Uma droga chamada oniomania


A oniomania é uma doença que cresce exponencialmente, e aplicações como a Temu ou a Shein são a ‘droga’ dos novos doentes.


Em 2004, estava em Charleston, na Carolina do Sul, com um colega que se tornaria amigo, e combinámos ir comer umas ostras a um dos muitos lugares míticos da cidade onde parte do filme E Tudo o Vento Levou foi filmado. Bem dispostos, saímos dali e ele pediu-me para o acompanhar a umas lojas. Começámos por uma sapataria, onde o meu amigo pediu pares e pares de sapatos, estranhando eu tamanho ‘apetite’ por calçado… Para não se sentir sozinho, insistiu para eu comprar alguma coisa, mas eu achava tudo muito conservador, até que o vendedor se apresentou com uns ténis que juntavam duas marcas, salvo erro Cole Haan e Nike, que me agradaram. Acabei por os comprar, enquanto o meu amigo jornalista já tinha três ou quatro pares de sapatos em cima do balcão para os trazer para casa. Ainda o consegui convencer a não comprar mais nada, mas ele não ficou convencido._Saímos dali e ele quis entrar numa loja de souvenirs, onde passado cinco minutos já tinha porta-chaves e uma parafernália de objetos sem qualquer utilidade. E foi aí que me confessou que era comprador compulsivo, pedindo para o ajudar, não o deixando sozinho, até para não comprar tudo o que lhe aparecesse à frente.

Vinte anos depois, oiço outra vez falar de compradores compulsivos, em que as aplicações, sobretudo chinesas, fazem as delícias de milhões de pessoas que adquirem o que lhes faz falta, bem como dezenas de coisas que nunca utilizarão. A roupa parece estar na lista de preferência de muitas pessoas, pois as peças como vestidos ou calças vão dos cinco euros aos 20, facilitando a compra. A oniomania é uma doença que cresce exponencialmente, e aplicações como a Temu ou a Shein são a ‘droga’ dos novos doentes. O raio do telemóvel veio mesmo mudar o mundo, facilitando muita coisa, mas dificultando outras.

Como é que as lojas físicas irão suportar esta concorrência ninguém sabe muito bem, embora os produtos de luxo, como é óbvio, não entrem nesta história. Mas sabe-se que a Europa vai ter de fazer alguma coisa em relação a esta nova conquista do Oriente.

Uma droga chamada oniomania


A oniomania é uma doença que cresce exponencialmente, e aplicações como a Temu ou a Shein são a ‘droga’ dos novos doentes.


Em 2004, estava em Charleston, na Carolina do Sul, com um colega que se tornaria amigo, e combinámos ir comer umas ostras a um dos muitos lugares míticos da cidade onde parte do filme E Tudo o Vento Levou foi filmado. Bem dispostos, saímos dali e ele pediu-me para o acompanhar a umas lojas. Começámos por uma sapataria, onde o meu amigo pediu pares e pares de sapatos, estranhando eu tamanho ‘apetite’ por calçado… Para não se sentir sozinho, insistiu para eu comprar alguma coisa, mas eu achava tudo muito conservador, até que o vendedor se apresentou com uns ténis que juntavam duas marcas, salvo erro Cole Haan e Nike, que me agradaram. Acabei por os comprar, enquanto o meu amigo jornalista já tinha três ou quatro pares de sapatos em cima do balcão para os trazer para casa. Ainda o consegui convencer a não comprar mais nada, mas ele não ficou convencido._Saímos dali e ele quis entrar numa loja de souvenirs, onde passado cinco minutos já tinha porta-chaves e uma parafernália de objetos sem qualquer utilidade. E foi aí que me confessou que era comprador compulsivo, pedindo para o ajudar, não o deixando sozinho, até para não comprar tudo o que lhe aparecesse à frente.

Vinte anos depois, oiço outra vez falar de compradores compulsivos, em que as aplicações, sobretudo chinesas, fazem as delícias de milhões de pessoas que adquirem o que lhes faz falta, bem como dezenas de coisas que nunca utilizarão. A roupa parece estar na lista de preferência de muitas pessoas, pois as peças como vestidos ou calças vão dos cinco euros aos 20, facilitando a compra. A oniomania é uma doença que cresce exponencialmente, e aplicações como a Temu ou a Shein são a ‘droga’ dos novos doentes. O raio do telemóvel veio mesmo mudar o mundo, facilitando muita coisa, mas dificultando outras.

Como é que as lojas físicas irão suportar esta concorrência ninguém sabe muito bem, embora os produtos de luxo, como é óbvio, não entrem nesta história. Mas sabe-se que a Europa vai ter de fazer alguma coisa em relação a esta nova conquista do Oriente.