Com ou sem sal?


Teremos finalmente que estar sempre conscientes que por mais soluções alternativas que possamos encontrar, nenhuma delas é sustentável se não mudarmos todos os nossos comportamentos e se não começarmos a aceitar a nova realidade.


Cada vez mais somos alertados para as consequências das alterações climáticas em Portugal: A água de Viseu a ser “complementada” por camiões cisterna, as aldeias submersas que aparecem por todo o país devido à escassez de água nas barragens, a diminuição de pressão nas torneiras do Algarve num esforço para se tentar preservar os poucos recursos hídricos que nos restam…

Deveremos estar desesperados com estas “malandras” alterações climáticas? Claro que deveremos estar preocupados, mas em primeiro lugar deveremos estar zangados, aborrecidos e desesperados com cada um de nós.

Não, não vamos entrar no discurso de que a culpa é dos carros todos que existem ou da produção intensiva de gado ou da desflorestação… tudo isso tem uma grande influência, claro, mas também gestos mais quotidianos sempre contribuíram para a degradação dos nossos escassos recursos hídricos… Para que vamos fechar a torneira enquanto escovamos os dentes? Porque não tomar aquele banho de meia hora para relaxar que “estou mesmo a precisar”? Então e o meu carro que se não for lavado com água corrente todas as semanas não “brilha da mesma maneira” …

Todos temos direito aos nossos luxos, pequenas extravagâncias, digamos, de vez em quando o problema é o ritual coletivo e o impacto que esses pequenos gestos individuais têm, neste caso na depleção da pouca água que possuímos. Estamos de certeza a simplificar as coisas, não passa tudo por comportamentos individuais, também passou pela falta de planeamento, falta de resoluções atempadas, falta de manutenção… um sem fim número de causas a que poderemos apontar o dedo.

Neste momento temos de ultrapassar o apontar o dedo e passar a uma nova fase… a reação…vamos tarde, possivelmente… sim de certeza … dado que neste momento os nossos recursos de água potável são como aquele atleta que, exausto, tem de ser amparado após cortar a meta da maratona… Não vale a pena esperar que ele continue a correr … não vai acontecer…

Deveremos sim, urgentemente, começar a planear, construir, avançar com soluções para o problema. E devemos pensar que nenhuma solução será perfeita… infelizmente a solução perfeita… água natural… já não parece viável para todas as utilizações atuais… já passou o tempo para que esse “milagre” apareça todos os anos de forma espontânea… como se pode constatar pelos terrenos gretados e secos por esse pais fora.

Muito se fala do projeto da dessalinizadora do Algarve… por um lado que vai ser uma grande solução para todos os nossos problemas, por outro o impacto que vai ter no meio ambiente que a vai rodear.

Por muito controversa que possa parecer a opinião – e não passa mesmo disso, uma opinião – a altura de estarmos a andar para trás e para a frente já passou… temos de agir e avançar a toda a velocidade com este projeto (desde que bem implementado e localizado) enquanto que é fulcral minimizar os efeitos negativos … controlar a pluma salina que este este tipo de processo gera e tentar que o seu impacto seja o menor possível.

Teremos finalmente que estar sempre conscientes que por mais soluções alternativas que possamos encontrar, nenhuma delas é sustentável se não mudarmos todos os nossos comportamentos e se não começarmos a aceitar a nova realidade – como está na moda dizer agora – sim vamos ter águas residuais tratadas a regar jardins e ruas, sim vamos ter água à qual se tirou o sal a sair nas nossas torneiras, sim vamos ter barragens vazias e sim… vamos ter de mudar muitos atos que tomamos por normais.

 

Investigadores do Instituto Superior Técnico

Com ou sem sal?


Teremos finalmente que estar sempre conscientes que por mais soluções alternativas que possamos encontrar, nenhuma delas é sustentável se não mudarmos todos os nossos comportamentos e se não começarmos a aceitar a nova realidade.


Cada vez mais somos alertados para as consequências das alterações climáticas em Portugal: A água de Viseu a ser “complementada” por camiões cisterna, as aldeias submersas que aparecem por todo o país devido à escassez de água nas barragens, a diminuição de pressão nas torneiras do Algarve num esforço para se tentar preservar os poucos recursos hídricos que nos restam…

Deveremos estar desesperados com estas “malandras” alterações climáticas? Claro que deveremos estar preocupados, mas em primeiro lugar deveremos estar zangados, aborrecidos e desesperados com cada um de nós.

Não, não vamos entrar no discurso de que a culpa é dos carros todos que existem ou da produção intensiva de gado ou da desflorestação… tudo isso tem uma grande influência, claro, mas também gestos mais quotidianos sempre contribuíram para a degradação dos nossos escassos recursos hídricos… Para que vamos fechar a torneira enquanto escovamos os dentes? Porque não tomar aquele banho de meia hora para relaxar que “estou mesmo a precisar”? Então e o meu carro que se não for lavado com água corrente todas as semanas não “brilha da mesma maneira” …

Todos temos direito aos nossos luxos, pequenas extravagâncias, digamos, de vez em quando o problema é o ritual coletivo e o impacto que esses pequenos gestos individuais têm, neste caso na depleção da pouca água que possuímos. Estamos de certeza a simplificar as coisas, não passa tudo por comportamentos individuais, também passou pela falta de planeamento, falta de resoluções atempadas, falta de manutenção… um sem fim número de causas a que poderemos apontar o dedo.

Neste momento temos de ultrapassar o apontar o dedo e passar a uma nova fase… a reação…vamos tarde, possivelmente… sim de certeza … dado que neste momento os nossos recursos de água potável são como aquele atleta que, exausto, tem de ser amparado após cortar a meta da maratona… Não vale a pena esperar que ele continue a correr … não vai acontecer…

Deveremos sim, urgentemente, começar a planear, construir, avançar com soluções para o problema. E devemos pensar que nenhuma solução será perfeita… infelizmente a solução perfeita… água natural… já não parece viável para todas as utilizações atuais… já passou o tempo para que esse “milagre” apareça todos os anos de forma espontânea… como se pode constatar pelos terrenos gretados e secos por esse pais fora.

Muito se fala do projeto da dessalinizadora do Algarve… por um lado que vai ser uma grande solução para todos os nossos problemas, por outro o impacto que vai ter no meio ambiente que a vai rodear.

Por muito controversa que possa parecer a opinião – e não passa mesmo disso, uma opinião – a altura de estarmos a andar para trás e para a frente já passou… temos de agir e avançar a toda a velocidade com este projeto (desde que bem implementado e localizado) enquanto que é fulcral minimizar os efeitos negativos … controlar a pluma salina que este este tipo de processo gera e tentar que o seu impacto seja o menor possível.

Teremos finalmente que estar sempre conscientes que por mais soluções alternativas que possamos encontrar, nenhuma delas é sustentável se não mudarmos todos os nossos comportamentos e se não começarmos a aceitar a nova realidade – como está na moda dizer agora – sim vamos ter águas residuais tratadas a regar jardins e ruas, sim vamos ter água à qual se tirou o sal a sair nas nossas torneiras, sim vamos ter barragens vazias e sim… vamos ter de mudar muitos atos que tomamos por normais.

 

Investigadores do Instituto Superior Técnico