António Tânger Corrêa
Chega
A UE deve preparar-se para uma eventual guerra na Europa, nomeadamente através da constituição de um exército europeu?
A UE deve reforçar a sua capacidade em termos de Defesa, quer em termos de meios, quer em termos de efetivos. Para além disso, a UE precisa de revitalizar as suas indústrias de Defesa, incluindo a portuguesa, para que não esteja tão dependente dos EUA e da sua capacidade de resposta rápida. Toda a cooperação nesta área deve ser feita no âmbito da NATO, na qual Portugal é membro fundador.
O Almirante Gouveia e Melo defendeu que a tropa portuguesa se deve preparar para combater num eventual conflito europeu. Pertencendo Portugal à NATO não acha que isso é inevitável?
As declarações do senhor Almirante Gouveia e Melo, CEMA, vinculam apenas o próprio e o Governo em funções, a quem responde hierarquicamente. O Chega defende que se deve evitar a guerra e procurar soluções efectivas que possam conduzir a um processo de paz na Ucrânia. Esta solução deve ser encontrada no plano de apoio à Ucrânia, que deve ser suportada para que possa estar em condições de negociar esse plano de paz para o conflito que foi espoletado pela invasão bárbara por parte da federação russa.
Qual acha que deve ser a posição da Europa em relação a Israel? Pensa que Portugal deve respeitar a decisão do TPI em relação aos ‘atores políticos’ considerados responsáveis por crimes de guerra?
O Chega apoia Israel e considera que os ataques de 7 de outubro de 2023 foram atentados terroristas coordenados e conduzidos pelo grupo militante islâmico palestino Hamas, que não pode sair beneficiado desta situação. A solução de dois estados pode e deve ser encontrada, mas não durante um conflito que ainda está em curso. Só após o fim do conflito se pode negociar e encontrar uma solução.
É possível defender realmente os interesses de um país pequeno como Portugal perante gigantes como a França e a Alemanha?
Não só é possível, como é desejável. O Chega vai pôr termo a décadas de inoperância em Bruxelas e em Estrasburgo. Os portugueses podem confiar que os eurodeputados do Chega não vão descansar na defesa dos interesses estratégicos de Portugal. O nosso País é um País da coesão e tem especificidades que devem ser defendidas, procurando evitar que fiquemos cada vez mais periféricos na UE.
A burocracia de Bruxelas não pode ser exasperante?
Pode e deve ser combatida, por isso vamos apostar na transparência e “tradução” clara de tudo o que se passa nos corredores e no plenário em Bruxelas. Os portugueses deve estar plenamente informados e cientes das decisões que são tomadas e que afectam o seu dia a dia.
Sente que há muito desperdício de dinheiro em Bruxelas?
Há fundos e instrumentos da UE que não estão a ser aplicados e que muitas vezes não chegam a quem devem chegar. Um exemplo: o PRR está a ser mais usado pelo setor público e não chega aos privados, aos pequenos produtores e empresários.
Com que regularidade pensa viajar para Portugal?
Com a regularidade que seja necessária para garantir que o eleitorado, os portugueses, tem noção do que estamos a fazer em Bruxelas e em Estrasburgo. Iremos ter também canais diretos de contacto com os portugueses.
Quais foram, no seu entender, os maiores erros cometidos pela UE no último mandato? E quais as maiores conquistas?
A gestão da pandemia da covid19, a tentativa de imposição de uma agenda ecocêntrica e, sobretudo, a guerra na Ucrânia, onde não houve a noção exacta de como este conflito nos podia afectar a todos. A UE reagiu tarde e sem meios. Só agora quer reforçar a sua defesa e agir estrategicamente. O alargamento também tem sido decepcionante. Parece que não anda. Defendemos que deve ser feito com cautela, cumprindo todos os chamados critérios de Copenhague. A maior conquista é um espaço de paz, segurança, estabilidade, prosperidade e solidariedade desde a II guerra mundial. Devemos preservar esse legado para as gerações futuras.
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