João Oliveira. O que dizem os candidatos às Europeias?

João Oliveira. O que dizem os candidatos às Europeias?


Questionámos os candidatos com assento parlamentar para saber o que acham do futuro da Europa, como pode ser agilizado o trabalho no Parlamento Europeu, as apostas que devem ser tomadas e como podem ser defendidos os interesses portugueses perante gigantes europeus. Confira as respostas do cabea de lista da CDU João Oliveira.


João Oliveira
CDU

A UE deve preparar-se para uma eventual guerra na Europa, nomeadamente através da constituição de um exército europeu?
A paz não resultará da escalada armamentista que assegura fabulosos lucros aos grupos do armamento, à custa da contenção dos salários e das reformas e do investimento nos serviços públicos, como na saúde, na habitação. Como sempre defendemos, os EUA, a NATO e a UE devem abrir vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando alcançar uma solução política para o conflito na Ucrânia, a resposta aos problemas de segurança coletiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia – é este o caminho para a paz.

O Almirante Gouveia e Melo defendeu que a tropa portuguesa se deve preparar para combater num eventual conflito europeu. Pertencendo Portugal à NATO não acha que isso é inevitável?
Não só é evitável, como é imperioso travar a insana corrida belicista para o abismo, para onde querem empurrar o povo português. Os 32 países da NATO gastam mais em despesas militares que todos os outros 161 países do mundo juntos. A Revolução de Abril pôs fim à guerra colonial, consagrando a solução pacífica dos conflitos internacionais, o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança coletiva, como princípios constitucionais. Os nossos filhos e netos não têm que ir morrer para onde a NATO quiser.

Qual acha que deve ser a posição da Europa em relação a Israel? Pensa que Portugal deve respeitar a decisão do TPI em relação aos ‘atores políticos’ considerados responsáveis por crimes de guerra?
É urgente um cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza, a ajuda humanitária à população palestiniana, assim como a criação do Estado da Palestina, com as fronteiras de 1967 e capital em Jerusalém Oriental, e a efetivação do direito ao retorno dos refugiados palestinianos conforme as resoluções da ONU. A UE deve deixar de ser cúmplice da violação do direito internacional por parte de Israel, suspendendo o Acordo de Associação com Israel, instando os países que a integram a que não exportem armas para o genocídio do povo palestiniano e a que reconheçam o Estado da Palestina.

É possível defender realmente os interesses de um país pequeno como Portugal perante gigantes como a França e a Alemanha?
É. Portugal é uma República soberana, que se rege pelos princípios da independência nacional e da igualdade entre os Estados. Bastaria o respeito deste princípio constitucional para assegurar uma política que efetivamente defendesse os interesses nacionais, perante as ambições de domínio das grandes potências e das multinacionais.

Defendemos uma Europa de cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos.

A burocracia de Bruxelas não pode ser exasperante?
A transferência de competências do plano nacional para a UE reforçou o poder das grandes potências e das multinacionais, que controlam as instituições da UE e a definição das suas políticas. Impõe-se a recuperação do comando democrático do processo de desenvolvimento, com a subordinação do poder económico ao poder político e a afirmação da soberania de cada Estado.

Sente que há muito desperdício de dinheiro em Bruxelas?
Para além de se terem constituído como uma compensação pelo impacto do mercado único, da moeda única e das políticas comuns, os fundos para a «coesão económica e social» têm vindo a ser reduzidos, enquanto aumentam os fundos para outros objetivos, como o militarismo. Importa contrariar esta realidade, assegurando os meios a que o País tem direito, defendendo o reforço dos fundos de «coesão» para assegurar direitos sociais, o desenvolvimento dos sistemas produtivos mais debilitados e objetivos ambientais.

Com que regularidade pensa viajar para Portugal?
A nossa ação caracteriza-se por uma permanente ligação à vida do povo e do País, às lutas dos trabalhadores e das populações pelos seus direitos e anseios, intervindo para que possam ser usados todos os recursos a favor do desenvolvimento do País e do bem-estar do povo. Logo estaremos em Portugal e deslocar-nos-emos ao Parlamento Europeu nos dias em que a atividade parlamentar o exija.

Quais foram, no seu entender, os maiores erros cometidos pela UE no último mandato? E quais as maiores conquistas?
Não se tratam tanto de “erros”, mas da insistência da UE nas suas políticas neoliberais, federalistas e militaristas, que continuaram a promover a contenção dos salários e das reformas, a degradação e privatização de serviços públicos e funções sociais do Estado, o ataque a direitos laborais e sociais, uma cada vez maior concentração da riqueza, o agravamento das desigualdades e injustiças, a imposição de relações de domínio e dependência entre países, o militarismo e a confrontação nas relações internacionais.

Veja as respostas dos candidatos dos outros partidos

Sebastião Bugalho da AD

Pedro Fidalgo Marques do PAN

Francisco Paupério do Livre

João Cotrim Figueiredo da IL

António Tânger Corrêa do Chega