Brasileirão. Cheira a título!

Brasileirão. Cheira a título!


O Brasil vai parar amanhã à noite para conhecer o novo campeão. O Palmeiras de Abel Ferreira está na frente e só algo de sobrenatural o pode impedir de revalidar o título, o Atlético Mineiro e Flamengo estão na expetativa. Tudo para decidir em 90 minutos.


E, num ápice, o campeonato brasileiro ficou praticamente decidido. A última jornada disputa-se quarta-feira à noite (00h30 hora de Lisboa) e há muito para jogar… mas pelos lugares secundários. O Palmeiras chegou-se à frente e tem três pontos de vantagem sobre o Atlético Mineiro e Flamengo. Neste cenário, basta um empate em casa do Cruzeiro para conquistar o 12.º título no Brasileirão. Se isso acontecer, Abel Ferreira conquista o nono título desde que chegou ao Palmeiras, em 2020, e atinge um outro patamar na história do clube e do futebol brasileiro, pois torna-se o técnico estrangeiro com mais títulos no Brasil. 
No pior cenário, a equipa de Abel Ferreira pode perder o último jogo e ser campeã com o mesmo número de pontos, isto, em caso de vitória do Atlético Mineiro e Flamengo. Ao contrário do que acontece em Portugal, em que o primeiro critério de desempate é o número de pontos alcançados pelos clubes nos jogos realizados entre si, no Brasil, o primeiro critério de desempate é o número de vitórias e só depois a diferença entre golos marcados e sofridos. No primeiro critério, as três equipas ficariam empatadas com 20 vitórias, no segundo, o Palmeiras está largamente em vantagem, era preciso o Atlético Mineiro vencer o Bahia por oito golos ou mais, e o Flamengo massacrar o São Paulo por 16 golos ou mais. Atlético e Flamengo têm, por isso, missão praticamente impossível. A título de curiosidade, pelo critério português, o Palmeiras não seria campeão, já que empatou (1-1) e perdeu (0-3) com o Flamengo e obteve uma vitória (1-0) e uma derrota (0-2) com o Atlético Mineiro, que também tem vantagem no confronto direto com o Flamengo. 

Emoções finais A temporada tem sido repleta de reviravoltas e surpresas, e vai ser assim até ao último minuto do Brasileirão. A três jornadas do fim havia seis equipas separadas por quatro pontos; Palmeiras, Flamengo, Atlético Mineiro, Botafogo, Grêmio e Red Bull Bragantino podiam ganhar o campeonato mais disputados de sempre. Curiosamente, isto acontece numa fase em que o futebol brasileiro a nível de clubes e da seleção principal perdeu competitividade a nível mundial.

Nas duas últimas jornadas muita coisa mudou. Com mais ou menos dificuldades, o Palmeiras venceu sempre e foi aí que o Verdão conseguiu a vantagem de três pontos que leva para a última jornada. No final da partida frente ao Fluminense (1-0), que abriu as portas do título, o técnico afirmou o que próximo jogo “é o mais importante do ano”: “Queremos carimbar este título, porque neste momento não somos campeões e queremos muito ser”. Confrontado sobre a possibilidade de trocar o Brasil pelo Qatar, foi claro: “Não vou comentar especulações, vocês sabem como é o futebol brasileiro. Já falei sobre isso ao longo do ano. Não defini nada. Sabem o que se passa comigo, que tenho contrato com o Palmeiras. Isso é especulação”. E acrescentou: “Já disse outras vezes que estava de ‘saco cheio’ e isso não é mentira nenhuma. É difícil fazer jogos e viagens a cada três dias e ter entidades do futebol brasileiro que insinuam que você é isto ou aquilo, acham que isso é fácil? É muito desgastante ser treinador no futebol brasileiro, mas eu não sou ingrato”. 

O Flamengo caiu com estrondo em casa frente ao Atlético Mineiro (0-3) e foi ultrapassado na classificação pela equipa de Luiz Felipe Scolari, que está a fazer um final de campeonato muito forte. O grande flop é, sem dúvida, o Botafogo, que está na origem de um dos maiores colapsos desportivos do futebol brasileiro – os adeptos falam em vergonha. É impressionante o número de pontos perdidos por uma equipa com jogadores experientes e de qualidade, que chegou a ter 14 pontos de avanço sobre o Palmeiras. Está há dez jogos sem ganhar, e de principal candidato arrasta-se pelo quinto lugar, já que foi ultrapassado pelo Grêmio. A equipa de Porto Alegre e o Red Bull Bragantino  estão igualmente afastados da luta pelo campeonato. A equipa de Pedro Caixinha esteve quatro jogos sem vencer e sonho do título não passou disso mesmo. “O principal culpado sou eu”, disse Pedro Caixinha. “A este nível competitivo não podemos cometer tantos erros. Perdemos por culpa própria”, disse o treinador português, que renovou por mais um ano com o clube da cidade de Bragança, no estado de São Paulo.  
Além da questão do título, está por decidir os lugares que dão acesso à tão deseja Taça dos Libertadores – são apurados os quatro primeiros classificados. Grêmio, Botafogo e RB Bragantino estão separados por três pontos e têm hipótese de apuramento.