João Oliveira, cabeça de lista da CDU às eleições europeias, afirmou, esta terça-feira, que espera que a visita do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a Portugal permita ao Governo “clarificar e afirmar a sua disponibilidade” para uma solução diplomática que trave a guerra.
O comunista falava aos jornalistas, na estação ferroviária de Mem-Martins, no concelho de Sintra, antes de apanhar um comboio para a Reboleira, Amadora.
“Espero que esta visita possa constituir uma oportunidade para que o Governo português possa clarificar e afirmar a sua disponibilidade e a sua perspetiva de intervenção política e diplomática para que se encontre uma urgente solução que trave a guerra”, disse João Oliveira.
O cabeça de lista da CDU entende que o povo ucraniano, à semelhança de todos os povos internacionalmente, precisa de uma “solução de paz para a Ucrânia e de uma solução de segurança coletiva para toda a Europa”.
Relativamente ao acordo de cooperação, que deverá ser assinado esta terça-feira, entre Portugal e a Ucrânia, que prevê assistência humanitária, financeira, militar e política, João Oliveira afirma que nos últimos dias se tem ouvido falar em “F-16, mais armas e mais capacidades militares”, o que contribui para “a continuação da guerra e para a utilização do povo ucraniano como carne para canhão e para a afirmação de uma perspetiva de escalada, onde já se fala inclusivamente na utilização de armas para atacar o território”.
O comunista criticou aqueles que falam “com uma ligeireza e com um grau de irresponsabilidade absoluta a propósito da guerra, como se não se estivesse a falar do envolvimento de países com capacidade nuclear em confronto”.
“É precisamente por essa ligeireza” prossegue o candidato, “que se continua a insistir na guerra”. “A solução tem de ser a paz: essa paz na Ucrânia, tal e qual como na Palestina”, defendeiu João Oliveira.
O cabeça de lista da CDU sublinha que a “guerra tem de ser parada” e que tem de haver “alguém que ponha o dedo na ferida, apontando a responsabilidade daqueles que continuam a falar da guerra com a ligeireza com que falam, e que não mexem uma palha, não fazem um esforço para que haja paz”.
“Nós continuaremos a insistir nesta tónica: não se pode tratar a guerra como se fosse uma questão tratada à distância sentado no sofá. Há pessoas a morrer na Ucrânia e noutros pontos do mundo, é preciso que esses povos tenham soluções de paz”, sustentou.
Quando questionado, pelos jornalistas, se a posição da CDU sobre o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, lhe possa vir a custar votos, o candidato disse que: “Se quem defende a paz perder votos com isso, é um retrato sombrio dos tempos que estamos a viver”.
“É agora que estamos a construir a história que há de ficar escrita nos livros daqui por 30 ou 40 anos, e nós não desistiremos de lutar pela paz hoje, como lutamos no século XX contra os conflitos que atingiram a Europa em todas as circunstâncias”, disse.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, estará na tarde desta terça-feira, a realizar uma visita a Portugal, onde será recebido pelo chefe de Estado e pelo primeiro-ministro e assinará de um acordo de cooperação bilateral para dez anos.
A Presidência da República Portuguesa, numa nota divulgada na segunda-feira em conjunto com gabinete do primeiro-ministro, disse tratar-se de uma “visita de trabalho” com o objetivo de “aprofundar as excelentes relações entre os dois estados, com enfoque particular no reforço da cooperação no domínio da segurança e defesa”.