Foi a campanha da avó de Mortágua, da casa de Montenegro em Espinho, das suspeitas de corrupção na Madeira, dos subsídios de deslocação de Pedro Nuno e do colégio dos filhos de Rui Tavares.
Com as eleições de 10 de março aí à porta, olhamos para trás e vemos uma campanha eleitoral cheia de casos e casinhos.
Aliás, começou logo com um (mas este de polícia), quando buscas a São Bento e suspeitas de negociatas envolvendo o primeiro-ministro e figuras dele próximas levaram à queda do Governo.
Mas não houve só casos; houve também muita demagogia.
No debate com Pedro Nuno, Montenegro tentou – sem sucesso, diga-se – mostrar que o PS fez cortes nas pensões, quando António Costa sempre apostou muito nesse eleitorado. Aliás o primeiro-ministro sabia bem que, num país pobre e envelhecido, bastava aumentar as pensões e o salário mínimo para ter a maioria no bolso.
Pedro Nuno Santos também tentou jogar a cartada dos pensionistas, aproveitando o aparecimento de Pedro Passos Coelho para agitar o papão da troika e da austeridade. Não era já altura de mudar de discurso, ou virar a página, para usar uma expressão cara ao PS?
Outro terreno fértil para a demagogia foi a questão da imigração. Passos Coelho disse que havia um sentimento de insegurança em Portugal e logo se gerou um enorme bruáa, quase como se falar de controlo da imigração fosse sinónimo de racismo ou de entrar num caminho que leva inevitavelmente ao genocídio.
Porque é que os partidos têm tanta dificuldade em discutir estes assuntos, que são sérios, com um mínimo de seriedade? Porque é que temos de andar sempre entre os casos da avó, da casa, dos subsídios, do colégio, e a demagogia mais primária e mais desonesta?
Tenho uma suspeita, mas não é de molde a sossegar-nos. Enquanto não há muitas ideias boas, enquanto faltam verdadeiras propostas para os país, vai-se atirando lama para os adversários. Ou fazendo promessas que se sabe que não se vai cumprir. O_que interessa é conquistar o máximo de votos, mesmo que seja à custa de enganar ou iludir as pessoas. Depois de 10 de março logo se vê.