Provas continuam a gerar discórdia

Provas continuam a gerar discórdia


O Governo determinou que, pela primeira vez, as provas de aferição do ano letivo em curso serão realizadas em formato digital. No entanto, este processo parece decorrer com dificuldade.


Uma organizada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.T.O.P.), que está em greve nas provas de aferição desde o início do mês, e outra realizada por nove organizações sindicais, que ocorrerá na terça-feira: ei-las, as paralisações marcadas pelos docentes. Por outro lado, esta quinta-feira marcou a estreia dos alunos do 2.º ano nas provas digitais de Português e Estudo do Meio. No entanto, essas provas têm sido alvo de contestação por parte de professores, diretores e pais, que argumentam que as crianças ainda não possuem autonomia suficiente para esse formato de avaliação.

Na terça-feira, será a vez das provas de Matemática e Estudo do Meio, e também estão planeadas greves para esse dia. Recorde-se que o Governo determinou que, pela primeira vez, as provas de aferição do ano letivo em curso serão realizadas em formato digital. A primeira prova foi feita entre os dias 16 e 26 de maio pelos alunos do 8º ano à disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação. Mas o que pensam os professores e encarregados de educação destas ferramentas de avaliação? O Nascer do SOL já tinha concluído que as mesmas geram discórdia, mas voltou a falar com quem está no terreno.

«Sou mãe de uma menina de 7 anos que vai fazer as provas no computador e mal sabe escrever. Não sei como é que isto é possível», desabafa uma encarregada de educação, enquanto outra é assertiva:«Sou mãe de um menino de 7 anos que frequenta o 2.º ano e por minha decisão e do pai não está a realizar as provas de aferição». Já há um mês, uma mãe disse ao Nascer do SOL: «Sou mãe de uma criança de 7 anos, que está no 2.º ano, e de uma criança de 10, que está no 5.º. Ambas com provas de aferição. Faltaram e vão faltar às mesmas. Eu e o meu marido como pais e encarregados de educação assumimos as nossas responsabilidades e impedimos que os nossos filhos participem em iniciativas com as quais discordamos», enquanto outra questionou: «Para quê as provas de aferição? A minha filha está no 5.º ano, mal sabe mexer no computador, quanto mais fazer uma prova. Já lhe disse para não se preocupar com elas».
Por outro lado, uma professora criticou: «As provas de aferição não cumprem qualquer objetivo para que foram criadas a não ser concluir que não se devem realizar. Os alunos deveriam treinar capacidades de interpretação, de expressão e de comunicação e não apenas clicar na quadrícula certa. O Ministério da Educação estava tão ‘preocupado’ com as aulas perdidas por causa da greve de professores, mas agora não se preocupa nada em fazer perder aulas para a realização das provas. Só quem está na escola percebe a inutilidade e o absurdo que estas provas são».