Direitos das mulheres afegãs asusentes da agenda de Doha

Direitos das mulheres afegãs asusentes da agenda de Doha


Os talibã também não esperam abordar questões como a aplicação da lei islâmica, os castigos corporais ou a abolição do direito das mulheres à educação, as restrições ao trabalho ou à circulação


O chefe da delegação do governo talibã disse este sábado que as questões internas do Afeganistão, incluindo os direitos das mulheres, como a educação e a liberdade de movimento, estão fora da agenda do diálogo de Doha. 

A delegação que representa os talibã na sua primeira reunião internacional neste formato, organizado pela ONU e que começa no domingo, será chefiada por Zabiullah Mujahid, porta-voz principal do governo de Cabul. Haverá ainda representantes do Ministério do Interior, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ministério do Comércio e da Indústria e do Banco Central do Afeganistão.

Segundo o chefe do gabinete político dos talibã em Doha, Suhail Shaheen, a reunião, cuja ordem de trabalhos foi negociada durante meses entre a ONU e os fundamentalistas, abordará a luta contra os estupefacientes e as sanções financeiras e bancárias.

Esta será a terceira ronda de conversações internacionais sobre o Afeganistão a ter lugar em Doha desde a tomada de Cabul pelos talibã e a primeira em que estes participam. É também a primeira vez que os representantes da sociedade civil afegã e os ativistas dos direitos humanos não são convidados pela ONU.

“O Emirado Islâmico Afegão é o governo do Afeganistão e não deveria haver outros representantes do Afeganistão”, respondeu hoje durante uma conferência de imprensa Mujahid. Segundo o governo fundamentalista, dar voz aos afegãos através de diferentes canais “abre caminho à interferência estrangeira”.

Os talibã também não esperam abordar questões como a aplicação da lei islâmica, os castigos corporais ou a abolição do direito das mulheres à educação, as restrições ao trabalho ou à circulação. A este respeito, o porta-voz dos talibã, citado pela agência Lusa, afirmou que “as questões relacionadas com os afegãos são questões internas e as reuniões internacionais não são o local adequado para as levantar”.