Cresci a ouvir o tema More than Words da banda norte americana de rock Extreme. Eu e muitos da minha geração, colocávamos lado a lado algumas músicas dos Nirvana, dos Guns N´Roses e esta aparecia sempre lá no meio como uma das mais especiais. Acredito que muitas relações se criaram à volta da melodia pura que colocava apenas uma guitarra e duas vozes, num palco intimista, em que figurava sob pano de fundo uma bandeira portuguesa. Num tempo em que o turismo ainda não nos tinha descoberto e eram poucos os que conheciam o nosso país lá fora, já o guitarrista português Nuno Bettencourt ostentava com orgulho o nosso brasão juntamente com a camisola do seu clube, o Benfica. Corria o ano de 1991 (a música foi lançada em 90 mas foi nesse ano que “explodiu” ) quando o músico nascido na Praia da Vitória, na ilha Terceira no Arquipélago dos Açores, dava o seu salto decisivo para a fama.
Desde essa música que ainda hoje é ouvida um pouco por toda a parte, basta ver que na plataforma Youtube atingiu a incrivel marca de mais de 750 milhões de visualizações, muitas têm sido as aparições do músico português, nos maiores palcos do Planeta. Para dar um exemplo, no ano passado actuou ao lado de Rhianna no intervalo da Super Bowl, final do campeonato de futebol americano e considerado o maior evento do mundo. Os prémios esses têm-se multiplicado assim como o seu reconhecimento. Ganhou o MVP no Guitar World readers pool, deixando para trás lendas como Joe Satriani, Eddie Van Halen, Slash ou Eric Clapton. Ganhou também o prémio de “Best Rock Guitar”, também o “Best Rock Guitar Album” e “Best Solo” (pelo solo de guitarra de Rest In Peace) e um dos seus famosos solos foi considerado pelo guitarrista Brian May dos Queen, como um marco na história do rock.
Este ano, aos 57, foi galardoado com mais um dos maiores prémios da música rock, o Sena European Guitar Award, por onde já passaram Slash, ou Jimi Hendrix. Este fim de semana actuou no Rock in Rio em Lisboa e não se coibiu de fazer um vídeo quando estava ainda no aeroporto, na Alemanha, dizendo que actuar em Portugal era sempre o maior dos privilégios e regressar à sua terra natal um verdadeiro orgulho. Actuou mais uma vez com um chapéu do Benfica depois de ter sido capa da Guitar World em 1991 com a camisola encarnada vestida. Na sua mais recente atuação em solo português fez questão de contar a sua história e o orgulho em ser português, de onde saiu com quatro anos.
Com tantas condecorações feitas pelo nosso Presidente da República, é uma pena que se esqueçam recorrentemente de alguém que passou uma vida inteira enrolado na nossa bandeira e que é considerado unanimemente como um dos maiores guitarristas de sempre. Em 2023 foi inclusivamente votado como melhor “Guitarrista” e “Guitarrista Solo” do ano, pela conhecida revista “Total Guitar”. Da minha parte fica a singela homenagem e o meu muito obrigado Nuno Bettencourt!
