A Aliança Democrática surge pela primeira vez em 1979, foi uma coligação de centro-direita formada em Portugal pelo Partido Social Democrata (PPD/PSD), pelo Centro Democrático Social (CDS-PP) e pelo Partido Popular Monárquico (PPM).
A coligação foi liderada por Francisco Sá Carneiro, Diogo Freitas do Amaral e Gonçalo Ribeiro Teles. Esta coligação concorreu às eleições legislativas intercalares de 1979 e às eleições legislativas de 1980, vencendo com maioria absoluta. O primeiro governo da Aliança Democrática foi liderado por Francisco Sá Carneiro, que morreu num acidente de aviação a 4 de dezembro de 1980.
Se recuarmos a 1979 e lermos o Programa Eleitoral e de Governo da Aliança Democrática facilmente compreendemos que, embora com contextos muito diferentes (vivíamos em Democracia apenas há 4 anos) os desafios que se colocam são muito semelhantes.
Ora vejamos:
A Aliança Democrática, contrariando um velho pessimismo que se recomeçava a afirmar, prova que o desentendimento e o sectarismo não são uma fatalidade. Prova que a democracia não significa forçosamente divisão e conflito. E provará que nada impede que, em democracia, se governe na paz e com eficácia. A situação do Pais exige-o. As promessas do 25 de Abril não foram cumpridas. A vida está cada vez mais cara. Os salários não sobem tanto como os preços. O desemprego aumenta. Não se consegue arranjar casa com rendas acessíveis. As pensões da previdência são insuficientes. As escolas funcionam mal. A cultura e o ambiente degradam-se. As regiões do interior empobrecem. Os municípios continuam dependentes da administração central. As empresas vivem em permanentes dificuldades. O número de crimes ameaça a segurança das pessoas. Não se respeitam as leis e, muitas vezes, o seu cumprimento é negociado com os infratores.
E, entretanto, os impostos não param de crescer.
Mas os serviços públicos pioram de ano para ano. O auxílio aos desprotegidos não é alargado. As injustiças sociais acentuam-se. Os trabalhadores ganham progressivamente menos. O país endivida-se e perde a confiança em si. A corrupção atinge proporções inquietantes. Nesta crise geral, que todos sentem e que a todos preocupa, os portugueses vão ser chamados a votar. A sua escolha é clara. E não tem meio-termo. Ou votarão por um governo da Aliança Democrática. Ou votarão por um Governo do PC e do PS. Na verdade, o PS sozinho nunca poderá governar e, para o fazer, ver-se-á sempre obrigado a aceitar o apoio, as condições e a politica do PC.
Hoje, votar PS é, na prática, o mesmo que votar PC. Mas merecem o PC e o PS a confiança dos portugueses? Que têm de novo para lhes oferecer? Nada de novo para controlar a inflação ou para diminuir o desemprego. Nada de novo para tornar os impostos mais equitativos e moderados ou para resolver o problema da habitação. Nada de novo para melhorar a saúde, a segurança social, o ensino. Numa palavra, nada que nos garanta uma vida próspera, estável e com alguma esperança.
Ontem, 44 anos depois, o PSD e o CDS celebraram um acordo político, onde recuperaram a denominação original de 1979, a Aliança Democrática, que consiste numa “coligação pré-eleitoral com o horizonte do atual ciclo político, abrangendo as eleições legislativas e europeias de 2024 e em sintonia com os compromissos regionais para as eleições nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores de 2023 e 2024, respetivamente, e com os entendimentos de base local para as eleições autárquicas de 2025”.
Os desafios que se colocam ao País e a esta nova AD são assustadoramente semelhantes. Tão semelhantes que nos devem fazer refletir a todos. Mais de quatro décadas depois continuamos com os mesmos problemas e com alguns dos direitos conferidos pela Constituição da República Portuguesa de 1974 por cumprir.
Perante isto, é importante que os portugueses tenham a capacidade de compreender que o ato eleitoral de 10 de março de 2024 é determinante para a vitalidade do regime que, muitos como eu, tivemos o privilégio de conhecer desde sempre – o regime democrático.
A nova AD, concretizada por Luís Montenegro e por Nuno Melo tem agora o desafio de conquistar a confiança dos portugueses, como tão bem fizeram Francisco Sá Carneiro, Diogo Freitas do Amaral e Gonçalo Ribeiro Teles. As expetativas são muito altas, mas é possível.
A bem de Portugal e da Democracia.