Sintra. Hospital inacabado vai inaugurar em Sintra

Sintra. Hospital inacabado vai inaugurar em Sintra


A entrega das chaves do novo hospital de Sintra está marcada para a semana, mas as obras ainda não acabaram. A previsão de abertura é agora para outubro mas são precisos 600 profissionais que não se sabe onde ir buscar.


O acordo entre o Governo e a Câmara de Sintra data de 2017 e foi assinado pelo então ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes e o presidente da Câmara, Basílio Horta. Previa-se, na altura, a construção e instalação do Hospital de Proximidade de Sintra: «Uma unidade hospitalar de conceito inovador, visando aproximar a prestação de cuidados de saúde através de um dispositivo assistencial diferenciado». O município de Sintra disponibilizou o terreno e assumiu os investimentos financeiros para a conceção e construção da unidade hospitalar e os respetivos acessos. Os Ministérios da Saúde e das Finanças o financiamento relativo ao equipamento e ao funcionamento do novo hospital.

O conceito inovador previa um «hospital de proximidade de alta resolução» cujo perfil  prevê a integração dos serviços de urgência básica, consultas externas diferenciadas, unidade de cirurgia ambulatória, meios complementares de diagnóstico e terapêutica e unidade de cuidados integrados de convalescença, onde estariam alocadas 60 camas. As especialidades previstas iam desde cardiologia e neurologia a ortopedia e pneumologia, entre muitas outras.   Segundo o acordo, o município assumia o investimento de 29,6 milhões de euros e o Estado 21,6 milhões com a aquisição e instalação do equipamento necessários ao seu funcionamento. Previa-se ainda a conclusão da construção em janeiro de 2021, há três anos e meio. 

Sete anos passaram e a obra não está concluída, apesar de estar marcada a entrega das chaves à ULS Amadora-Sintra para a próxima semana, dia 29 de junho. Contas feitas, a Câmara de Sintra investiu mais cerca de 30 milhões do que o previsto e os acessos estão por fazer. Pedro Nuno Santos visitou este hospital durante a campanha eleitoral, como obra do Governo anterior, e a sua inauguração já foi anunciada várias vezes, para 2023, para janeiro de 2024, para abril de 2024 e, agora, para o Dia do Município, que  é 29 de junho. Na reunião de Câmara desta semana, Basílio Horta anunciou aos vereadores que «telefonou à ministra da saúde para a convidar para a cerimónia» e que adiantou que esta lhe terá garantido que o novo hospital não iria ser incluído «no mesmo saco» de todas as unidades de saúde que pertencem à ULS. «Temos o direito de não estar no mesmo saco. Há  um protocolo que diz que o hospital serve os munícipes de Sintra e a ministra está  a pensar numa mudança da ULS de forma  a satisfazer esta situação para ser dada ao hospital uma autonomia maior e fazer uma maior distinção» para dar prioridade ao utentes de Sintra, afirmou o autarca.

Apesar da transferência do hospital para esfera do Ministério, o relatório de gestão e fiscalização da empreitada de abril assinala as várias falhas da obra e sublinha que a «entidade executante reconheceu necessitar de um prazo superior a 28 de Junho para concluir todos os trabalhos previstos no contrato da empreitada». Assim, apesar de a cerimónia de transferência do hospital estar marcada para a semana, prevê-se que o hospital só comece a funcionar em outubro, segundo anunciou Basílio Horta.  

No entanto, esta previsão parece bastante otimista. Em setembro, Manuel Pizarro, então ministro da Saúde, garantiu que  a unidade hospitalar de Sintra estaria em funcionamento no primeiro semestre de 2024  e que iria recrutar 600 profissionais. Só que nem  a unidade foi inaugurada nem se iniciou o processo de recrutamento. O presidente da Câmara afirmou na reunião de Câmara  que «grande parte das pessoas vão ser transferidas do Hospital Fernando da Fonseca e que são o suficiente para pôr o hospital a funcionar». Mas não foi isso que disseram ao Nascer do SOL fontes da administração do Amadora-Sintra, pois também ali os recursos humanos são escassos. «Como irá funcionar o novo hospital em outubro sem médicos, enfermeiros, técnicos e pessoal auxiliar, não fazemos ideia». Até ao fecho da edição, nem o Ministério da Saúde nem a DE-SNS responderam ao Nascer do SOL confirmando a data de abertura e o recrutamento para o novo hospital.