Ensino obrigatório mundial tem falta de 44 milhões de professores

Ensino obrigatório mundial tem falta de 44 milhões de professores


A consequência desta realidade são as disparidades nos resultados educativos


A escassez de professores é um problema mundial que ameaça a qualidade do ensino e o futuro dos jovens. Um relatório da Unesco divulgado esta quarta-feira estima que faltam cerca de 44 milhões de docentes no ensino obrigatório em todo o mundo.

“Há atualmente uma escassez de 44 milhões de professores primários e secundários”, lê-se no “Relatório Global sobre Professores” da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O organismo destaca que este é um problema global que “afeta tanto os países desenvolvidos como os países em desenvolvimento”.

A Unesco sublinha que é cada vez mais comum encontrar turmas com cada vez mais alunos, sentir a pressão financeira sobre os sistemas educativos ou ouvir educadores a queixarem-se de sobrecarga de trabalho.

“O desgaste é uma preocupação global: entre 2015 e 2022, as taxas de desgaste dos professores no ensino primário duplicou em todo o mundo, de 4,6% para 9%”, refere o relatório, citado pela agência Lusa, indicando que são cada vez mais os que “deixam a profissão durante os cinco primeiros anos de prática”.

A consequência desta realidade são as disparidades nos resultados educativos e o estudo apresenta estratégias e medidas, que passam pelo aumento de salários e melhores condições de trabalho, para aumentar o recrutamento, a atração e retenção de professores.

“A despesa nacional adequada desempenha um papel crucial no financiamento da educação, particularmente quando se trata de salários de professores. Investindo em professores, os iniciantes podem ser uma estratégia económica e de longo prazo para combater o desgaste dos professores”, segundo o Relatório Global sobre Professores.

O organismo das Nações Unidas defende ainda “políticas inclusivas para promover a igualdade de género na profissão, lutar contra a sub-representação das mulheres em determinadas disciplinas e em cargos de gestão e incentivar os homens a ingressar e permanecer no ensino”. 

O documento argumenta que “o corpo docente deverá refletir a diversidade das comunidades que serve, o que melhoraria a atratividade e enriqueceria a experiências de aprendizagem”.