O futuro da música. Dos Beatles a Taylor Swift: como é que evoluiu a primeira arte?

O futuro da música. Dos Beatles a Taylor Swift: como é que evoluiu a primeira arte?


O que é que uma banda como os Beatles tem em comum com uma artista como Taylor Swift? A verdade é que a História da música é vasta e diversificada, abrangendo uma jornada que se estende por milhares de anos e através de culturas


Atualmente, a música está em todo o lado e, mais do que isso, podemos aceder à mesma com facilidade. Por exemplo, através de plataformas de streaming como o Spotify ou outras mais ‘tradicionais’ como o YouTube. E, ainda, a rádio. Nem sempre foi assim, mas a verdade é que a evolução da música ao longo dos tempos é um testemunho fascinante da criatividade humana e da capacidade de adaptação às mudanças culturais, tecnológicas e sociais. Desde os primeiros sons produzidos pelos nossos antepassados até às complexas composições digitais que existem hoje, a música tem sido uma constante na história da humanidade, refletindo e moldando as nossas emoções, identidades e sociedades. Os primeiros indícios de música remontam à pré-história, com instrumentos simples como flautas feitas de ossos e tambores de pele de animal. 

E começou a ser trilhado um longo caminho. Na Antiguidade, as civilizações desenvolveram formas mais sofisticadas de música. No Egito, Grécia e Roma antigas, a música era uma parte integral da vida religiosa, militar e social. A Grécia antiga, em particular, foi um ponto crucial no desenvolvimento teórico da música, com filósofos como Pitágoras a explorarem a matemática dos sons e os modos musicais. Com a queda do Império Romano, a música na Europa passou por uma transformação significativa. Durante a Idade Média, a música sacra dominava, especialmente através do canto gregoriano na Igreja Católica. Já o Renascimento trouxe um florescimento cultural que incluiu grandes avanços na música. O período barroco (1600-1750) foi marcado por uma maior ornamentação e complexidade na música. No período clássico (1750-1820), a música tornou-se mais estruturada e equilibrada. O romantismo (1815-1910) trouxe uma ênfase maior na expressão emocional e individualidade. 

O século XX foi um período de inovação radical na música. O advento da gravação sonora e das tecnologias de reprodução transformou como a música era produzida, distribuída e consumida. Géneros como jazz, blues, rock and roll, e música eletrónica emergiram, cada um trazendo novas formas de expressão e influência cultural. A música pop dominou a segunda metade do século, com artistas como The Beatles, Michael Jackson e Madonna a redefinirem o que era popular e acessível. A globalização e a internet expandiram ainda mais o alcance da música, permitindo que estilos de todo o mundo se influenciassem mutuamente. Em 2018, a Billboard, para celebrar o seu 60.º aniversário, divulgou a lista dos artistas, músicas e álbuns mais ouvidos de todos os tempos. The Twist de Chubby Checker permanecia então no topo das músicas mais tocadas nas rádios americanas, mesmo 58 anos após o seu lançamento. O segundo lugar era ocupado por Smooth, de Carlos Santana e Rob Thomas, do álbum Supernatural (1999). A terceira posição era de Mack The Knife de Bobby Darin.

Entre as músicas mais recentes no top 10 estavam Uptown Funk de Bruno Mars e Mark Ronson (2015) e Shape of You de Ed Sheeran (2017). Na lista dos artistas mais bem sucedidos, os Beatles, apesar de só aparecerem na 12ª posição das músicas mais tocadas, eram a banda mais ouvida na História das rádios norte-americanas, seguidos por Madonna e Elton John. Outros nomes como Elvis Presley foram realçados. Entre os artistas da nova geração, Rihanna destacava-se, ocupando a décima posição, com Taylor Swift e Katy Perry também no top 30 – mas tal mudou e já lá vamos. Nesse trabalho da Billboard, também foi possível entender que o sucesso nas rádios nem sempre se traduz em vendas de discos. Adele, por exemplo, tinha poucos hits entre os mais tocados, mas o seu álbum 21 era o mais vendido de todos os tempos nos EUA. A banda sonora de Música no Coração e Thriller de Michael Jackson seguiam na segunda e terceira posições, respetivamente. Naquele ano, Taylor Swift aparecia com Fearless na quarta posição.

Entre as mulheres, Madonna era a artista feminina com mais semanas nos tops musicais de rádio dos EUA, seguida por Mariah Carey e Janet Jackson. Rihanna, Taylor Swift e Katy Perry também se destacavam no top 10. Adele, apesar de ter o álbum mais vendido, ocupava apenas na 28ª posição entre as mulheres mais ouvidas nas rádios. A música continua a evoluir de maneira dinâmica, impulsionada por tecnologias digitais como streaming, inteligência artificial e realidade virtual. Os músicos têm acesso a inúmeras ferramentas para criar e partilhar as suas obras e, por conseguinte, os ouvintes têm uma vasta biblioteca musical ao alcance de um clique. 

