Nova crise? Alemanha treme e leva Europa atrás

Nova crise? Alemanha treme e leva Europa atrás


OCDE alertou para uma contração da economia alemã em 0,2%. Analistas contactados pelo Nascer do SOL admitem efeito de contágio, mas reconhecem maior peso da economia espanhola que pesa um quarto das exportações portuguesas.


Os alarmes vão soando em torno de uma nova crise económica. E os dados não são animadores. Ainda esta semana, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em baixa para 0,6% o crescimento da zona euro entre 2023 e 2024, chamando a atenção para o facto de que “o impacto da política monetária mais restritiva está a tornar-se cada vez mais visível”, acrescentando que “a confiança das empresas e dos consumidores está a diminuir”.

Os especialistas antecipam, para este ano, uma contração de 0,2% para a Alemanha, ao contrário de Espanha, com um crescimento de 2,3%, e França e Itália, com ligeiros ganhos. E uma possível recessão da economia alemã poderá ter um efeito de contágio, como admitem os economistas contactados pelo Nascer do SOL. Também as recentes subidas das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu também desanimam as perspetivas económicas.

Henrique Tomé, analista da XTB, lembra que “sendo a Alemanha uma das grandes potências na Europa, é natural que todos os países que tenham exposição, por via das exportações, sejam afetados. Neste momento a economia alemã encontra-se numa situação particularmente sensível”.

Também Paulo Rosa, economista do Banco Carregosa reconhece que se a Alemanha “está mal, a maior economia da Zona Euro (pesando cerca de 30% do PIB), Portugal acaba por ser também afetado. O contágio é país a país, mas é rápido, acabando por penalizar todos na União Europeia”.     E dá exemplos: “A Espanha é o principal parceiro comercial de Portugal, mas o mais importante país para Espanha nas relações económicas internacionais é a França, seguido da Alemanha. E o maior parceiro comercial de França é a Alemanha. Esta relação corrobora a atual elevada interdependência das economias”.

Peso na economia portuguesa

Henrique Tomé salienta que o crescimento da economia portuguesa está assente em dois setores que são vitais para o crescimento económico – a indústria que contribui com cerca de 19,66% e o setor dos serviços com cerca de 64,75%. “A Alemanha tem um peso importante sobre a economia portuguesa, sobretudo quando consideramos só o peso da fábrica da multinacional em Palmela, a Autoeuropa que representa cerca de 1,5% do PIB e 4% das exportações e ocupa o lugar de segundo maior exportador. Dito isto, a exposição à Alemanha representa perto de 11% e é a terceira economia com maior exposição nas exportações de Portugal”.

Também Paulo Rosa refere que o peso da Alemanha nas exportações portuguesas leva a que seja o terceiro país mais importante, a par de Espanha de Espanha que liderou os destinos dos produtos portugueses com quase 27% e a França mais de 13%.

Mas vamos a números. “A Espanha é o principal parceiro comercial de Portugal e representa mais de 25% de todas as exportações portuguesas. É expectável que o arrefecimento em Espanha e em toda a zona euro venha a afetar a economia portuguesa. O facto de a economia portuguesa depender muito do exterior, agrava ainda mais o risco de forte abrandamento económico no país, isto porque a economia portuguesa tem muita exposição às principais economias da Zona Euro”. Mas deixa um alerta: “Ainda assim, a economia espanhola encontra-se, neste momento, numa situação muito mais favorável do que a economia alemã”, diz o analista da XTB.