Hoje, 15 de agosto, data do meu aniversário, comecei o dia com os amigos e acabarei em família. Assim como eu gosto. E é maravilhoso perceber que aquilo que parece à partida tão simples se torne tão especial. Acho que é daquelas coisas que vamos ganhando com a idade. A dar valor ao que importa, ao que nos acrescenta e ao que nos faz bem. Felizes aqueles que têm uma família incrível e amigos como eu tenho. Não preciso de muito mais na verdade, não precisamos de muito mais. Nós é que no percurso que vamos construindo por vezes achamos que precisamos de mais coisas do que realmente são necessárias. O que nos constrói são as pessoas que nos rodeiam, é do que elas são feitas que se faz um pouco de nós também e a magia faz-se nesse encontro que nos aproxima e cria o sentimento de tribo ou de pertença. A ideia passa acima de tudo por não inventar e tentar manter tudo o mais simples possível, o mais sincero, o mais profundo.
Nem sempre temos tempo para todos, nem para conseguirmos tudo em todo o lado ao mesmo tempo, como diz o filme. Umas vezes estamos mais próximos de uns, outras de outros, muitas vezes esses timings são apenas momentos da vida e não falta de amor ou alguma desilusão. Se como dizia José Ortega Y Gasset, “o homem é o homem e as suas circunstâncias”, as minhas raramente me levaram para longe dos meus e sempre me deram provas do que sentimos uns pelos outros. Nunca me senti sozinho, nunca me deixaram abandonado e eu sempre fiz por corresponder. Nem sempre estamos à altura, às vezes sou bem difícil de aturar mas acredito que as relações definem-se dentro do seu contexto e numa lógica de equilíbrio entre o que damos e o que recebemos. Entre o que fazemos pelos outros de uma forma natural e o que aparece dos outros que nos surpreende.
A amizade que se cruza no amor é uma viagem incrível. Porque todos os sentimentos cabem dentro dela. Porque não precisa de obrigações mas vive de uma exigência que não é compatível com tergiversar mas antes cresce numa cumplicidade que aumenta em pequenos passos. Não é como uma paixão em que vem logo tudo de uma só vez e por vezes nos confunde. É feita de momentos. Talvez por isso eu goste de me definir como um colecionador de momentos. Todos vivemos para sentir aquele exato momento perfeito. Se não há vidas perfeitas, os momentos existem e só existem se tivermos com quem os partilhar. Quem se ria e celebre connosco, quem nos dê o ombro e chore com a nossa tristeza. Quem esteja lá e ponto.
Tenho ao longo da minha vida dedicado muito do meu espaço aos meus. Porque essa é a minha prioridade. E nós devemos seguir as nossas prioridades quando elas simbolizam a magia da felicidade. Ter gente assim à minha volta, num dia que simbolicamente é meu, é o conforto que preciso para me encontrar nesse bambúrrio que dá significado à minha vida, coerência à minha essência e à minha forma de estar. Nós só somos o que construímos em conjunto e em conjunto esta tem sido para mim uma viagem incrível. Se a saudade é o amor que fica, a amizade é o amor que explica. O nosso maior espelho. Obrigado a cada um de vocês.