Entre a revolução do passado e o presente que permite avistar o futuro

No final de novembro do ano passado, o Spotify revelou o ‘Wrapped 2023’, destacando os artistas e músicas mais tocados na plataforma. Taylor Swift conquistou o topo como a artista mais ouvida globalmente e, de seguida, surgiram Bad Bunny, The Weeknd, Drake e Peso Pluma. Taylor Swift, nascida a 13 de dezembro de 1989, em Reading, Pensilvânia (EUA) é uma das artistas mais influentes do século XXI. Começou a sua carreira musical na adolescência, mudando-se para Nashville aos 14 anos. O seu álbum de estreia homónimo foi lançado em 2006, seguido pelo aclamado Fearless em 2008, que a consagrou no cenário country e levou a que ganhasse o Grammy de Álbum do Ano. Em 2014, Swift fez uma transição bem-sucedida para o pop com 1989, que também ganhou o Grammy de Álbum do Ano. A sua carreira tem sido marcada por sucessos comerciais e disputas públicas, incluindo a regravação dos seus álbuns antigos em resposta a uma batalha legal pelos direitos das suas gravações. Swift continuou a evoluir musicalmente com lançamentos como Reputation (2017), Lover (2019), e os aclamados Folklore e Evermore (2020). Além da sua música, é conhecida pelo seu ativismo e filantropia. 

Bad Bunny, cujo nome verdadeiro é Benito Antonio Martínez Ocasio, nasceu a 10 de março de 1994, em Vega Baja, Porto Rico. Começou a interessar-se por música desde jovem e ganhou visibilidade em 2016 ao lançar as suas músicas de forma independente no SoundCloud. O seu estilo único, combinando reggaeton, trap latino e influências de outros géneros, rapidamente chamou a atenção de milhões de ouvintes. Já The Weeknd, nome artístico de Abel Makkonen Tesfaye, nasceu a 16 de fevereiro de 1990, em Toronto, Canadá. Filho de imigrantes etíopes, cresceu a ouvir diversos estilos musicais, que influenciaram o seu som eclético. Começou a ganhar notoriedade em 2010, quando lançou de forma anónima músicas no YouTube. Em 2011, lançou três mixtapes aclamadas pela crítica: House of Balloons, Thursday, e Echoes of Silence. Mas em 2013 cresceu mais quando lançou o seu primeiro álbum de estúdio, Kiss Land, seguido pelo sucesso comercial Beauty Behind the Madness (2015). Este álbum incluiu hits como Can’t Feel My Face e The Hills.

Drake, cujo nome verdadeiro é Aubrey Drake Graham, nasceu a 24 de outubro de 1986, em Toronto, Canadá. Começou a sua carreira musical lançando mixtapes de forma independente. A sua terceira mixtape, So Far Gone (2009), foi um grande sucesso e chamou a atenção de grandes gravadoras. O single Best I Ever Had alcançou o segundo lugar na Billboard Hot 100, consolidando o seu status emergente na música. Por fim, temos Peso Pluma. Um nome que pode não ser sonante para muitas pessoas mas que, sem dúvida, tem feito História. Nome artístico de Hassan Emilio Kabande Laija, é um cantor e compositor mexicano nascido a 15 de junho de 1999, em Zapopan, Jalisco, México. É conhecido pela sua contribuição para o género de música regional mexicana, especialmente no subgénero conhecido como ‘corridos tumbados’, que mistura elementos tradicionais de corridos com influências modernas de hip-hop e trap. O seu trabalho diz muito a uma geração jovem que aprecia tanto as raízes da música mexicana quanto as influências modernas. As suas letras frequentemente abordam a vida quotidiana, as lutas e os triunfos da juventude mexicana, o que lhe valeu uma base de fãs leal. Uma das suas colaborações mais notáveis é a canção Ella Baila Sola com Eslabon Armado, que se tornou um grande sucesso.

Regressando às estatísticas do Spotify, em 2023 a música mais ouvida do ano foi Flowers, o sucesso de Miley Cyrus, com mais de 1,6 mil milhões de streams. O top 5 das músicas inclui também Kill Bill de SZA, As It Was de Harry Styles, Seven (feat. Latto) de Jung Kook e Ella Baila Sola” (referida há pouco). Apesar de Taylor Swift ser a artista mais ouvida, Bad Bunny manteve o primeiro lugar entre os álbuns mais tocados com o seu Un Verano Sin Ti. Este álbum superou Midnights de Taylor Swift, SOS de SZA, Starboy de The Weeknd e Mañana Será Bonito de Karol G.