Donald Sutherland: A lenda de Hollywood

Donald Sutherland: A lenda de Hollywood


Tinha um grande sentido de humor e uma grande paixão pela profissão. Apesar de ser uma das lendas de Hollywood, não se importava de fazer pequenos papéis. Com uma carreira de seis décadas, participou em 150 filmes.


Dizia que se acostumava cada vez mais com a ideia da morte, mas que adorava viver. Morreu na quinta-feira (20 de junho), em Miami, vítima de doença prolongada.

Dizia que falava demais em entrevistas e que contava muitas piadas, apesar de muita gente o considerar reservado e solitário. Tinha os olhos azuis cristalinos, o cabelo da cor do algodão, feições carregadas e um grande amor pela sua profissão. Provavelmente muita gente conhecê-lo apenas como o assustador ditador Snow de barba branca da saga de quatro filmes, The Hunguer Games. No entanto, ao longo da sua carreira de seis décadas, participou em 150 filmes deixando a sua marca bem vincada em Hollywood. Nunca se importou se fazia pequenos ou grandes papéis – nunca foi nomeado para os Óscares, mas recebeu um Óscar Honorário em 2017. Queria trabalhar e conseguiu fazê-lo quase até aos fim dos dias. Afinal, é isso que acontece com maior parte dos atores. Quando, em 2019, numa homenagem no Festival de San Sebastian, no País Basco, lhe perguntaram o motivo de continuar a trabalhar respondeu com humor: «Tenho muitas bocas para alimentar». Depois, explicou as verdadeiras razões para esse esforço:  «A minha vida é trabalhar. O trabalho de um ator é trabalhar e esperar pelo papel seguinte». Recorde-se que na última década, o artista continuou ativo no cinema e na TV, participando em 15 produções, a última: Miranda’s victim, no ano passado, disponível na Netflix.

Numa outra entrevista à GQ em 2014 revelou que a palavra «morte» o perturbava, mas que ia ficando cada vez mais acostumado à ideia. «Tenho a minha mãe, o meu pai, o meu irmão e a minha irmã em caixas aqui em casa (…) Gosto de tê-los aqui, mas a minha esposa gostaria que estivessem num lugar adequado», admitiu.  «Mas não quero desistir de viver, porque gosto muito da vida e adoro trabalhar – não espero  parar», acrescentou.

Passaram-se 10 anos e, agora, foi a sua vez de partir. «É com um coração pesado que vos digo que o meu pai, Donald Sutherland, morreu. Pessoalmente, acho que foi um dos mais importantes atores da história do cinema. Nunca assustado por um papel, bom, mau, ou feio. Ele amava o que fazia e fazia o que amava, e não dá para pedir mais do que isso. Uma vida bem vivida», anunciou o ator Kiefer Sutherland na quinta-feira, através das redes sociais. O seu pai tinha 88 anos e faleceu vítima de doença prolongada, em Miami. Ao longo da carreira, Sutherland deixou uma marca inconfundível tanto no cinema quanto na televisão, com performances que elevaram a imaginação do público em todos os cantos do mundo, em dramas, filmes de guerra, thrillers, terror e ficção científica.

Donald Sutherland nasceu no dia 17 de julho de 1935 em Saint John, no Canadá, filho de Dorothy Isobel e Frederick McLea Sutherland. Estudou na Universidade de Toronto e formou-se com uma graduação dupla em engenharia e artes dramáticas. Em 1957, deixou o Canadá e partiu para a Inglaterra, para estudar na Academia de Londres de Música e Arte Dramática. A partir do início dos anos 60, ganhou destaque em pequenos papéis em filmes e programas de televisão no Reino Unido. Mas foi em 67, no filme The Dirty Dozen, que o mundo se apaixonou por ele.