Um caminho perigoso: magistrados contra magistrados


Independentemente da liberdade que têm ou não, não me parece que os atores da Justiça devam entrar em ataques pessoais na comunicação social. Se acham que algo vai mal no seu reino, apresentem queixa e tentem mudar o sistema para melhor.


Espanha vive um momento complicado e deseja-se que as coisas não cheguem a um ponto de confrontação física entre os dois lados da barricada: os que formaram Governo e os que estão na oposição. Se há uns anos era um dado garantido que a Europa estaria muito longe da guerra, com os conflitos nos Balcãs e a invasão bárbara da Rússia à Ucrânia, já se percebeu que tudo é possível. Daí achar que Espanha precisa de muito bom senso para que as ruas não se transformem em campos de guerra. Como não acredito em uniões forçadas, é possível que os espanhóis venham a ser chamados a votar antes do fim da atual legislatura. Logo se verá.

Vem esta conversa a propósito da ‘guerra’ que se vive em Portugal no que diz respeito à Justiça, embora não acredite que possamos correr o risco de confrontos nas ruas. Se é natural que aqueles que são alvo de investigação do Ministério Público tudo fazem para desacreditar o trabalho em curso, já não acho muito normal assistirmos a magistrados pronunciarem-se publicamente contra outros magistrados. Que a reforma da Justiça é urgente, todos sabemos, basta ver o trabalho que foi feito, e ignorado, pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses, além de outro da SEDES.

Mas como justificar as críticas da procuradora-geral adjunta aos responsáveis da Operação Influencer, embora nunca o diga diretamente? Maria José Fernandes chega a dizer que os procuradores que “não hesitam em meios de recolha de prova intrusivos, humilhantes, necessários ou não, são o topo da competência” para os jornalistas.

Como seria de esperar, o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público não perdeu tempo e disse o óbvio: qual a razão para a procuradora-geral adjunta não ter feito “denúncias aos órgãos competentes do MP sobre quaisquer situações que considere anómalas ou incorretas”? Ou será que Maria José Fernandes, que começou o seu artigo no Público por dizer que não tem aceite os convites das televisões para comentar a Operação Influencer porque não pode falar “com total liberdade”, prefere dizer de sua justiça nos jornais, contribuindo para um julgamento popular aos seus colegas?

Independentemente da liberdade que têm ou não, não me parece que os atores da Justiça devam entrar em ataques pessoais na comunicação social. Se acham que algo vai mal no seu reino, apresentem queixa e tentem mudar o sistema para melhor.

Um caminho perigoso: magistrados contra magistrados


Independentemente da liberdade que têm ou não, não me parece que os atores da Justiça devam entrar em ataques pessoais na comunicação social. Se acham que algo vai mal no seu reino, apresentem queixa e tentem mudar o sistema para melhor.


Espanha vive um momento complicado e deseja-se que as coisas não cheguem a um ponto de confrontação física entre os dois lados da barricada: os que formaram Governo e os que estão na oposição. Se há uns anos era um dado garantido que a Europa estaria muito longe da guerra, com os conflitos nos Balcãs e a invasão bárbara da Rússia à Ucrânia, já se percebeu que tudo é possível. Daí achar que Espanha precisa de muito bom senso para que as ruas não se transformem em campos de guerra. Como não acredito em uniões forçadas, é possível que os espanhóis venham a ser chamados a votar antes do fim da atual legislatura. Logo se verá.

Vem esta conversa a propósito da ‘guerra’ que se vive em Portugal no que diz respeito à Justiça, embora não acredite que possamos correr o risco de confrontos nas ruas. Se é natural que aqueles que são alvo de investigação do Ministério Público tudo fazem para desacreditar o trabalho em curso, já não acho muito normal assistirmos a magistrados pronunciarem-se publicamente contra outros magistrados. Que a reforma da Justiça é urgente, todos sabemos, basta ver o trabalho que foi feito, e ignorado, pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses, além de outro da SEDES.

Mas como justificar as críticas da procuradora-geral adjunta aos responsáveis da Operação Influencer, embora nunca o diga diretamente? Maria José Fernandes chega a dizer que os procuradores que “não hesitam em meios de recolha de prova intrusivos, humilhantes, necessários ou não, são o topo da competência” para os jornalistas.

Como seria de esperar, o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público não perdeu tempo e disse o óbvio: qual a razão para a procuradora-geral adjunta não ter feito “denúncias aos órgãos competentes do MP sobre quaisquer situações que considere anómalas ou incorretas”? Ou será que Maria José Fernandes, que começou o seu artigo no Público por dizer que não tem aceite os convites das televisões para comentar a Operação Influencer porque não pode falar “com total liberdade”, prefere dizer de sua justiça nos jornais, contribuindo para um julgamento popular aos seus colegas?

Independentemente da liberdade que têm ou não, não me parece que os atores da Justiça devam entrar em ataques pessoais na comunicação social. Se acham que algo vai mal no seu reino, apresentem queixa e tentem mudar o sistema para melhor.