Inteligência artificial. Rostos são tão realistas que muitas pessoas não detetam se são ou não humanos

Inteligência artificial. Rostos são tão realistas que muitas pessoas não detetam se são ou não humanos


A investigação foi conduzida por uma equipa de psicólogos da Universidade Nacional Australiana, da Universidade de Toronto, da University College London, da Universidade de Amsterdão e da Universidade de Aberdeen. As descobertas foram publicadas na revista Psychological Science.


Os rostos gerados pela inteligência artificial (IA) estão a tornar-se tão realistas que muitas vezes as pessoas não conseguem detetar se são ou não humanos. Um novo estudo revelou que os rostos de pessoas brancas feitos por IA podem parecer especialmente realistas, com os humanos a escolhê-los com mais frequência como rostos reais. E embora os humanos pareçam incapazes de distinguir rostos reais de rostos falsos, um sistema de aprendizagem de máquina desenvolvido pelos investigadores provou que pode completar a tarefa com 94% de precisão.

Durante o experiência, 124 participantes tentaram determinar quais dos rostos que lhes foram mostrados eram feitos à máquina. Os participantes julgaram 66 por cento dos rostos de pessoas brancas gerados pela IA como humanos. Em comparação, apenas 51% dos rostos humanos reais foram julgados como tal. Os cientistas denominaram o fenómeno de “hiper-realismo da IA”.

Porém, os entrevistados que cometeram mais erros nesta tarefa foram os mais confiantes na sua escolha, um resultado que os cientistas atribuem a uma tendência psicológica de sobrestimar a competência numa tarefa conhecida como efeito Dunning-Kruger.

Os resultados do estudo podem ter implicações na deteção de fraudes. “Se as pessoas confundem os rostos da IA ​​como humanos, mas têm pouca confiança no seu julgamento, podem responder com mais cautela (por exemplo, a investigar um perfil online)”, escrevem os cientistas. “No entanto, se estiverem convencidos de que o seu julgamento está correto, os seus erros podem ter mais consequências (por exemplo, cair num perfil fraudulento)”.

Através do estudo também foi descoberto que os resultados não se aplicavam a imagens de pessoas que não são caucasianas, possivelmente porque o algoritmo usado para gerar rostos de IA foi amplamente treinado em imagens de pessoas brancas. Isto significa que a IA poderia produzir situações mais realistas para rostos brancos do que rostos de outras denominações raciais. A disparidade pode levar a resultados reais, como conclusões científicas enganosas e preconceitos sociais. “Se os rostos da IA ​​parecerem mais realistas para os rostos brancos do que para outros grupos, a sua utilização confundirá as perceções de raça com as perceções de ser ‘humano’”, escreveram os investigadores.

Os investigadores também conduziram uma segunda experiência na qual tentaram determinar quais diferenças visuais entre a IA e os rostos humanos que as pessoas têm maior probabilidade de interpretar mal. A equipa pediu a 610 participantes que avaliassem os rostos de acordo com 14 atributos, incluindo contacto visual, atratividade, idade e simetria. Os principais fatores que levaram as pessoas a acreditar de forma errada que os rostos da IA ​​eram humanos incluíram maior proporcionalidade no rosto, maior familiaridade e menos memorização.

A investigação foi conduzida por uma equipa de psicólogos da Universidade Nacional Australiana, da Universidade de Toronto, da University College London, da Universidade de Amsterdão e da Universidade de Aberdeen. As descobertas foram publicadas na revista Psychological Science.