‘Seremos consequentes com o que está no manifesto’

‘Seremos consequentes com o que está no manifesto’


Iniciativa Liberal esteve reunida este fim de semana para rever estatutos, mas nenhuma das duas propostas em cima da mesa foram aprovadas. O nosso jornal sabe que há um grupo que quer voltar a debater o tema.


As duas propostas para mudar os estatutos da Iniciativa Liberal receberam cartão vermelho por parte dos militantes presentes na convenção deste fim de semana, tal como o Nascer do SOL antecipou na sua última edição. A votação ocorreu em duas voltas, mas nem a proposta do grupo de trabalho estatutário, nem a do grupo de Tiago Mayan convenceu os 900 militantes inscritos, já que a aprovação dependia de 2/3 dos presentes fisicamente ou online e apenas o programa político recebeu luz verde. «O resultado acaba por ser uma demonstração clara de que o processo de revisão estatutária não foi suficientemente divulgado ou suficientemente estimulado para que os membros quisessem gastar tempo a tratar do assunto. Tivemos cerca de 900 inscritos, mas só votaram cerca de 500, os outros 400 simplesmente não apareceram», confessa ao Nascer do SOL um dos presentes.

Um resultado que não parece desmotivar o ex-candidato às presidenciais que entretanto apresentou o manifesto Unidos pelo Liberalismo e que, ainda assim, lamenta a oportunidade no que diz respeito à mudança dos estatutos. «Foi uma pena e leva-nos a ter um assunto adiado que foi identificado como verdadeiramente importante que era abordar alguns aspetos de governança porque têm impacto depois na nossa capacidade de crescimento, na nossa capacidade de transmitir a mensagem e na nossa capacidade de mobilizar membros e núcleos. E não tendo sido resolvidos vão persistir», afirmou Tiago Mayan ao nosso jornal.

Em relação à possibilidade de se candidatar à liderança nas próximas eleições, em janeiro, Tiago Mayan diz apenas: «Nós, Unidos pelo Liberalismo e quem os representa, seremos consequentes com o que está representado e no devido tempo». E realça que «cada coisa tem o seu tempo». «Tivemos eleições, trabalhámos para as eleições. Tivemos uma convenção estatutária programática, trabalhámos e contribuímos para a convenção estatutária programática, agora virão outros tempos e vamos também trabalhar e propor coisas para os próximos tempos», acrescentou Mayan, recordando que enquanto movimento dentro do partido tiveram seis propostas de alteração na especialidade dirigidas às duas que estiveram em cima da mesa, mas não chegaram a ser discutidas porque nenhuma das propostas globais foi aprovada.

Interpretação diferente têm alguns militantes ouvidos pelo Nascer do SOL, que defendem que se trata de uma derrota das duas partes, mas as críticas voltam-se mais para Mayan por não conseguido fazer passar os seus estatutos. «Não conseguiu mobilizar nem os 400 subscritores do manifesto, nem os subscritores dos estatutos Mais Liberais, isso acontecesse haveria alguma confiança em torno dele, mas o que se assistiu foi à grande derrota do Mayan, em que demonstrou que do ponto de vista de mobilização não tem o que é necessário».  Ainda assim, também afirmam que foi uma derrota para as pessoas responsáveis pela forma como o grupo de trabalho foi estabelecido «porque na realidade, o Conselho Nacional é dominado pela Comissão Executiva e também não conseguiram mobilizar muita gente. E apesar de todos os deputados praticamente terem ido lá dar uma espécie de apoio aos estatutos chumbaram à mesma».

Prego a fundo

Apesar deste resultado e de a maioria não estar com disposição para voltar a abrir o processo, o Nascer do SOL sabe que há um grupo de militantes que querem juntar as assinaturas necessárias para reabrir já o processo de revisão dos estatutos já. «É um grupo que não quer ficar de braços cruzados e que meteu na cabeça que isto é inaceitável ao considerarem que não faz sentido as coisas se manterem como estão provavelmente até à próximo mandato», referem vários militantes.

Um cenário que, de acordo com Tiago Mayan, não será assim tão fácil. «Primeiro, convocar uma convenção nacional para qualquer efeito que seja terá de ser feita nos termos dos estatutos atuais e exige a assinatura de um quinto dos membros. Depois havendo uma convenção estatutária e estando ela convocada, é que necessário, pelo menos, a assinatura de 150 membros para poderem formular propostas para essa convenção estatutária».

E, como tal, se nada for feito, as próximas eleições em janeiro serão feitas, segundo as regras que estão neste momento. «Não imagino ser possível estas alterações num espaço de curto prazo que temos, mas qualquer Comissão Executiva que quiser respeitar o facto que resultou deste clamor e desta identificação vai ter de enfrentar essa questão. Mas acredito que não ocorrerá dentro deste mandato da atual Comissão Executiva porque se esgotou esta oportunidade».

Ao que o Nascer do SOL_apurou qualquer alteração que fosse aprovada iria demorar algum tempo até receber a aprovação por parte do Tribunal Constitucional (TC), ao contrário do que aconteceu com os primeiros estatutos do partido que demoraram entre três a quatro semanas a receberem luz verde. Em causa, estão as decisões do Tribunal Constitucional (TC), que, já por três vezes, chumbou os estatutos do Chega.