Estou ocupado


Tranco-as dentro desta profissão que me apaixona e me fez viver por ela com tudo o que perdi pelo caminho, marido vivo de uma viúva, pai distante de filhos, filho distante de pais.


HAMBURGO – Os dias vão passando, repetitivos, debaixo deste céu da Alemanha carregado de nuvens de infinita tristeza. Sinto falta do sol e do calor. Sinto falta da minha paz de Alcácer enquanto escrevo porque é para lá que me voam os pensamentos e recebo notícias de que há 36 graus à minha espera quando chegar a hora de voltar. E sinto saudades da Barra de toda a minha vida, da mais infante das infâncias até aos dias de avô, porque é para lá que Agosto me chama, ano após ano após ano. Guardo as saudades nas  páginas porque não é tempo de as ter. Fecho-as na minha escrita por vezes melancólica. Tranco-as dentro desta profissão que me apaixona e me fez viver por ela com tudo o que perdi pelo caminho, marido vivo de uma viúva, pai distante de filhos, filho distante de pais. Aprendi com os grandes mestres que o jornalismo é uma missão e é preciso cumpri-la ferozmente sem olhar para trás. Obedeço á promessa que fiz a mim mesmo desde o dia em que vi pela primeira vez o meu nome a letra impressa. Cumpri o sonho de ir ao encontro dos acontecimentos onde eles acontecessem, de devassar  os segredos das coisas desconhecidas, de saber a razão dos êxitos e dos fracassos, como escreveu certa vez o meu querido Alfredo Farinha. À sua maneira estou aqui, como estive sempre um pouco por todo o mundo, para analisar, comentar, criticar tudo o que ouço e vejo, com lealdade, com verdade, com o desejo de esclarecer e de ser útil. Olho para o alto e para a nuvens teimosamente negras, hoje ainda por chover, mas talvez não tarde. E respondo sempre  da mesma forma quando a preguiça da saudade do sol me bate à porta e quer entrar: não vês que estou ocupado?

Estou ocupado


Tranco-as dentro desta profissão que me apaixona e me fez viver por ela com tudo o que perdi pelo caminho, marido vivo de uma viúva, pai distante de filhos, filho distante de pais.


HAMBURGO – Os dias vão passando, repetitivos, debaixo deste céu da Alemanha carregado de nuvens de infinita tristeza. Sinto falta do sol e do calor. Sinto falta da minha paz de Alcácer enquanto escrevo porque é para lá que me voam os pensamentos e recebo notícias de que há 36 graus à minha espera quando chegar a hora de voltar. E sinto saudades da Barra de toda a minha vida, da mais infante das infâncias até aos dias de avô, porque é para lá que Agosto me chama, ano após ano após ano. Guardo as saudades nas  páginas porque não é tempo de as ter. Fecho-as na minha escrita por vezes melancólica. Tranco-as dentro desta profissão que me apaixona e me fez viver por ela com tudo o que perdi pelo caminho, marido vivo de uma viúva, pai distante de filhos, filho distante de pais. Aprendi com os grandes mestres que o jornalismo é uma missão e é preciso cumpri-la ferozmente sem olhar para trás. Obedeço á promessa que fiz a mim mesmo desde o dia em que vi pela primeira vez o meu nome a letra impressa. Cumpri o sonho de ir ao encontro dos acontecimentos onde eles acontecessem, de devassar  os segredos das coisas desconhecidas, de saber a razão dos êxitos e dos fracassos, como escreveu certa vez o meu querido Alfredo Farinha. À sua maneira estou aqui, como estive sempre um pouco por todo o mundo, para analisar, comentar, criticar tudo o que ouço e vejo, com lealdade, com verdade, com o desejo de esclarecer e de ser útil. Olho para o alto e para a nuvens teimosamente negras, hoje ainda por chover, mas talvez não tarde. E respondo sempre  da mesma forma quando a preguiça da saudade do sol me bate à porta e quer entrar: não vês que estou ocupado?