A crise humanitária desencadeada pelos sucessivos desembarques obrigou as autoridades italianas a decretarem o estado de emergência e a União Europeia a aprovar de urgência um plano de apoio de 10 pontos anunciado por Ursula von der Leyen. Também o Presidente francês, Emmanuel Macron, enviou a Itália um representante do seu Governo (o ministro do Interior) para assegurar a cooperação com o país vizinho na defesa das fronteiras externas
de Schengen.
Mas Macron deixou logo claro que a ajuda da França não seria no acolhimento dos migrantes irregulares – “França não pode acolhê-los, nem outros países” –, mas sim na aceleração dos processos e procedimentos de verificação dos pressupostos para a concessão do estatuto de asilados (e encaminhamento para países voluntários) ou na repatriação imediata dos migrantes que não são perseguidos nos respetivos países de origem e não cumprem aqueles requisitos.
Tem de ser.
A_crise migratória que transformou o Mediterrâneo num mar de morte foi alimentada nos últimos anos por uma política errada de escancaramento das fronteiras.
O pior que podia ter acontecido aos muitos milhares de infelizes que perderam a vida ou seus familiares na mortífera travessia foi acreditar na ilusão de que valia a pena o risco.
E os discursos de ataque aos “muros da vergonha” ou ao “impiedoso” fecho dos portos e cais de desembarque serviram como que de fontes de esperança para os desgraçados de futuro difícil ou incerto, reforçando os argumentos das redes ilegais que ganham fortunas à custa
da miséria alheia e da permissividade
dos Estados de acolhimento.
Já há muito era hora de atuar nos países de origem, investindo na ajuda à fixação das suas gentes, e numa clara política de fronteiras que impeça o agravamento dos movimentos migratórios maciços, para os quais não há um único país preparado.
Tem de haver um ponto final nas mortes no Mediterrâneo. Não pode ser essa a solução.