A noite em que o olimpismo português perdeu uma chama

A noite em que o olimpismo português perdeu uma chama


José Manuel Constantino faleceu no dia em que terminaram os Jogos Olímpicos Paris 2024. Deixa um legado imensurável.


Na noite em que se apagou a chama olímpica em Paris 2024, partiu José Manuel Constantino. Uma infeliz coincidência que deixa o olimpismo mais pobre. Dedicou toda a sua vida ao desporto e assumiu a presidência do Comité Olímpico de Portugal em 2013. Desde então, trabalhou no sentido de promover e valorizar o desporto e os atletas portugueses, mas o seu ideal esbarrou sempre numa assustadora falta de cultura desportiva da sociedade e do Estado. Não hesitou em confrontar os diversos Governos com a falta de apoio ao desporto, e há muito que vinha dizendo que há um problema de base no desporto português que tinha de ser entendido para aumentar a competitividade. A sua paixão pelo desporto e pelo olimpismo foi superior à doença e ainda teve forças para ir a Paris assistir aos primeiros dias de competição, ver Patrícia Sampaio conquistar a medalha de prata no judo e falar com Iúri Leitão, também ele medalha de prata no ciclismo de pista. Regressou a Portugal para ser internado num hospital da capital, onde viria a falecer na noite de domingo. Na altura em que Paris 2024 passou o testemunho a Los Angeles 2028, Portugal perdeu o dirigente que conseguiu as duas melhores classificações de sempre em jogos olímpicos. O olimpismo português ficou mais pobre.

Numa entrevista dada ao jornal i, a 23 de julho deste ano, José Manuel Constantino referiu que a comitiva portuguesa era bastante qualificada do ponto de vista desportivo e que esperava, no mínimo, resultados idênticos aos de Tóquio 2021. Partiu com o dever cumprido: Portugal conseguiu o melhor resultado de sempre, com quatro medalhas, uma de ouro, duas de prata e uma de bronze, e 14 diplomas olímpicos.

José Manuel Constantino era licenciado em Educação Física pelo Instituto Superior de Educação Física e desempenhou um papel fundamental na promoção dos valores desportivos e do espírito olímpico e no fortalecimento das instituições desportivas. Foi dirigente do Sport Algés e Dafundo, Instituto do Desporto de Portugal, Confederação do Desporto e Conselho Superior do Desporto, ou seja, toda uma vida dedicada a uma causa maior: o desporto e o bem-estar da sociedade.