Houve uma queda sem precedentes no desempenho do ensino secundário nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em comparação com 2018, com as pontuações dos adolescentes a caírem 10 pontos em leitura e quase 15 pontos em matemática, de acordo com um novo estudo.
O estudo do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA), realizado pela OCDE a cada três anos, avalia os conhecimentos e habilidades adquiridos por estudantes de 15 anos. Este programa de investigação internacional avalia a literacia matemática, a literacia científica e as competências de leitura dos alunos que continuam a educação formal aos 15 anos, permitindo comparações entre países.
A avaliação PISA, originalmente prevista para 2021, foi adiada por um ano devido à pandemia da COVID-19 e ocorreu em 2022.
Os resultados deste ano mostraram que o declínio no desempenho em matemática é três vezes maior do que qualquer mudança consecutiva anterior. Na verdade, um em cada quatro jovens de 15 anos é agora considerado, em média, com baixo desempenho em matemática, leitura e ciências nos países da OCDE.
“Isto significa que podem ter dificuldades em realizar tarefas como utilizar algoritmos básicos ou interpretar textos simples. Esta tendência é mais pronunciada em 18 países e economias, onde mais de 60% dos jovens de 15 anos estão a ficar para trás”, lê-se no relatório.
No documento é igualmente referido que este declínio só pode ser parcialmente atribuído à COVID-19, uma vez que as pontuações em leitura e ciências já tinham caído antes da pandemia.
"Por exemplo, as tendências negativas no desempenho em matemática já eram aparentes antes de 2018 na Bélgica, Canadá, República Checa, Finlândia, França, Hungria, Islândia, Países Baixos, Nova Zelândia e República Eslovaca", afirmou.
“A relação entre o encerramento de escolas induzido pela pandemia, frequentemente citado como a principal causa do declínio do desempenho, não é tão direta. Em toda a OCDE, cerca de metade dos estudantes sofreram encerramentos durante mais de três meses. No entanto, não existem tendências de desempenho entre sistemas educativos com encerramentos escolares limitados, como a Islândia, a Suécia e o Taipé Chinês, e sistemas que registaram encerramentos escolares mais prolongados, como o Brasil, a Irlanda e a Jamaica", acrescenta o relatório.
O relatório indica que, contrariando a tendência, a Austrália, o Japão, a Coreia, Singapura e a Suíça mantiveram ou aumentaram ainda mais os já elevados níveis de desempenho dos alunos, com pontuações que variam entre 487 e 575 pontos (contra uma média da OCDE de 472).
Relativamente a Portugal, houve uma queda significativa no desempenho dos alunos, especialmente em Matemática. Em comparação com as provas de 2018, os estudantes obtiveram 472 pontos, o que representa uma diminuição de 20,6 pontos. Em relação aos resultados de 2012, a queda foi de 14,6 pontos.
Portugal está entre os 19 países que experienciaram uma redução de mais de 20 pontos na pontuação em Matemática. Essa diminuição nas notas foi observada tanto entre os alunos economicamente desfavorecidos quanto entre os mais privilegiados.
A preocupação é evidenciada pelo facto de que três em cada dez alunos não conseguiram atingir o conhecimento mínimo em Matemática, ou seja, não alcançaram o nível dois numa escala de seis valores.
Apenas 7% dos estudantes portugueses se destacaram, alcançando os níveis de proficiência mais elevados (5 e 6) em Matemática. É notável que seis países asiáticos continuem a liderar no domínio dessa disciplina.
Ainda que o foco principal do PISA 2022 seja a avaliação dos conhecimentos em Matemática, os resultados na prova de Leitura também apresentaram uma queda. Os estudantes portugueses alcançaram uma média de 477 pontos, indicando uma diminuição de 15,2 pontos em relação a 2018 e de 12,8 pontos em comparação com 2012.
Apesar dessa redução, é positivo notar que 77% dos alunos portugueses conseguiram atingir, pelo menos, o nível dois, superando a média da OCDE, que é de 74%. Isso significa que esses jovens têm a capacidade de identificar as ideias principais em textos de extensão moderada, localizar informações e refletir sobre o propósito e a forma de um texto.
No entanto, apenas 5% dos estudantes portugueses conseguiram atingir os níveis 5 ou 6 em Leitura, em comparação com a média da OCDE de 7%. Esses níveis mais elevados implicam a habilidade de compreender textos extensos, lidar bem com conceitos abstratos e distinguir entre factos e opiniões.