Traição fatal


A traição é dos momentos mais fatais e dramáticos das nossas vidas, é dos que não se esquecem, mesmo os que perdoam. Fica ali como mancha.


A traição anda de braço dado com a vida. É daquelas coisas que infelizmente não dão para escapar, basta relacionarmo-nos com pessoas e não sermos eremitas para que nos atinja de uma forma ou de outra. É invariavelmente brutal o seu impacto. Deixa marcas, feridas, memórias para toda a vida. Para que passemos por ela é porque depositámos confiança em alguém, ou alguém depositou em nós. Pode vir no trabalho, nos grupos de amigos ou nas relações amorosas. Tem vários significados e justificações. Existem no entanto diversos patamares de culpa para que trai. Há quem o faça inconscientemente, quem tenha um motivo mesmo que isso não apague nada, quem não o sinta dessa forma ou quem o faça intencionalmente. Isso leva-nos aos estado de culpa que cada um carrega (ou não) pelo que fez. Porém, do outro lado, a sensação é sempre a mesma. Uma profunda tristeza, angustia, ou revolta, seja lá qual for a justificação. Quem é traído é esfaqueado na sua essência, não esquece e raramente não leva essa aprendizagem para experiências futuras. Isso faz com que haja quem se transforme e nunca mais seja igual.

Conheço quem traiu a vida toda e a vida toda se enganou a si próprio, achando que enganava todos os outros também. Quem viva permanentemente na mentira, fazendo disso um modo de vida. Caminhando de nenúfar em nenúfar, desiludindo aqui e saltando para acolá, onde acaba por trair e passar para outra vítima. Deixando um rasto de miséria sem dar conta que se vão perdendo os únicos que apostaram em nós. Os únicos que acreditaram. Mas também conheço os que traíram e se arrependeram, os que mudaram com os erros, os que cresceram e perceberam o que fizeram e tentam de tudo para não voltar a esse lugar. Lembro-me sempre de um amigo que há muitos anos andava com duas namoradas ao mesmo tempo. Bem que o avisámos dos riscos que estava a correr. De um lado a miúda que toda a gente gostaria de apresentar aos pais, tranquila, pacata, trabalhadora. Do outro a paixão, o sexo e a intensidade. Não conseguiu escolher e a história não acabou bem como devem imaginar. Na relação seguinte prometeu a si próprio que não repetiria tal façanha e que teria um comportamento exemplar. Acabou traído. Hoje quando falamos do assunto é sempre em tom de brincadeira, mas não tenho dúvidas que não ousou repetir o mesmo comportamento.

É difícil encontrar algo pior do que acreditarmos em alguém e sermos desiludidos. Muitas vezes passamos o resto da vida sem perdoar. Esgotamo-nos a tentar encontrar explicações, penitenciamo-nos por termos acreditado, temos dificuldade em darmos a mesma oportunidade a outros quando eles não têm culpa nenhuma. Também há os que sabem que estão a ser traídos e preferem ignorar, sofrendo em silêncio, escolhendo não desestabilizar. A traição é dos momentos mais fatais e dramáticos das nossas vidas, é dos que não se esquecem, mesmo os que perdoam. Fica ali como mancha. Nunca nada volta a ser igual. Há quem faça disso vida e não tenha o mínimo peso na consciência, quem repita a formula vezes sem conta e se esteja a borrifar para o lastro que fica para trás. Há quem nunca ultrapasse e quem não recupere. Nos tempos que correm vejo muita gente, sobretudo as gerações mais jovens a não lhe dar o devido valor. Preferem ver o mundo de uma forma mais liberal, sem amarras ou compromissos que os possam desiludir. Eu continuo a achar que a traição nunca se esquece e acompanha-nos para sempre. Serve como lição para a nossa construção e como alerta para o caminho que não devemos voltar a percorrer.

Traição fatal


A traição é dos momentos mais fatais e dramáticos das nossas vidas, é dos que não se esquecem, mesmo os que perdoam. Fica ali como mancha.


A traição anda de braço dado com a vida. É daquelas coisas que infelizmente não dão para escapar, basta relacionarmo-nos com pessoas e não sermos eremitas para que nos atinja de uma forma ou de outra. É invariavelmente brutal o seu impacto. Deixa marcas, feridas, memórias para toda a vida. Para que passemos por ela é porque depositámos confiança em alguém, ou alguém depositou em nós. Pode vir no trabalho, nos grupos de amigos ou nas relações amorosas. Tem vários significados e justificações. Existem no entanto diversos patamares de culpa para que trai. Há quem o faça inconscientemente, quem tenha um motivo mesmo que isso não apague nada, quem não o sinta dessa forma ou quem o faça intencionalmente. Isso leva-nos aos estado de culpa que cada um carrega (ou não) pelo que fez. Porém, do outro lado, a sensação é sempre a mesma. Uma profunda tristeza, angustia, ou revolta, seja lá qual for a justificação. Quem é traído é esfaqueado na sua essência, não esquece e raramente não leva essa aprendizagem para experiências futuras. Isso faz com que haja quem se transforme e nunca mais seja igual.

Conheço quem traiu a vida toda e a vida toda se enganou a si próprio, achando que enganava todos os outros também. Quem viva permanentemente na mentira, fazendo disso um modo de vida. Caminhando de nenúfar em nenúfar, desiludindo aqui e saltando para acolá, onde acaba por trair e passar para outra vítima. Deixando um rasto de miséria sem dar conta que se vão perdendo os únicos que apostaram em nós. Os únicos que acreditaram. Mas também conheço os que traíram e se arrependeram, os que mudaram com os erros, os que cresceram e perceberam o que fizeram e tentam de tudo para não voltar a esse lugar. Lembro-me sempre de um amigo que há muitos anos andava com duas namoradas ao mesmo tempo. Bem que o avisámos dos riscos que estava a correr. De um lado a miúda que toda a gente gostaria de apresentar aos pais, tranquila, pacata, trabalhadora. Do outro a paixão, o sexo e a intensidade. Não conseguiu escolher e a história não acabou bem como devem imaginar. Na relação seguinte prometeu a si próprio que não repetiria tal façanha e que teria um comportamento exemplar. Acabou traído. Hoje quando falamos do assunto é sempre em tom de brincadeira, mas não tenho dúvidas que não ousou repetir o mesmo comportamento.

É difícil encontrar algo pior do que acreditarmos em alguém e sermos desiludidos. Muitas vezes passamos o resto da vida sem perdoar. Esgotamo-nos a tentar encontrar explicações, penitenciamo-nos por termos acreditado, temos dificuldade em darmos a mesma oportunidade a outros quando eles não têm culpa nenhuma. Também há os que sabem que estão a ser traídos e preferem ignorar, sofrendo em silêncio, escolhendo não desestabilizar. A traição é dos momentos mais fatais e dramáticos das nossas vidas, é dos que não se esquecem, mesmo os que perdoam. Fica ali como mancha. Nunca nada volta a ser igual. Há quem faça disso vida e não tenha o mínimo peso na consciência, quem repita a formula vezes sem conta e se esteja a borrifar para o lastro que fica para trás. Há quem nunca ultrapasse e quem não recupere. Nos tempos que correm vejo muita gente, sobretudo as gerações mais jovens a não lhe dar o devido valor. Preferem ver o mundo de uma forma mais liberal, sem amarras ou compromissos que os possam desiludir. Eu continuo a achar que a traição nunca se esquece e acompanha-nos para sempre. Serve como lição para a nossa construção e como alerta para o caminho que não devemos voltar a percorrer.