Sabemos que temos na nova Lei de Bases da Saúde um reforço escrito em como o Serviço Nacional de Saúde é um serviço “público, universal e tendencialmente gratuito, como está previsto na Constituição”, sim, mas temos urgências e serviços básicos fechados em cada vez mais pontos do país e cada vez mais dias.
Na Educação, a constituição portuguesa também diz que “Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar”, sim, mas cada ano que passa temos mais alunos sem professor e consequentemente sem aulas.
A constituição portuguesa igualmente defende o direito à Habitação, dizendo que “Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”, sim, mas hoje não se consegue comprar e muitas vezes arrendar casa.
Há pessoas a viver em tendas, professores a dormir em carros e jovens a ficar até velhos em casa dos seus pais.
São pilares basilares, intergeracionais e permanentes para a melhoria da qualidade de vida de cada português.
Na teoria, dizemos que sim a tudo. Temos tudo. Somos tudo.
Na prática, sabemos que cada vez acreditamos menos. Temos menos. Somos piores a dar resposta às necessidades básicas do povo português.
Mas há mais casos em que somos “Sim, mas não”.
Sabemos que na Justiça, que se quer célere e discreta, cada vez os processos são mais mediatizados – condenando em praça pública quem a justiça ainda não ouviu – e que cada vez demoram mais a ser resolvidos e fechados, com condições cada vez piores para os seus profissionais.
Sabemos que no Mar, pela dimensão e pelo que historicamente representa, Portugal é um país com uma enorme linha de costa, com cerca de 2500 quilómetros.
Possuímos uma das maiores zonas económicas exclusivas do mundo que se estende por 1,7 milhões de quilómetros quadrados! Para termos noção, o “triângulo marítimo português” (continente, Madeira e Açores) constitui 48 % da totalidade das águas marinhas sob jurisdição dos Estados-Membros da União Europeia (UE) em espaços adjacentes ao continente europeu.
E sim, temos “tudo isto”, mas como estão a Pesca e a estratégia para crescimento economico (a tal “Economia Azul”) nacional em torno destes números enormes que temos à nossa disposição para impusionar o país? É um “Sim, mas não” não é?
Não é fácil criar esperança com tanto desalento. Com tanta desconfiança em torno do que deveria ser simples de fazer cumprir.
Mas o ponto de viragem será sempre sabermos onde estamos, para seguirmos para onde queremos ir.
Sim, saibamos que Portugal está numa má fase. Mas não, não é por isso que pessoas como eu, e milhões de outros portugueses, deixaremos de acreditar, trabalhar e cá ficar para mudar esta fase de “Sim, mas não”.