CNE. Sugestão para substituição de exames nacionais por provas de aptidão

CNE. Sugestão para substituição de exames nacionais por provas de aptidão


Sem se comprometer com um cenário alternativo concreto de acesso, o conselho recomenda o reforço da responsabilidade das instituições de ensino superior no processo


O Conselho Nacional da Educação (CNE) sugeriu substituir os exames nacionais por projetos semelhantes às provas de aptidão realizadas em cursos profissionais e artísticos. A hipótese foi levantada numa recomendação sobre os exames e acesso ao ensino superior divulgada esta quarta-feira. 

Na recomendação, o órgão consultivo do Ministério da Educação levanta um conjunto de limitações do modelo atual. O argumento é que fazer depender o ingresso no ensino superior dos exames de conclusão do secundário resultou numa sobrevalorização daquelas provas. Por outro lado, desvaloriza o ensino secundário por si só.

O CNE entende ainda que acaba por haver uma tendência para reduzir o currículo prescrito àquilo que é avaliado, limitando também a capacidade de inovação pedagógica. Ao mesmo tempo reforça um modelo que orienta o ensino para a preparação dos exames.

O organismo contraria o argumento de que os exames permitem garantir a equidade entre os alunos, afirmando que “só está garantida quando for uma realidade ao longo de todo o processo”, desde o ensino e aprendizagem, à ação sobre a interpretação dos resultados “de forma adequada à diversidade dos alunos”.

Como alternativa aos exames, e reconhecendo que” não há um modelo ideal”, uma das sugestões apresentadas é a substituição dos exames de conclusão do secundário pela realização de projetos semelhantes às provas de aptidão realizadas no final dos cursos profissionais e de alguns cursos artísticos especializados. O CNE admite a hipótese de as provas contribuírem para corrigir o afastamento entre o ensino secundário e o superior, recorrendo a júris que incluam docentes do ensino superior.

Sem se comprometer com um cenário alternativo concreto de acesso ao ensino superior, o conselho recomenda o reforço da responsabilidade das instituições de ensino superior no processo, em coordenação por grupos de cursos. Recomenda também a integração, de forma progressiva, um modelo único de acesso para as diferentes vias de entrada no ensino superior.