Saúde, TAP e Efacec são espinhos para Costa


Mesmo assim, o PS aguenta-se relativamente bem, embora em geral a esquerda se afunde.


1. O Presidente Marcelo mantém a pressão sobre tudo o que tenha a ver com o desastrado Galamba. Agora vetou o diploma da privatização da TAP. Quer ver esclarecida a capacidade de acompanhamento e intervenção do Estado naquela empresa estratégica. Marcelo pretende mais informação sobre a transparência do processo antes de promulgar. Ou seja, desconfia do rigor da lei. Desta vez, o presidente fez o pleno da concordância. Todos lhe deram razão, sejam a favor ou contra a venda. Fica posta às claras mais uma questão substancial da governação Costa: a falta credibilidade e a incompetência! Tirando sacar e gastar mal dinheiro, o Governo não tem capacidade de gestão e muito menos uma estratégia reformista. Essa debilidade está particularmente à vista na saúde. Nomeado há cerca de um ano, o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, Fernando Araújo, já parece esmagado e sem soluções. Ao ponto de prevenir que novembro pode ser o pior mês de sempre do SNS, que tem mais de 44 anos. Araújo não o disse, mas a probabilidade de as coisas se agravarem sucessivamente é óbvia. Para além das questões salariais e do esgotamento dos médicos e todos os profissionais de saúde, há uma permanente confusão em todo o setor, que é, aliás, extensiva à segurança social. Fernando Araújo pode mesmo estar perto de entrar em colisão com o ministro. Seria uma tragédia, uma vez que o novo modelo foi pensado para ele e mais ninguém. Situações como a de uma grávida que chegou ao hospital onde foi informada de que tinha o feto de oito meses morto. Mesmo assim, foi mandada para casa durante dois dias, o que ilustra o colapso e até a desumanização a que chegámos. O drama não aconteceu no longínquo interior ou na mais isolada ilha dos Açores. Deu-se às portas de Lisboa no recente Beatriz Ângelo que, há pouco tempo, era um hospital Público-Privado eficaz. Foi Marta Temido quem acabou com as PPP por sectarismo ideológico.

2. A óbvia degradação de múltiplos setores da vida nacional corrói a popularidade de António Costa. Todavia, não favorece o PSD, que sobe muito pouco, segundo uma recente sondagem da Aximage. O PS mantém-se à frente (28,6%) e o PSD marca passo, subindo um nadinha (24,9%). Quem mais beneficia são os extremos. Sobretudo o Chega com 14,9% (uma subida brutal relativamente ao último resultado eleitoral em legislativas onde conseguiu 7,2%). No resto, os Liberais atingem 6,7%, o PAN uns ótimos 4,8%, o PCP/CDU 3,8%, o Livre uns excelentes 2,8%, enquanto CDS não sai da cepa torta com 1,6%. A fazer fé nestes resultados de pulverização, a esquerda deixaria de ser maioritária, mas a direita não conseguiria governar sem o Chega, que exige pastas concretas, como a Administração Interna. O movimento de Ventura junta gente de direita retinta, populistas e cidadãos cansados que protestam contra um Estado asfixiante e ineficaz. Essa convergência vai crescendo. Pode ainda somar uma parte subterrânea por haver o estigma de se ser tratado de fascista, xenófobo, racista ou homofóbico, mesmo que não se seja nada disso. Tal como nem todos os comunistas portugueses subscrevem o terrorismo do Hamas ou a invasão russa da Ucrânia, há potenciais votantes do Chega que não são extremistas. Estão é fartos de uma classe política geralmente incompetente e egoísta. É claro que estão enganados porque o caudilhismo de Ventura apenas agravaria a situação. Grande parte da gente que o rodeia não tem preparação política e provas cívicas dadas. Era outra desgraça potencial. E para pior já basta assim!

 

3. Ao que comunicou o Governo, o fundo alemão Mutares toma conta da Efacec a partir do dia 2 de novembro. Cabe recordar que a empresa tinha como acionista de referência Isabel dos Santos. A unidade que o ministro Siza Vieira decidiu nacionalizar por motivos estratégicos (seja lá o que esse charabiá queira dizer) volta assim a ser privada por 15 milhões, o que pode ser uma pechincha. E porquê? Pura e simplesmente porque, desde a decisão de Siza, os portugueses andaram a injetar qualquer coisa como 300 milhões para manter uma laboração de que antes resultava uma faturação de cerca de 430 milhões/ano, que desceu para cerca de 100 milhões. Agora, falta que nos expliquem muito bem quanto é que vamos ter de continuar a suportar através do Banco de Fomento ou de outros canais estatais.

