O lado bom do turismo. Dos números recorde à nova vida dos espaços

O lado bom do turismo. Dos números recorde à nova vida dos espaços


Imóveis recuperados, movimento lotado nas ruas, entradas nos museus a aumentar e programas de apoio que não param de ser lançados. O turismo continua a ser uma aposta nacional e há muitos investimentos a pensar no setor.


É conhecido como o principal motor da economia portuguesa e nos últimos anos tem tido uma aposta cada vez maior por parte das entidades turísticas, do Estado e das autarquias. Os números são bons, têm crescido e o setor mostrou mais recentemente o seu bom desempenho ao ter recuperado da pandemia ainda antes do que se previa, tendo em conta que essa recuperação face a 2019 – o melhor ano de sempre – aconteceria, previa-se, só em 2024 (ver páginas 2 a 4). 

Portugal é, aliás, conhecido pelo bom clima, boa gastronomia, curta distância entre locais, uma grande variedade de oferta turística e, claro, a simpatia do povo. A receita ideal para trazer ao país cada vez mais pessoas e confirmar o sucesso do setor. Mas é preciso lembrar que, antes do turismo ser um dos ex-líbris portugueses, são muitos os que se lembram de, um pouco por todo o país, das ruas desertas, dos espaços fechados, do movimento que não existia até mesmo nas grandes cidades. Agora, tudo mudou e, em grande parte, graças ao boom da oferta do alojamento local. 

Olhando para o lado bom deste setor é preciso destacar as cidades reabilitadas e a descentralização. Portugal deixou apenas de ser conhecido por Lisboa, Porto e Algarve e muitas outras localidades dão cartas. Mas mesmo essas grandes cidades reabilitaram-se e têm apostado muito no turismo.

Um dos grandes exemplos é o Palácio da Ajuda, em Lisboa, que apesar das várias tentativas durante os séculos XIX e XX, apenas em 2016 se iniciou o projeto e as obras necessárias ao remate poente do Palácio Nacional da Ajuda para instalação do Museu do Tesouro Real. Um investimento que foi possível com a aplicação das taxas turísticas.

E este não foi a única obra. Destaque ainda para o Pilar 7 que está situado na Avenida da Índia, em Alcântara e que permite uma descoberta única da Ponte 25 de Abril através de um percurso compreendido entre os espaços exteriores deste pilar fulcral da ponte e a experiência sensorial vivida no seu interior. Termina na ascensão, através de um elevador, a um miradouro panorâmico que permite uma visão inédita da cidade e do rio Tejo.

E há mais. Também a  Estação Sul e Sueste e a Doca da Marinha foram reabilitadas e contam com atividades marítimo-turísticas, transporte fluvial entre as duas margens, novos espaços de lazer, esplanadas e um centro de promoção do rio.

Estes são alguns dos exemplos que aconteceram em Lisboa mas há mais pelo país. Um dos destaques mais recentes diz respeito aos baloiços e passadiços. 

De norte a sul do país os baloiços panorâmicos multiplicam-se e a moda tem pegado, atraindo um número considerável de curiosos. O mesmo pode dizer-se dos passadiços que só trazem benefícios. Além de serem uma forma de atrair pessoas para regiões menos turísticas do país, os passadiços oferecem paisagem, cultura, lazer e, claro, a promoção do exercício físico.

Muitas foram as estações ferroviárias que deixaram de exercer a sua função e muitas ganharam nova vida ao longo dos anos, outras procuram novos donos, umas continuam ao abandono e há até aquelas que não estão desativadas mas que recebem mais-valias. E antigas estações deram lugar a restaurantes, hotéis, bares, juntas de freguesia, museus ou outras atividades culturais. As pistas, muitas deram lugares a ecopistas. Tudo isto em centenas de quilómetros de caminhos de ferro.

 

Reabilitação de espaços

E para que os locais não fiquem esquecidos e lhes seja dada uma nova vida, o Governo conta com o Programa Revive. Esta é uma iniciativa conjunta dos ministérios da Economia, Cultura e Finanças, com a colaboração das autarquias locais e a coordenação do Turismo de Portugal e que abriu recentemente novos concursos públicos internacionais que têm como objetivo a recuperação de vários imóveis de reconhecido interesse, através do modelo de concessão por 50 anos. Em causa está, por exemplo, o Colégio de São Fiel em Castelo Branco. Trata-se da concessão de exploração do imóvel com vista à realização de infraestruturas, e posterior exploração para fins turísticos como empreendimento turístico, alojamento local, ou outro projeto com vocação turística. Neste caso, o prazo limite para apresentação de propostas é 6 setembro.

Outro imóvel é a Casa das Fardas em Estremoz. Esta concessão de exploração tem em vista a realização de obras, incluindo de infraestruturas, e posterior exploração para fins turísticos, como estabelecimento hoteleiro, estabelecimento de alojamento local na modalidade de estabelecimento de hospedagem, ou outro projeto de vocação turística e o prazo limite para apresentação de propostas é 21 outubro.

 

Museus e monumentos com visitas a crescer

Segundo os dados da Direção-Geral do Património  Cultural (DGPC), existiu em 2022 uma “recuperação significativa” comparando com igual período de 2019 e 2017, que foi o ano de referência. Em 2022 o número de visitantes a museus, monumentos e palácios da DGPC assinalou uma subida em relação a igual período de 2021, tendo passado de mais de um milhão para cerca de 3,4 milhões de visitantes (quase dois milhões de entradas, apresentando uma variação positiva de 148,1%). 

Em julho deste ano, a Tiqets, uma plataforma online de reserva e compra de bilhetes para atrações revelou que existe um crescimento na procura por experiências culturais e de diversão em Portugal. Os dados, referentes ao primeiro semestre do ano mostram um crescimento de 42% na reserva de bilhetes para museus e atrações nacionais face ao período homólogo de 2022. 

No que diz respeito às nacionalidades que mais adquirem bilhetes nesta plataforma são os franceses (26,4%), seguindo-se os consumidores espanhóis (15,7%), americanos (13,8%), britânicos (10,6%) e italianos (9,2%). 

Olhando para aquilo que mais se procura em Portugal, os palácios ocupam a primeira posição com 21,3% das aquisições até Julho de 2023. O top 5 conta ainda com passes para explorar cidades (20,5%), locais históricos (17,9%), aquários (15,2%) e parques aquáticos (8%). 

 

Programas de apoio

E o Governo tem mostrado que quer estar do lado do turismo. Em fevereiro deste ano, o Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, anunciou que a Portugal Ventures ia lançar um novo programa Turismo + Crescimento de 10 milhões de euros para financiar as empresas do turismo. Por essa ocasião, o ministro avançou ser necessário dar escala e especializar as empresas do setor, para que consigam competir nos mercados externos. “Muitas vezes, pequenas empresas quando se associam, […] podem diminuir custos, ganhar escala e competir nos mercados internacionais”, disse o ministro, detalhando que as receitas turísticas de 2022, que alcançaram os 22 mil milhões de euros, fruto “da excelência das empresas”, com a “contribuição extraordinária”.