Quando os velhos passam a ser lixo


Quem nos fez, quem nos deu o que tinha e não tinha, quem nos deu tanto amor, se não tem independência física, e, já agora, financeira, apenas é visto como um fardo.


Esta edição do i é dedicada aos idosos, que cada vez são mais e vivem até mais tarde. Parece-me que muito terá de ser feito para que as pessoas possam envelhecer com qualidade de vida, não tendo de se arrastar de canto em canto. Filhos e netos que abandonam pais e avós nos hospitais para irem de férias descansados ou por causa das épocas festivas demonstram bem o pior da raça humana. Passei dezenas ou centenas de dias em hospitais nos últimos anos de vida da minha mãe. Encontrei gente fabulosa, entre médicos, enfermeiras ou pessoal auxiliar, como também vi gente menos boa. Na fase da quimioterapia comovi-me muitas vezes com as senhoras da bata amarela que levavam um pouco de chá e umas bolachas aos doentes que vinham do Alentejo e que não tinham ninguém que lhes desse um conforto. Aquelas senhoras, além do chá e das bolachas, levavam um pouco de humanidade. Eu, pela minha parte, tentava fazer umas palhaçadas para ‘sacar’ um sorriso da minha mãe e dos outros doentes que esperavam pela sua vez no tratamento. Quando os administrativos não eram as melhores pessoas, avançava para ajudar quem precisava de ajuda. O abandono dos mais idosos é das coisas mais assustadoras, mas tenderá a piorar. As pessoas estão a perder valores e apenas se interessam com o seu bem-estar. Quem nos fez, quem nos deu o que tinha e não tinha, quem nos deu tanto amor, se não tem independência física, e, já agora, financeira, apenas é visto como um fardo.

E aqui talvez possamos perceber como a Igreja tem tido um papel tão importante na ajuda aos mais necessitados, mas não seria descabido o Estado controlar melhor empresas sociais que recebem dinheiros públicos, muitas vezes, para enriquecer a sua família.

P. S. Sou um fanático dos Jogos Olímpicos e a ginástica artística feminina é das modalidades que mais gosto de ver. E aqui está um bom exemplo de como é completamente ridículo querer que as mulheres e os homens ganhem exatamente o mesmo, só porque sim. Faz algum sentido os homens, nesta disciplina, ganharem o mesmo que as mulheres? Claro que não. Elas são melhores, mais espetaculares e fazem-no com uma elegância cativante. Já no futebol ou no boxe a história inverte-se. Isto é: quem tem mais público, mais patrocínios e por aí fora deve ganhar mais. Se assim não for então deem o mesmo ordenado aos jogadores da quarta divisão que dão a quem joga a Liga dos Campeões.

Quando os velhos passam a ser lixo


Quem nos fez, quem nos deu o que tinha e não tinha, quem nos deu tanto amor, se não tem independência física, e, já agora, financeira, apenas é visto como um fardo.


Esta edição do i é dedicada aos idosos, que cada vez são mais e vivem até mais tarde. Parece-me que muito terá de ser feito para que as pessoas possam envelhecer com qualidade de vida, não tendo de se arrastar de canto em canto. Filhos e netos que abandonam pais e avós nos hospitais para irem de férias descansados ou por causa das épocas festivas demonstram bem o pior da raça humana. Passei dezenas ou centenas de dias em hospitais nos últimos anos de vida da minha mãe. Encontrei gente fabulosa, entre médicos, enfermeiras ou pessoal auxiliar, como também vi gente menos boa. Na fase da quimioterapia comovi-me muitas vezes com as senhoras da bata amarela que levavam um pouco de chá e umas bolachas aos doentes que vinham do Alentejo e que não tinham ninguém que lhes desse um conforto. Aquelas senhoras, além do chá e das bolachas, levavam um pouco de humanidade. Eu, pela minha parte, tentava fazer umas palhaçadas para ‘sacar’ um sorriso da minha mãe e dos outros doentes que esperavam pela sua vez no tratamento. Quando os administrativos não eram as melhores pessoas, avançava para ajudar quem precisava de ajuda. O abandono dos mais idosos é das coisas mais assustadoras, mas tenderá a piorar. As pessoas estão a perder valores e apenas se interessam com o seu bem-estar. Quem nos fez, quem nos deu o que tinha e não tinha, quem nos deu tanto amor, se não tem independência física, e, já agora, financeira, apenas é visto como um fardo.

E aqui talvez possamos perceber como a Igreja tem tido um papel tão importante na ajuda aos mais necessitados, mas não seria descabido o Estado controlar melhor empresas sociais que recebem dinheiros públicos, muitas vezes, para enriquecer a sua família.

P. S. Sou um fanático dos Jogos Olímpicos e a ginástica artística feminina é das modalidades que mais gosto de ver. E aqui está um bom exemplo de como é completamente ridículo querer que as mulheres e os homens ganhem exatamente o mesmo, só porque sim. Faz algum sentido os homens, nesta disciplina, ganharem o mesmo que as mulheres? Claro que não. Elas são melhores, mais espetaculares e fazem-no com uma elegância cativante. Já no futebol ou no boxe a história inverte-se. Isto é: quem tem mais público, mais patrocínios e por aí fora deve ganhar mais. Se assim não for então deem o mesmo ordenado aos jogadores da quarta divisão que dão a quem joga a Liga dos Campeões.