 

4. Prosseguem os bombardeamentos de parte a parte entre o Hamas e Israel, matando civis, sobretudo os palestinianos de Gaza O início dos ataques com mísseis e todo o tipo de artilharia veio do lado do Hamas em simultâneo com a investida dos terroristas palestinianos, a 7 de outubro. Há quem tente iludir a realidade, criando uma ficção. E a realidade manda dizer que Israel está a responder a ataques de artilharia sucessivos vindos de Gaza e do Líbano, onde reinam respetivamente o Hamas o Hezbollah. Israel retalia violentamente porque está sob ataque e porque quer vingar-se, destruindo de vez o Hamas acantonado em Gaza. A diferença nos danos, humanos e materiais, é que os judeus têm um escudo que os protege. Já a proteção que o Hamas dá ao seu povo é nenhuma, submetendo-o mesmo a um regime tirânico. Os seus escudos protetores são civis de todas as idades. Nada disto tira o direito dos palestinianos a terem uma nação. Mas para isso têm de aceitar uma realidade chamada Israel. E devem igualmente convencer disso os outros regimes da região que, na verdade, nunca estiveram empenhados nessa criação. Aliás, nem sequer os aceitam como refugiados livres. Mantêm-nos em campos fechados a pretexto de que a assimilação e integração contribuiriam para o desaparecimento da causa palestiniana. Independentemente disso, é evidente que na guerra da propaganda o Hamas está a ganhar, como se vê pelas manifestações sucessivas. Conta a adesão de gente normalmente de esquerda radical, de antissemitas e uma legião muçulmana gigantesca que o Ocidente acolhe e que usa uma liberdade que não existe nos seus países. Esquecem que Netanyahu, embora sendo um radical sionista, foi eleito democraticamente, o que não acontece em mais lado nenhum daquela região. No grupo dos manipulados comentadores isso pouco se diz. Mas enfatiza-se que o Hamas ganhou uma eleição em Gaza em 2006. Desde então nunca mais houve outras. E os terroristas assassinaram, entretanto, todos os líderes moderados do território. Quanto às declarações de António Guterres que tanta controvérsia geraram, há apenas uma coisa a referir, deixando de parte uma eventual formulação infeliz. Mostram que o Secretário Geral não tem espaço para negociar nada, ao contrário do que, mesmo assim, aconteceu na Ucrânia com a abertura da passagem de cereais. Na guerra Israel-Hamas, a ONU é pouco mais do que uma ONG em termos de peso. Triste realidade.

 

5. A advogada e doutorada em direito, Rita Rola é o quinto elemento da Entidade Reguladora da Comunicação (ERC). Foi eleita depois de um misterioso e longo impasse entre PSD e PS. Resta saber quem do quinteto que compõe o órgão vai ascender a presidente deste regulador, por sinal o único que tem dignidade constitucional. O currículo de Rita Rola é impressionante. Diz que exerce atividade profissional nas áreas do Direito de Família e Menores, Direito Penal e Contraordenacional, Direito Civil, Direito Comercial, Direito Contencioso, Direito Societário e Direito do Trabalho. É ainda professora no Instituto Superior de Ciências Empresariais e Turismo. Tem, portanto, tudo a ver com a regulação e com a comunicação social. Na mouche!

 

6. Rui Barreiro é um político de Santarém, onde foi presidente da Câmara, sendo desconhecido em Lisboa, embora tenha sido deputado e secretário de Estado (de Sócrates, claro). Nas funções governativas deixou marca ao autorizar o regresso da caça ao melro, que atiradores e ambientalistas rejeitaram com veemência. Agora, sabe-se, através do Mirante, que Barreiro pretende beneficiar da amnistia da vinda do Papa e livrar-se de uma suspensão imposta pelo Ministério da Agricultura. Barreiro foi apanhado por ocultar que tinha uma empresa de projetos de apoio a agricultores, os quais eram avaliados por colegas seus. É mais uma derivação surreal do objeto da amnistia papal que pode, afinal, beneficiar certos passarões.

 

7. Existe há anos uma passadeira de peões que atravessa quatro faixas e um pequeno passeio à frente do hospital de Santa Maria. Entre o abrir e o fechar da passagem pedestre passam apenas 20 segundos. Ora, por ali circulam centenas de doentes diariamente, muitos com dificuldades de mobilidade. É um perigo óbvio! Alguém na câmara de Lisboa há de ter o pelouro dos semáforos. Pois, como o caso já foi aqui denunciado várias vezes, esse alguém devia ser corrido. A menos que a incompetência seja generalizada e vá do presidente Moedas aos seus vereadores, passando por próximos colaboradores. Ter forasteiros na governação da capital e de certas empresas do município é no que dá. Lamentável!

