Como é normal nas noites eleitorais, as televisões mostravam as sedes das candidaturas às regionais no arquipélago da Madeira, e a da coligação vencedora, PSD-CDS, tinha uma particularidade: estava cheia de dirigentes nacionais – como Paulo Rangel, Joaquim Sarmento, António Leitão Amaro, Margarida Balseiro Lopes ou Pedro Reis, a quem haveria de juntar-se o líder, Luís Montenegro, e o secretário-geral, Hugo Soares.
O ‘histórico’ Alberto João Jardim já tinha avisado que os dirigentes partidários nacionais não deveriam imiscuir-se em eleições regionais. Em entrevista à RTP na antevéspera, deixara bem claro que tratava-se de um erro e no seu tempo de presidente dos laranjas e do Governo madeirenses resultaram frustradas todas as tentativas de políticos nacionais participarem nas campanhas eleitorais da região. Por isso, dizia, tinham andado mal também os seus sucessores – com certeza, “muito mais educados” do que ele – ao aceitarem a presença de Luís Montenegro e sua corte.
Na verdade, Montenegro foi à Madeira convencido de que colheria parte dos dividendos de uma vitória do PSD_em coligação com o CDS_com uma maioria absoluta reforçada, tal como apontavam toda as sondagens face a um PS_sem qualquer hipótese.
Mas se o PSD de Miguel Albuquerque ganhou em todos os concelhos e em 52 das 54 freguesias, a verdade é que a dispersão de votos dos socialistas pelo Chega, pelo Juntos Pelo Povo, pela Iniciativa Liberal, pelo PAN, pelo Partido Comunista e pelo Bloco de Esquerda acabou por penalizar e muito o PS sem beneficiar o PSD.
Daí que a viagem de Montenegro e sua corte à Madeira tenha sido um flop. Até porque o líder social-democrata não teve nem a arte nem o engenho de Miguel Albuquerque para demonstrar que o grande derrotado da noite foi o PS e que foi até “anedótico” que o líder regional socialista tenha pedido a demissão do líder da coligação vencedora.
Tão patético como Luís Montenegro dizer que agora leva vantagem de 1-0 sobre António Costa em eleições.
Alberto João Jardim tem toda a razão: o líder do PSD_deve concentrar-se já nas europeias, porque essas, sim, são nacionais e tem de ganhar. E porque “o PSD_tem de voltar a ser um partido de massas e não de meninos queques”. Ou de croquetes e bolinhos de bacalhau.