A perversão começa na ideia do pecado, do proibido, na vergonha daquilo que se pensa que é anti-natural e que, por isso, é preciso esconder, é preciso fingir, é preciso, até, se for preciso, mentir! Falta aqui a opinião pedagógica, científica, de Júlio Machado Vaz. O Sociólogo regista as interacções sociais, nas suas diversas conexões, e anota os medos, as fobias, os mitos e “anomalias” da Sociedade, para encontrar padrões sociais que se aproximam ou afastam da média. É estranho que no meio de tantas pessoas que no Governo ou fora dele assumiram, voluntariamente, aspectos da sua vida privada, sem que ninguém lhes tenha pedido, tenham aceite, tacitamente, o compromisso de nunca referirem, publicamente, o número exacto dos membros de um Governo do passado. Assim, toda a imprensa alinhou neste “pudor” colectivo, ou seja, todos mentem, em nome da “decência” da linguagem, e todos dizem que são 70 membros. A questão é que o 1º Ministro não entra na conta dos ministros. Ao todo são dezanove mais 50 Secretários de Estado. Este “tabu” do Governo remete-nos para a Etnoantropologia e recorda-nos que nos “ritos da caça” que certos autóctones de povos Africanos, com cultural oral, que odiavam e repudiavam o incesto, practicavam-no nos “ritos da caça” para dar sorte…!
Só não percebemos é por que razão o Sociólogo de serviço no Governo não aconselhou o 1º Ministro a nomear mais um Secretário de Estado e tudo estaria bem…?! É que quando se omite ou evita qualquer (expressão) vocábulo da nossa língua, por poder ter uma segunda intenção, ou interpretação, das duas uma ou se está de “má-fé”, e dentro da matéria até com experiência própria, ou nem sequer se pensa em qualquer outra coisa, já que isso é que é normal e revelador de uma educação sexual baseada na igualdade e reciprocidade. Nada é obrigatório! Curiosamente, Rui Rio, na TVI, em directo, assumiu que foi eleito líder parlamentar com 90% dos votos, ou seja, 69 votos. E afirmou-o com toda a naturalidade. Os homens do Norte são mais verticais… Já o sabíamos. Esperamos que o Sociólogo do Governo tome nota e veja a diferença, só na fala, por que no resto este Sociólogo admite que é tudo igual, já que Portugal, depois do “25 de Abril”, se “libertou” e passou a ser um País adulto e livre!
Mas alguns, mais mal informados, ignoram o que se passou em Sarilhos Grandes. Desde há muitas décadas que até estava à frente da Suécia, ou seja, um casal jovem podia viver de baixo do mesmo tecto, mas se depois não regularizassem a sua relação teriam ambos de abandonar Sarilhos Grandes.
A Sociologia Social não pode, nem deve, ignorar a Antropologia Cultural e muito menos não estar atenta aos sinais do tempo. Margaret Mead, Antropóloga, em “Conflito de Gerações”, explicita bem como as gerações se interpenetram com as pré-figurativas, as co-figurativas e as pós-figurativas, que leva a primeiro aprendermos tudo com os nossos pais, mais tarde, uns com os outros, e depois com os nossos filhos, que estão mais actualizados que nós. Max Cunha, nas suas aulas, dizia: “o Homem passa por 3 fases: 1ª, a submissão, depois o agrado e só muito depois a libertação”. Pensamos que qualquer Sociólogo, mesmo sem pagar quotas à “Associação”, deve saber isto.
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