Saúde, TAP e Efacec são espinhos para Costa


Mesmo assim, o PS aguenta-se relativamente bem, embora em geral a esquerda se afunde.


1. O Presidente Marcelo mantém a pressão sobre tudo o que tenha a ver com o desastrado Galamba. Agora vetou o diploma da privatização da TAP. Quer ver esclarecida a capacidade de acompanhamento e intervenção do Estado naquela empresa estratégica. Marcelo pretende mais informação sobre a transparência do processo antes de promulgar. Ou seja, desconfia do rigor da lei. Desta vez, o presidente fez o pleno da concordância. Todos lhe deram razão, sejam a favor ou contra a venda. Fica posta às claras mais uma questão substancial da governação Costa: a falta credibilidade e a incompetência! Tirando sacar e gastar mal dinheiro, o Governo não tem capacidade de gestão e muito menos uma estratégia reformista. Essa debilidade está particularmente à vista na saúde. Nomeado há cerca de um ano, o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, Fernando Araújo, já parece esmagado e sem soluções. Ao ponto de prevenir que novembro pode ser o pior mês de sempre do SNS, que tem mais de 44 anos. Araújo não o disse, mas a probabilidade de as coisas se agravarem sucessivamente é óbvia. Para além das questões salariais e do esgotamento dos médicos e todos os profissionais de saúde, há uma permanente confusão em todo o setor, que é, aliás, extensiva à segurança social. Fernando Araújo pode mesmo estar perto de entrar em colisão com o ministro. Seria uma tragédia, uma vez que o novo modelo foi pensado para ele e mais ninguém. Situações como a de uma grávida que chegou ao hospital onde foi informada de que tinha o feto de oito meses morto. Mesmo assim, foi mandada para casa durante dois dias, o que ilustra o colapso e até a desumanização a que chegámos. O drama não aconteceu no longínquo interior ou na mais isolada ilha dos Açores. Deu-se às portas de Lisboa no recente Beatriz Ângelo que, há pouco tempo, era um hospital Público-Privado eficaz. Foi Marta Temido quem acabou com as PPP por sectarismo ideológico.

2. A óbvia degradação de múltiplos setores da vida nacional corrói a popularidade de António Costa. Todavia, não favorece o PSD, que sobe muito pouco, segundo uma recente sondagem da Aximage. O PS mantém-se à frente (28,6%) e o PSD marca passo, subindo um nadinha (24,9%). Quem mais beneficia são os extremos. Sobretudo o Chega com 14,9% (uma subida brutal relativamente ao último resultado eleitoral em legislativas onde conseguiu 7,2%). No resto, os Liberais atingem 6,7%, o PAN uns ótimos 4,8%, o PCP/CDU 3,8%, o Livre uns excelentes 2,8%, enquanto CDS não sai da cepa torta com 1,6%. A fazer fé nestes resultados de pulverização, a esquerda deixaria de ser maioritária, mas a direita não conseguiria governar sem o Chega, que exige pastas concretas, como a Administração Interna. O movimento de Ventura junta gente de direita retinta, populistas e cidadãos cansados que protestam contra um Estado asfixiante e ineficaz. Essa convergência vai crescendo. Pode ainda somar uma parte subterrânea por haver o estigma de se ser tratado de fascista, xenófobo, racista ou homofóbico, mesmo que não se seja nada disso. Tal como nem todos os comunistas portugueses subscrevem o terrorismo do Hamas ou a invasão russa da Ucrânia, há potenciais votantes do Chega que não são extremistas. Estão é fartos de uma classe política geralmente incompetente e egoísta. É claro que estão enganados porque o caudilhismo de Ventura apenas agravaria a situação. Grande parte da gente que o rodeia não tem preparação política e provas cívicas dadas. Era outra desgraça potencial. E para pior já basta assim!

 

3. Ao que comunicou o Governo, o fundo alemão Mutares toma conta da Efacec a partir do dia 2 de novembro. Cabe recordar que a empresa tinha como acionista de referência Isabel dos Santos. A unidade que o ministro Siza Vieira decidiu nacionalizar por motivos estratégicos (seja lá o que esse charabiá queira dizer) volta assim a ser privada por 15 milhões, o que pode ser uma pechincha. E porquê? Pura e simplesmente porque, desde a decisão de Siza, os portugueses andaram a injetar qualquer coisa como 300 milhões para manter uma laboração de que antes resultava uma faturação de cerca de 430 milhões/ano, que desceu para cerca de 100 milhões. Agora, falta que nos expliquem muito bem quanto é que vamos ter de continuar a suportar através do Banco de Fomento ou de outros canais estatais.

