Em 1926, as autoridades Portuguesas da época não percebiam nada de Sociologia ou, se preferirem, de Ciências Sociais, ou ainda, de questões sociais. “Tutelavam” a Sociedade advogados, médicos e alguns engenheiros, o resta era paisagem… Claro que havia respeito, e medo, pelos homens das “botas altas” (leia-se militares), que faziam revoluções quando achavam oportuno, devido às lutas políticas partidárias entre várias facções. De facto, em 1926, foi determinado que todos os funcionários públicos seriam obrigados a abandonar os seus cargos no dia em que completassem 70 anos de idade.
É evidente que a esperança de vida aumentou muito, devido ao progresso do conhecimento, nos campos da Medicina, da higiene, da alimentação, do “movimento” físico, do estilo de vida e até da construção de habitações em condições que se adaptam melhor ao Ser Humano, que é homeotérmico (animal de temperatura constante) e não poiquilotérmico (animal de sangue frio). Só que a Revolução Industrial (1780/1850 e de 1850/1914) contribuiu, em muito, para a mudança do trabalho braçal, para a manipulação de máquinas, que reduziram, de forma notável, a força bruta que, até aí, era exigida aos operários que, aos 50 anos, já eram velhos e estavam com pouca esperança de vida.
Mas hoje, século XXI, a Sociedade Portuguesa está a adaptar-se àquilo a que alguns chamam Democracia, embora outros usem o termo de forma abusiva, pois nunca foram, não são, nem tencionam ser Democratas. Mas “avante”…, a questão que se equaciona aqui é a Liberdade para poder decidir, individualmente, com permissão do Estado, continuar a trabalhar, na Função Pública, após os 70 anos de idade. É evidente que tal medida não é aplicável a todos os cidadãos e a todas as profissões, por razões óbvias, mas queremos deixar aqui o nosso contributo para ajudar a pensar a questão, sobre tudo, àqueles que, não tendo formação nestas áreas, vão ter que decidir sobre a matéria.
O que, a nosso ver, a lei de 1926 proibia deve, agora, para quem quisser, permitir continuar a “trabalhar”, para o Estado, como reformado, mas pro bono, e como consultor, conselheiro, assessor, adjunto de direcção, etc…, para que se não perca a sua experiência e se aproveitem, ao máximo, os seus conhecimentos. Claro que será com um horário flexível, sem obrigatoriamente horas semanais, com o acordo das chefias, com a possibilidade de ajudar a coordenar o serviço, ou mesmo, a enquadrar novos elementos, com falta de experiência.
Claro que professores, consultores, engenheiros, arquitectos, juízes, advogados, etc…, poderão querer aderir a esta medida, mas haverá outras profissões que terão de ser muito bem ponderadas, por razões óbvias.
Sociólogo