Medicamentos começam a faltar em Níger

Medicamentos começam a faltar em Níger


O bloqueio das fronteiras e as pesadas sanções ao país estão a deixar o país numa grave situação económica e social.


Quatro dias depois do Golpe de Estado que destituiu o Presidente Mohamed Bazoum, a 26 de julho, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental impôs pesadas sanções ao Níger. Os resultados começam a ser evidentes agora.

A inflação faz-se sentir e, como exemplo, o saco de 25kg de arroz, base da alimentação no Níger, passou em 2 meses de 18 para 25 euros.

A produção local foi também largamente afetada por a Nigéria ter suspendido a exportação de eletricidade. Recorde-se que este país fornecia 70% da energia elétrica usada no Níger.

Por outro lado, 80% das importações do Níger fazem-se pelo porto de Cotonou, no Benim, país que também encerrou a sua fronteira com o Níger. A única ponte entre os dois países sobre o Rio Níger está bloqueada por camiões e contentores.

Centenas de camiões carregados de mercadorias aguardam poder atravessar a fronteira. Inúmeras embarcações improvisadas fazem transporte ilegal de passageiros, animais e mercadorias, e floresce também o contrabando por motocicletas.

Os corredores argelino e líbio têm sido fundamentais para importar massas alimentares, óleos, farinha, eletrodomésticos e materiais de construção, permitindo evitar a penúria destes produtos.

O Níger é um país produtor de urânio, de petróleo e de ouro, mas a Junta Militar enfrenta o congelamento dos ativos do Banco Central. Ainda recentemente, o primeiro-ministro se congratulava por ter conseguido pagar os salários de Julho e Agosto da Administração Pública e das Forças de Segurança com recurso a receitas internas.

Mas, se a situação económica e social se degrada, a falta mais preocupante é a de medicamentos, cuja taxa de ruptura está entre os 30% e os 55%. Os Médicos sem Fronteiras já exortaram a «romper esta lógica de punição coletiva».