Os Jogos Olímpicos de Paris e as dinâmicas aceleradas nos Estados Unidos ofuscaram, de certa forma, a instabilidade política francesa após as eleições europeias e legislativas antecipadas – ambas com resultados significativamente diferentes.
A vitória contundente do partido de Marine Le Pen no dia 9 de junho forçou Emmanuel Macron a convocar eleições legislativas antecipadas. Uma opção considerada suicida por uns e inteligente por outros. Porém, os acontecimentos subsequentes parecem estar a dar razão aos primeiros.
A formação de uma coligação contranatura permitiu à esquerda vencer as legislativas e cumprir o principal objetivo a que se propunha: travar o Rassemblement National, o que acabou por colocar Macron numa posição delicada, já que os líderes do França Insubmissa ameaçaram a destituição do Presidente francês por este último não ter nomeado um primeiro-ministro da coligação que é agora o bloco com mais assentos no parlamento.
Ainda que o processo seja de difícil concretização – sendo que os socialistas, os comunistas e os verdes não apoiam a destituição -, é um sinal para Macron e uma ótima notícia para Le Pen, que vê a esquerda dividida e Macron enfraquecido, deixando-a mais perto da presidência em 2027.