência e que, entre outros objetivos, pretendia congregar o apoio dos exércitos aliados no derrube do franquismo – o que não veio a acontecer – o que mais interessante se descreve em tal livro é, porém, o ambiente de medo, desorientação e desânimo que, após a vitória de Franco e a repressão cruel e generalizada que se lhe seguiu, se vivia em Espanha entre os derrotados da guerra civil.

Foi esse clima tenebroso que levou a que, muitos que antes combateram com bravura pela República espanhola e que, seguidamente, sofreram, durante anos, a massiva e impiedosa repressão franquista a não aderirem àquela ação militar concretizada por muitos e experimentados combatentes espanhóis.

A descrição do terror e do retrocesso civilizacional e moral que tal repressão provocou na sociedade espanhola é, talvez, a parte mais impressionante do livro.

Recordemos que Espanha é o país europeu em que, por causa dessa guerra e, ainda mais, por causa da repressão que se lhe seguiu, mais valas comuns existem.

Almudena Grandes explica bem o desencontro entre as ideias professadas por muitos espanhóis e que os levaram, antes, a combater heroicamente pela República e o desalento e medo que, depois de milhares e milhares de fuzilamentos, torturas e maus-tratos às mãos dos franquistas, os mesmos ex-combatentes interiorizaram.

Relata-se, a certa altura, em tal livro, o discurso revoltado de uma militante antifascista que, tendo sofrido tudo isso, se indignou quando um dos militares e resistente republicano e organizador de tal expedição no Valle d’Arán verberou a cobardia de um conjunto de presos republicanos que, libertados pelos invasores das mãos dos fascistas espanhóis, em vez de alinharem com quem lhes deu a liberdade, fugiram desordenadamente e apavorados.

A sociedade com que os invasores depararam, fruto da violência extrema e da desesperança criada e sofrida pelos vencidos, era, com efeito, já bem diferente daquela que os soldados republicanos vindos de França se recordavam e imaginaram.

O que tal repressão violenta tinha de pior era a capacidade de, pelo terror e chantagem pessoal e familiar, converter muitos valentes ex-combatentes em seres perdedores e sem pinta de dignidade humana e possibilidade de regeneração.

Já sem um ideal em que apoiar o heroísmo e uma visão de um futuro alcançável a curto e a médio prazo, os derrotados da guerra, passados e triturados pela violenta máquina de submissão e chantagem franquistas, apenas desejavam sobreviver cada um por si.

3. Na Netflix, vem sendo exibida a segunda temporada de uma série denominada «Kleo», uma produção alemã que pretende retratar, em traços caricaturais, próprios das historietas dos super-heróis americanos, a desorientação que aflige uma eficiente agente da Stasi – a polícia política da RDA – no período que decorre entre a queda do muro de Berlim e a «unificação» dos dois estados alemães: a RFA e a RDA.

Ao fazê-lo da maneira como o faz, tal série, mais do que ir contando as façanhas destemidas de Kleo, a heroína da série, vai, simultaneamente, rememorando o desalento dos habitantes daquele último país que, tendo pretendido uma mudança no regime que os governava, se depararam, porém, com uma anexação forçada pela RFA que, a partir daí e durante anos, os tratou como cidadãos de segunda e, em geral, como «culpados» de conivência com o regime político da RDA.

Calhou-me ter assistido, numa conferência internacional ocorrida em Berlim já depois da queda do muro, à maneira sobranceira como os juízes da RFA – mesmo os mais progressistas – trataram os seus colegas de leste, que haviam convidado, o que motivou, aliás, a intervenção indignada de um juiz francês, presidente da nossa associação europeia de magistrados.

Retornando à tal série: mesmo que em estilo cómico e caricatural, aí emerge e se explica a frustração de um povo que se vê confrontado com uma mudança de vida radical, em que o individualismo se sobrepõe à cultura de viver juntos com a ideia comum da construção de uma vida melhor para todos.

Muito crítica do regime que vigorava na RDA, cujos traços policiais evidencia constantemente, tal série enumera e faz, porém, um balanço igualmente negativo do processo de reunificação da Alemanha e salienta, ainda, o desalento que o povo daquele país sofreu quando confrontado com a imposição de uma completa mudança de vida, mudança que não era exatamente o que ele esperava da reunificação.

Processo que, de resto, mais se assemelhou a uma anexação por uma potência vencedora de um conflito entre dois países diferentes.

O que de melhor tal série nos mostra é, no entanto, o retrato assumidamente caricatural do confronto entre diferentes modos de vida e de a pensar: na RDA uma vida simples, mas vivida em comunidade e projetada à ideia da construção de uma vida melhor para todos e um outro estilo de vida, a da RFA, em que cada cidadão vivia para si próprio e os seus, mesmo que, do ponto de vista material, vivesse melhor e com menos preocupações.

Descreve, ainda e além disso, o compadrio corruptivo que, já antes, nas vésperas da «unificação», se havia estabelecido entre alguns burocratas e dirigentes de um lado e os burocratas e empresários do outro.  

É nesse confronto e nas contradições que ele gera que nascem, aliás, os melhores gags que a dita série imagina e sugere.

4. A invocação destas duas obras e dos problemas que, para aqueles dois povos, resultaram da mudança de vida que em ambos se deu, pode – com as devidas diferenças – explicar melhor o que, numa outra dimensão, se passa, agora, em muitos países europeus: por exemplo, o nosso.

Acrescendo o facto de Portugal ser um dos estados mais antigos da Europa e de, por isso, o seu povo encarar sempre com algum ceticismo qualquer mudança que bula com o seu estilo de vida, a verdade é que, por outro lado, no pós – 25 de Abril, a rutura político-social e cultural ocorrida chegou a projetar uma nova maneira de estar em sociedade e a fazer nascer a ideia da responsabilidade conjunta pela criação de um futuro melhor para todos.

Hoje, porém, isolados e esmagados pela desvalorização crescente dos salários e dos direitos laborais, muitos portugueses olham para as concessões de bónus extraordinários, que, por vezes lhes dão, como pequenas tábuas de salvação que apenas lhes permitem continuar a viver, dia-a-dia, à tona de água.

 No fundo, todos sabem que a concessão de tal bónus procura, tão somente, esconder a desconsideração de que estão a ser vítimas enquanto cidadãos e trabalhadores com direitos.

Tais bónus extraordinários buscam, com efeito, mais do que resolver uma situação estrutural de carência material, subordinar a vontade política de um povo e fazê-lo esquecer a importância de voltar, em conjunto, a projetar futuro para si e suas famílias.

Como os media não acolhem nem fomentam discussões sérias sobre esta prática política, reduzindo tudo à discussão da sua dimensão financeira e orçamental, a maioria dos cidadãos acaba por acatar tão demagógico e insuficiente exercício de minorar – quando o rei faz anos – as suas carências reais.

Em vez de reforçarem a sua consciência de cidadãos com direitos, muitos portugueses vivem hoje da ilusão criada pelas esmolas que, por vezes, vão caindo, sobretudo nas vésperas de ciclos eleitorais.

Tal prática, porém, não fomenta a esperança nem projeta futuro e a sobrevivência de um país enquanto entidade política diferenciada e ente soberano, que depende hoje, mais do que de outros requisitos, disso mesmo: depende da consciência que os cidadãos têm do seu particular estatuto cívico e constitucional e da sua capacidade de os manter unidos como portugueses, mesmo para além das diferenças que a sociedade consente.