Governo está disponível para ponderar alterações na justiça penal

Governo está disponível para ponderar alterações na justiça penal


Chefe de governo não referiu casos em particular, mas admitiu que medidas do pacto de justiça , que acompanhou em 2007, têm ficado aquém, nomeadamente no que diz respeito a escutas e a segredo de justiça.


O primeiro-ministro afirmou, esta quarta-feira, que o Governo está disponível para ponderar alterações no domínio da justiça penal, aludindo a áreas como o combate à violação do segredo de justiça ou escutas telefónicas.

A posição do chefe do Executivo foi manifestada, no debate do Parlamento, após intervenção do líder parlamentar do PSD, que deu conta da disponibilidade da bancada para “aprofundar a chamada reforma da justiça”, pedindo por isso a opinião de Luís Montenegro.

O primeiro-ministro começou por lembrar que em 2007 acompanhou o chamado pacto de Justiça, que em muitos pontos não esteve à altura dos desafios.

“Quero confirmar que os objetivos do legislador em áreas como a detenção fora de flagrante delito, o combate à violação do segredo de justiça, o uso de intersecções telefónicas como meio complementar de prova – e não como meio exclusivo – não foram totalmente acolhidos na prática”, admitiu Montenegro, sublinhando que há nestas áreas questões que preocupam a todos.

No entanto, o primeiro-ministro não chega a falar diretamente sobre a divulgação das escutas, sem relevância criminal, envolvendo o seu antecessor António Costa, no âmbito da Operação Influencer.

“Havendo na sociedade portuguesa e na Assembleia da República disponibilidade para podermos ter na justiça penal alguma ponderação de alterações, o Governo, naturalmente, está disponível e não deixará de estar, com contributos da Assembleia da República”,

Ainda a propósito de uma eventual ‘reforma’ da justiça penal, Montenegro considera que os chamados megaprocessos “ao invés de contribuírem para a aprofundar a investigação e a repressão de condutas criminais, têm sido sobretudo instrumentos para protelar processos e para dar azo a manobras dilatórias que são elas indutoras de injustiça”.