FC Porto: Um caso de polícia!

FC Porto: Um caso de polícia!


Pinto da Costa sofreu a maior derrota interna de que há memória. A Assembleia Geral foi palco de uma luta desesperada pelo poder, e o Dragão ‘cuspiu fogo’ sobre os próprios sócios.


Na agenda da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) constava a votação dos novos Estatutos e ainda um período para serem debatidos assuntos de interesse para o clube. Contudo, a realidade foi bem diferente e viveu-se uma noite de pesadelo no Dragão Arena, com a guarda pretoriana de Pinto da Costa a ameaçar e a agredir quem discorda da linha seguida pelo presidente. Sem demora, o Ministério Público abriu um inquérito aos factos «suscetíveis de integrar infrações criminais de natureza pública». As práticas intimidatórias sobre quem questiona a governança de Pinto da Costa tornaram-se habituais no seu reinado de 42 anos, só que desta vez os seus ‘inimigos’ eram os sócios do clube…

A poucos meses das eleições para a presidência do FC Porto, deverão realizar-se em abril ou junho de 2024, a candidatura de André Villas-Boas é já uma realidade: «Não posso ficar indiferente ao apoio que sinto. Apresentar uma candidatura é quase como o cumprir de uma formalidade», disse o antigo treinador do clube. Recorde-se que há poucas semanas a casa onde vive André Villas-Boas foi vandalizada com mensagens pouco simpáticas para com o treinador que deu uma Liga Europa, um campeonato nacional e uma Supertaça aos Dragões.

Os atos de violência que ocorreram segunda-feira à noite são indignos da história do FC Porto, mas a atual direção convive bem com isso, caso contrário não deixaria a situação escalar, são as críticas mais comuns que se fazem sentir na cidade invicta. As imagens das agressões e o comportamento intimidatório de Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, para com outros sócios correram mundo, e não estava, por certo, a convidá-los para tomar um ‘cimbalino’ na Ribeira. O caos instalou-se no pavilhão, mas Pinto da Costa e Vítor Baía continuaram impávidos e serenos a assistir a tudo na primeira linha, e o presidente da Mesa da Assembleia Geral, Lourenço Pinto, assobiou para o lado. Tiveram medo? De quem? ou apenas indiferença para com os consócios?

Nenhum portista de bem se revê nestes atos, como, aliás, se percebe pela opinião de conhecias figuras públicas adeptas do FC Porto. O empresário Manuel Serrão, fervoroso portista, começou por dizer, ao Nascer do SOL, que a sua opinião não é muito diferente do que pensa a maioria das pessoas, e adiantou: «As cenas que aconteceram foram lamentáveis. Não estava à espera de uma coisa daquelas, em 40 anos nunca tinha acontecido nada parecido», e prosseguiu, «não vejo motivos que justificassem comportamentos que deram uma má imagem do clube. Não estava em discussão temas problemáticos, e a reunião tinha começado bem, com o presidente a apelar a que todos tivessem liberdade de opinião». Manuel Serrão avançou com uma possibilidade: «Talvez os ânimos estivessem exaltados por outras razões», e explicou que «existe um ambiente pré-eleitoral, mas se foi isso que levou as pessoas a terem um comportamento que não deviam ter é ainda mais difícil de entender. As eleições estão longe e nem sequer há candidatos oficiais, há apenas candidatos anunciados», salientou. O empresário espera que «este incidente de percurso tenha sido uma exceção, e que volte o bom senso», dando o exemplo do futebol. «Os sócios são como a equipa, por vezes têm dias maus. Espero que, no futuro, as coisas corram melhor de modo a corrigir a imagem que deixaram». O adepto portista considera que se «a direção e a Mesa da Assembleia Geral entenderem que o atual estado de divisão do clube torna a situação delicada, o Conselho Superior deveria repensar o timing de apresentação das propostas de alteração dos estatutos para depois das eleições». O antigo treinador André Villas-Boas considerou ser «um dos dias mais negros da história do FC Porto. Sem vergonha, sem escrúpulos e sem respeito nenhum pelos associados. O FC Porto precisa de se encontrar nos seus princípios, nos seus valores e nas suas bases», escreveu no Instagram. Já a viúva de José Maria Pedroto lembrou as palavras do antigo treinador dos azuis e brancos: «Os olhos dizem sempre a verdade. Contra a lei da rolha. Sou um homem livre e um treinador sem medo», escreveu Cecília Pedroto nas redes sociais. Miguel Sousa Tavares aproveitou a sua coluna de opinião no jornal Record para dar um recado a Pinto da Costa: «Faça-nos a todos nós, portistas, e a si mesmo um favor: saia. Agora». O ator Pedro Teixeira esteve presente na AG e usou as redes sociais para contar que o que viu «foi uma vergonha, sócios agredidos na bancada, homens e mulheres de todas as idades. Senti medo e vergonha. É um dia impossível de esquecer» escreveu.

Já ontem, o Conselho Superior decidiu por unanimidade retirar a proposta de alteração aos estatutos, e o presidente da Mesa da Assembleia Geral vai cancelar a AGE que estava agendada para a próxima segunda-feira.