Trocas comerciais. Balança entre Portugal e Arábia Saudita é desfavorável ao nosso país

Trocas comerciais. Balança entre Portugal e Arábia Saudita é desfavorável ao nosso país


Analistas dizem que “relação comercial tem peso pouco relevante” para os dois países.


A Arábia Saudita foi o 50.º cliente das exportações portuguesas de bens em 2021, com uma quota de 0,2% no total, ocupando a 28.ª posição ao nível das importações (0,4%). E, como é costume nas trocas comerciais com este país, a balança comercial é desfavorável ao nosso país. No entanto, olhando para os primeiros cinco meses deste ano, com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal exportou para a Arábia Saudita produtos num total de quase 88 milhões de euros, quase o dobro face ao mesmo período do ano passado: 43,5 milhões. Nos primeiros cinco meses deste ano, o maior investimento foi para produtos minerais com quase 25 milhões. Mas não foi a mesma categoria a merecer o primeiro lugar no ranking em 2022. Esse lugar foi para os produtos das indústrias alimentares, com quase 6,7 milhões.

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Olhando para as importações, no mesmo período, os valores são muito superiores. Entre janeiro e maio deste ano, Portugal importou produtos no valor de mais de 185 milhões e, no ano passado, na mesma altura, o valor foi de quase 177 milhões de euros. Este ano, do valor total, 140 milhões vão para produtos minerais, tendo em conta que em 2022, neste período, o valor foi zero. No ano passado, a categoria de produtos mais importada nos primeiros cinco meses foi produtos das indústrias químicas ou das indústrias conexas: aproximadamente 112 milhões.

Paulo Rosa, economista do Banco Carregosa, detalha que, de acordo com o banco de dados COMTRADE das Nações Unidas, as exportações da Arábia Saudita para Portugal no ano passado representaram 725 milhões de dólares – cerca de 645 milhões de euros – e as exportações de Portugal em 2022 para o maior país da península arábica corresponderam a apenas 195 milhões de dólares, “ou seja, Portugal registou um défice comercial de 530 milhões de dólares”.

Já Henrique Tomé, analista da XTB, diz ao i que “a Arábia Saudita e Portugal mantêm uma relação comercial bilateral, mas o seu peso é pouco relevante para ambas as economias”.

Segundo Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), com base nos dados do INE, as trocas comerciais com Portugal entre 2018 e 2022 – excluindo serviços – entre Portugal e Arábia Saudita representam um total de 119,6 milhões de euros em exportações e 593,4 milhões de euros em importações, o que corresponde a um saldo negativo da balança comercial de 473,8 milhões de euros.

Nestes setores, Portugal exportou para Arábia Saudita 32,8 milhões de euros em média anual, no mesmo período e as importações totalizaram 34 mil euros, com um saldo positivo de 32,8 milhões. Estes setores representam perto de 27,4% do total de exportações de bens transacionáveis e 0% das correspondentes importações.

Mas olhando apenas para o setor agrícola e agroalimentar, as exportações representam, em média, 25,2 milhões de euros (27ª. posição) e as importações 23 mil (141.ª posição), querendo isto dizer que Portugal tem um saldo positivo de 25,2 milhões de euros. Estes valores representam, respetivamente, cerca de 76,8% das exportações do setor agroflorestal e mar e 68,1% das importações.

Já as principais exportações agrícolas e agroalimentares nestes anos são os tomates preparados (21%), manteiga (14%) e águas com açúcar ou outros produtos; outras bebidas (13%). E as importações agrícolas e agroalimentares mais relevantes dizem respeito a tâmaras, figos, ananases, abacates, goiabas, mangas (70%), gorduras e óleos, animais ou vegetais, processados de outras formas (11%) e chocolate e outras preparações com cacau (11%).

Juntando também os produtos do mar e da floresta, o destaque em termos de exportações vai para os tomates preparados (16%), manteiga (11%) e águas com açúcar ou outros produtos; outras bebidas (10%). Nas importações destes setores, destacam-se tâmaras, figos, ananases, abacates, goiabas, mangas (48%), cortiça natural em bruto (18%) e colofónias e derivados (9%).