 

4. Prosseguem os bombardeamentos de parte a parte entre o Hamas e Israel, matando civis, sobretudo os palestinianos de Gaza O início dos ataques com mísseis e todo o tipo de artilharia veio do lado do Hamas em simultâneo com a investida dos terroristas palestinianos, a 7 de outubro. Há quem tente iludir a realidade, criando uma ficção. E a realidade manda dizer que Israel está a responder a ataques de artilharia sucessivos vindos de Gaza e do Líbano, onde reinam respetivamente o Hamas o Hezbollah. Israel retalia violentamente porque está sob ataque e porque quer vingar-se, destruindo de vez o Hamas acantonado em Gaza. A diferença nos danos, humanos e materiais, é que os judeus têm um escudo que os protege. Já a proteção que o Hamas dá ao seu povo é nenhuma, submetendo-o mesmo a um regime tirânico. Os seus escudos protetores são civis de todas as idades. Nada disto tira o direito dos palestinianos a terem uma nação. Mas para isso têm de aceitar uma realidade chamada Israel. E devem igualmente convencer disso os outros regimes da região que, na verdade, nunca estiveram empenhados nessa criação. Aliás, nem sequer os aceitam como refugiados livres. Mantêm-nos em campos fechados a pretexto de que a assimilação e integração contribuiriam para o desaparecimento da causa palestiniana. Independentemente disso, é evidente que na guerra da propaganda o Hamas está a ganhar, como se vê pelas manifestações sucessivas. Conta a adesão de gente normalmente de esquerda radical, de antissemitas e uma legião muçulmana gigantesca que o Ocidente acolhe e que usa uma liberdade que não existe nos seus países. Esquecem que Netanyahu, embora sendo um radical sionista, foi eleito democraticamente, o que não acontece em mais lado nenhum daquela região. No grupo dos manipulados comentadores isso pouco se diz. Mas enfatiza-se que o Hamas ganhou uma eleição em Gaza em 2006. Desde então nunca mais houve outras. E os terroristas assassinaram, entretanto, todos os líderes moderados do território. Quanto às declarações de António Guterres que tanta controvérsia geraram, há apenas uma coisa a referir, deixando de parte uma eventual formulação infeliz. Mostram que o Secretário Geral não tem espaço para negociar nada, ao contrário do que, mesmo assim, aconteceu na Ucrânia com a abertura da passagem de cereais. Na guerra Israel-Hamas, a ONU é pouco mais do que uma ONG em termos de peso. Triste realidade.

 

5. A advogada e doutorada em direito, Rita Rola é o quinto elemento da Entidade Reguladora da Comunicação (ERC). Foi eleita depois de um misterioso e longo impasse entre PSD e PS. Resta saber quem do quinteto que compõe o órgão vai ascender a presidente deste regulador, por sinal o único que tem dignidade constitucional. O currículo de Rita Rola é impressionante. Diz que exerce atividade profissional nas áreas do Direito de Família e Menores, Direito Penal e Contraordenacional, Direito Civil, Direito Comercial, Direito Contencioso, Direito Societário e Direito do Trabalho. É ainda professora no Instituto Superior de Ciências Empresariais e Turismo. Tem, portanto, tudo a ver com a regulação e com a comunicação social. Na mouche!

 

6. Rui Barreiro é um político de Santarém, onde foi presidente da Câmara, sendo desconhecido em Lisboa, embora tenha sido deputado e secretário de Estado (de Sócrates, claro). Nas funções governativas deixou marca ao autorizar o regresso da caça ao melro, que atiradores e ambientalistas rejeitaram com veemência. Agora, sabe-se, através do Mirante, que Barreiro pretende beneficiar da amnistia da vinda do Papa e livrar-se de uma suspensão imposta pelo Ministério da Agricultura. Barreiro foi apanhado por ocultar que tinha uma empresa de projetos de apoio a agricultores, os quais eram avaliados por colegas seus. É mais uma derivação surreal do objeto da amnistia papal que pode, afinal, beneficiar certos passarões.

 

7. Existe há anos uma passadeira de peões que atravessa quatro faixas e um pequeno passeio à frente do hospital de Santa Maria. Entre o abrir e o fechar da passagem pedestre passam apenas 20 segundos. Ora, por ali circulam centenas de doentes diariamente, muitos com dificuldades de mobilidade. É um perigo óbvio! Alguém na câmara de Lisboa há de ter o pelouro dos semáforos. Pois, como o caso já foi aqui denunciado várias vezes, esse alguém devia ser corrido. A menos que a incompetência seja generalizada e vá do presidente Moedas aos seus vereadores, passando por próximos colaboradores. Ter forasteiros na governação da capital e de certas empresas do município é no que dá. Lamentável!