Investigadores estudam efeitos rejuvenescedores da canábis no cérebro

Investigadores estudam efeitos rejuvenescedores da canábis no cérebro


No estudo da Universidade de Bonn, os camundongos acompanhados apresentaram melhorias significativas em aspectos como a aprendizagem.


Um novo estudo – financiado pela Fundação Alemã de Pesquisa (Deutsche Forschungsgemeinschaft) – sugere que a canábis pode ter o potencial de rejuvenescer o cérebro envelhecido. Cientistas da Universidade Hospitalar de Bonn descobriram que tratamentos de longo prazo com baixas doses de THC, o principal componente psicoativo da canábis, podem melhorar a cognição em cérebros mais velhos.

Publicado na revista ACS Pharmacology & Translation Science, o estudo mostrou que camundongos (também conhecidos como ratos-domésticos) idosos tratados com pequenas doses diárias de THC apresentaram melhorias significativas na aprendizagem, memória e flexibilidade cognitiva. Além disso, os cérebros dos animais começaram a formar novas conexões neuronais, um processo geralmente associado a cérebros jovens. A pesquisa revelou que o THC desencadeia uma série de mudanças metabólicas que aumentam a produção de energia no cérebro e ativam caminhos relacionados com a reparação celular. Curiosamente, os efeitos rejuvenescedores foram observados apenas em animais mais velhos; em camundongos jovens, o THC teve o efeito contrário, prejudicando a cognição.“Conseguimos agora demonstrar que o tratamento com THC tem um efeito duplo e dependente do tecido na sinalização mTOR e no metaboloma”, disse ao Science Alert o biólogo molecular Andras Bilkei-Gorzo, da Universidade de Bonn. “Concluímos que o tratamento de longo prazo com THC inicialmente tem um efeito de melhoria da cognição, aumentando a produção de energia e proteínas sinápticas no cérebro, seguido por um efeito anti-envelhecimento”, afirmou Bilkei-Gorzo.Importa referir que alguns destes investigadores já tinham descoberto que doses baixas de canábis poderiam melhorar a memória e as capacidades de aprendizagem em ratos idosos, sugerindo que pode haver uma relação entre o THC e a cognição que vale a pena explorar. Em 2017, o estudo – publicado na Nature Medicine – realizado à época revelou que o THC aparentemente restaura o estado mental dos animais – também camundongos – mais velhos ao nível dos jovens, melhorando a aprendizagem e a memória. As novas descobertas podem ter implicações no tratamento do declínio cognitivo relacionado com a idade e doenças como a Alzheimer. No entanto, os investigadores frisam que mais estudos são necessários para entender os efeitos em humanos e determinar o regime de tratamento ideal.